Ao entrar na escola, Jonathan e eu passamos pelo corredor de alunos de forma vagarosa e natural, e estou tentando ao máximo parecer tranquila, mas é claro que falho miseravelmente.
— Tá todo mundo olhando pra gente, né? — com o pescoço imóvel e os olhos duros para frente, comento como quem não quer nada.
— Se quiser, eu me distancio pra você ficar mais confortável — Jonathan fala ao meu lado.
Olho para ele instantaneamente.
— Quê? Não. Não precisa. Tá tudo bem! O problema não é você.
Tecnicamente, é sim, minha consciência diz.
— Sei lá. A galera não tá acostumada em me ver andando junto com você — ele diz —, então devem estar pensando que a gente tá namorando.
Meu corpo todo se arrepia, e paramos de andar.
— O quê? Namorando? — gaguejo. — Mas a gente nem parece namorado!
— É, mas a galera pensa. E eu vou entender se você quiser evitar algum boato.
Você não sabe o quanto eu quero evitar! Penso.
— Ah, relaxa. Tá tudo bem! Eu não ligo, e, com certeza, ninguém tá pensando isso.
Jonathan olha em alguma direção atrás de mim, e eu viro para olhar também, então avisto Sue e Bárbara de longe juntas olhando para mim, o que me faz ficar ainda mais inquieta.
Viro para ele novamente, e Jonathan fala:
— Bem, de toda forma, eu tô indo pra sala. Até depois.
— Ah, até. — Sorrio, meio sem graça, e aceno com a mão.
Jonathan dá as costas e se vai, e eu obviamente vou na direção oposta e corro até onde Sue e Bárbara estão.
— Bom dia, meninas. Tudo bem? — falo.
— Bom dia — Bárbara responde.
— Bom dia, Lis... Quem diria, hein? Você chegando junto com o Jonathan. — Sue me olha da cabeça aos pés, assentindo com a cabeça. — Você não imagina o quê que o pessoal tá comentando.
A verdade é que eu imagino até demais, e, em resposta ao comentário de Sue, dou uma risadinha nervosa e falo:
— Pois é! Eu vi que tava todo mundo olhando, mas eu me acalmei porque, pelo menos, vocês duas já sabem da história — falo e, logo em seguida, pego as duas mãos de Sue e faço um olhar apelativo e desesperado: — Vocês já sabem, não sabem? Não estão desconfiadas comigo, estão?
Sue começa a gargalhar.
— É claro que não, Lis! Eu só tô brincando com você. — Ela solta minhas mãos, vem até minha direita e me abraça de lado. — Todo mundo por aí tá achando que vocês dois começaram a namorar, mas você já falou a verdade pra gente, então relaxa.
Suspiro e sorrio.
— Ainda bem.
— Se você quiser, a gente desmente esse boato e, pra quem for possível, a gente explica essa situação.
— Hum... Também não sei se ainda tô pronta pra revelar a verdade — falo.
— Que verdade? — alguém pergunta ao chegar perto de nós, e olhamos para saber quem é.
É Daniel, também de mochila nas costas, e ele fica entre mim e Sue alternando entre olhar para cada uma de nós.
— Que tal parar de ser enxerido? — Bárbara pergunta a ele de braços cruzados.
— Qual é? Não posso nem conversar com a galera agora? — Daniel levanta as mãos na altura dos ombros. Ao abaixá-las, olha para mim e aponta na minha direção: — Você chegou hoje junto com o Jonathan, não foi? Aquele cara da nossa sala.
— Sim... — falo, tremendo.
Daniel tapa a boca em sinal de surpresa e, em seguida, olha para Sue, dizendo:
— Ih. Que pena pra você.
Sue se altera e se aproxima violentamente de Daniel:
— Ei! O que você quer dizer com isso, hein?
Ele dá passos para trás e usa as mãos em defesa.
— Calma aí. A Lis que tomou seu paquera. Eu não tenho nada a ver com isso.
— Não, não é isso! — nego desesperada.
— Saiba que não é nada disso, tá? Existe uma explicação pra isso e não é o que você tá pensando. A Lis não tá namorando com o Jonathan. Não é, Lis? Fala pra ele — Sue diz.
Daniel olha para mim, e eu explico, sem jeito:
— Então... É que a minha mãe casou com o pai dele, então a gente agora é da mesma família. Daí...
A boca de Daniel faz o formato de um "o", e ele diz:
— Você virou irmã dele!
— Hã? Não! Eu não sou irmã dele.
— Mas vocês moram juntos agora.
— Sim. Isso sim — gaguejo.
Ele olha para Sue.
— Agora tá explicado.
— O que você ainda quer aqui, hein? — Sue cruza os braços, brava. — Veio aqui só pra fuxicar?
Daniel fica entre Sue e Bárbara e apoia seus braços sobre os ombros delas, olhando para cada uma, sorridente:
— Eu vim saber se vocês vão torcer por mim hoje no interclasse. Vou arrebentar contra o terceiro "B".
As duas se saem imediatamente dos braços de Daniel, e Sue diz:
— Sinto muito. Já tenho por quem torcer.
— O Jonathan?
— E você ainda pergunta? — Bárbara fala.
Daniel franze a testa:
— Mas a gente é do mesmo time.
— É, mas são pessoas diferentes, e eu vou torcer pra ele porque ele sempre se sai muito melhor. — Sue empina o nariz.
— Ah, tá. — Daniel parece insatisfeito e, após cruzar os braços, olha para outra direção de cara fechada. — Eu sou muito melhor do que esse cara.
— Vai sonhando.
— Jogar o quê dessa vez? — Bárbara pergunta.
O sinal da escola para a primeira aula toca, e Daniel começa a dar passos para trás, se distanciando, então responde:
— Vôlei e futebol.
— Ah.
Ele finalmente vai indo embora, mas vira o rosto para trás e aponta para mim enquanto anda:
— Vai torcer por mim, não vai, Lis?
Falo tão rápido que gaguejo:
— Com certeza!
Daniel sorri, me manda um beijo no ar bem rápido e se vai, e, como resultado, sinto minhas bochechas esquentarem.
Com isso, respiro fundo e me preparo mentalmente. Em menos de quinze minutos, causei boatos sobre namorar um dos garotos mais bonitos da escola, descobri que hoje é dia de interclasse e ainda ganhei um beijo no ar de um loiro de olhos verdes.
E, se tudo isso aconteceu comigo só no começo da manhã, eu não quero nem imaginar como vai ser nas próximas horas.
Nota da autora: olaaaaaá!!! Que capítulo, hein?! Espero que tenham gostado e, se sim, peço que comentem aí bastante!!
Muito obrigada a quem tá acompanhando a história até aqui! Se vc tá gostando, compartilha com os amigos, pra que mais gente conheça esse romance lindo!
Beijão e até sábado!! 😘💕
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Abençoada Lana Lis
RomanceLana Lis passa dificuldades financeiras e é importunada pelas colegas da escola desde muito tempo por causa da sua religião, mas tudo muda quando um viúvo rico pede sua mãe em casamento e decide tirar as duas do interior. Agora na cidade grande, alé...