Capítulo 2

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— Ah, não, não! Eu sou novata aqui. É meu primeiro dia de aula, então é a primeira vez que a gente se vê — falo para o garoto loiro e bonito da minha escola após ele perguntar se a gente se conhece, e eu não sei com que coragem faço isso.

— Ah. Imaginei. Você não me é familiar.

Mal terminou meu primeiro dia de aula no colégio novo, e eu já estou diante de um garoto bonito enquanto ele fala comigo por iniciativa própria — coisa que não acontecia na minha antiga escola nem com cinco anos de matrícula. E eu obviamente não sei como agir nessa situação.

Ele passa a mão na parte de trás dos cabelos, e eu fico babando: "como cachinhos podem ser tão sedosos?".

— Pois é...

Ponho o cabelo para trás da orelha, sem ideia de como continuar a conversa, e ele aponta para o livro de Machado de Assis na minha mão:

— Curte?

— O quê? Ah. Não muito. É que, como eu cheguei no meio do ano letivo, eu tenho que ler alguns livros pra garantir minha nota formativa. E esse é um deles.

Ele franze a testa.

— De que turma você é?

— Segundo ano "A". E você?

— Ah, sim. Também sou.

Coro.

— Ah... isso é... é legal!

Legal? Legal é pouco. Estar na mesma sala que ele é... amazing!

Não que seja uma vantagem, claro... Afinal, quê que tem de bom em um garoto bonito na minha sala? Ele vai tirar toda a minha concentração na aula! Lis, você veio pra melhorar suas notas, reforço em mente. Foco na matemática, foco na matemática!

Sim. Já que a gente é da mesma turma, a professora também passou isso pra mim. — Ele põe as mãos nos bolsos e começa a andar para o final do corredor da biblioteca. — Vem. Eu mostro pra você onde estão os outros.

— Tá legal!

Seguro o livro contra meu peito e dou umas corridinhas para seguir ele. Enquanto andamos, o garoto loiro diz:

— Daniel.

— Hã?

— Meu nome.

— Ah, sim!

— E o seu?

— Meu nome é Lana Lis Coelho — falo e me sinto estranha por dizer meu nome completo. Então simplifico: — Lis! Você pode me chamar de Lis!

— Nome legal, Lis.

Olhando para o chão, agarro as bochechas. Eu cresci sabendo que o nosso cérebro é feito para comandar o corpo, mas por que agora não está funcionando? Tem um sorriso involuntário se formando nos meus lábios!

Daniel está andando na frente, e eu, atrás, seguindo ele. Com a continuação da nossa caminhada, ele para de andar, e eu, que não esperava, me bato contra suas costas.

Em seguida, dou passos rápidos para trás e digo:

— Foi sem querer.

Ele me olha por cima do ombro e sorri:

— Relaxa.

Então pega dois livros da prateleira ao lado, um seguido do outro, e vira para me entregar.

— Obrigada. — Viro os livros em minhas mãos para olhar a capa.

Junto os livros e os agarro com um só braço, ao lado do meu corpo. Daí, Daniel se projeta para ir embora, andando na direção oposta ao lado para onde estou virada, e passa do meu lado vagarosamente.

Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora