Cartões vermelhos, um placar acirrado e uma arquibancada barulhenta torcendo pelo melhor time: esse é o interclasse da nossa escola para a maioria dos que estão aqui. Mas, para Sue, é mais uma oportunidade de ouro de observar o crush por mais de duas horas sem que ele perceba que ela está totalmente caída por ele.
As aulas terminaram bem mais cedo para começar os jogos, e Sue está torcendo para o time da nossa turma tão perseverante que até parece a Copa do Mundo.
Enquanto isso, eu e Bárbara estamos descaradamente incomodadas com a gritaria da torcida, mas não podemos fazer nada, até porque estar numa quadra de futebol e não querer barulho é como ir à igreja e não esperar música gospel.
— Você viu, Bárbara?! O Jonathan fez uma pedalada com a bola e distraiu o garoto do segundo ano igual o Ronaldinho Gaúcho! — Sue fala animada.
— Não. — Bárbara fala enquanto dedilha o celular.
E Sue dá um pequeno empurrãozinho no seu ombro, dando um susto na loira:
— É claro que você não viu, né? Larga esse celular!
— Como é? Eu largo se eu quiser!
— Você disse que viria comigo assistir o jogo e tá usando o celular.
— Eu só disse que viria; não, que assistiria.
— É a mesma coisa!
— Não é.
— Poxa!
Olho para as duas, um pouco preocupada:
— Calma, gente. Não... não precisam brigar.
— A gente não tá brigando. A Sue quer ver o Jonathan tirar a camisa e quer que eu fique junto — Bárbara fala enquanto lança um olhar bravo para Sue.
— O quê? — Coro.
— O Jonathan não tira a camisa em público. Ele é da igreja, tá?! — Sue fala, e eu fico pensativa. — Olha! Olha lá ele, ele tá lindo!
Jonathan faz um gol, e as meninas começam a gritar de animação. Meu ouvido dói, e, enquanto espremo um dos olhos, observo: as meninas gritam o nome dele, e ele continua focado no jogo como se não ouvisse a torcida. Enquanto isso, Daniel escuta as meninas dizerem o seu nome e acena alegremente para todas.
Gol aqui, gol acolá, e, no meio da folia, grito o nome de Daniel quando ele acerta na trave. Ele procura de onde veio a voz, até seus olhos me acharem e ele sorrir. Com as duas mãos, ele forma um coração para mim e pisca, fazendo meu coração acelerar. E, quando Daniel volta a jogar, fico travada, tentando me recompor.
— A cada vez que vejo o Jonathan, eu só tenho mais certeza de que ele foi feito pra mim. — Sue põe as duas mãos no peito, sorrindo.
— Feito pra você? — uma garota que está ao lado de Sue pergunta, e eu, que estou depois de Bárbara, na mesma fileira, tento enxergar quem é.
— É. Por quê? — Sue pergunta.
— Você tá o tempo inteiro falando assim sobre o Jonathan. Quem é você? Namorada dele?
Olho para a garota, que está pintada no rosto com as cores do time da nossa turma, e acho ela familiar, então finalmente reconheço: é Jane, a garota que conheci no casamento de mamãe e Fred.
— Não ainda, mas quem sabe? — Sue responde, então pergunta: — Mas e você, quem é?
— Prima do Jonathan! — falo apontando para Jane. — É você, não é? O que tá fazendo aqui?
Sue olha para mim e para ela de queixo caído:
— Prima?!
Jane, por sua vez, revira os olhos, impaciente, e põe as mãos na cintura.
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Abençoada Lana Lis
RomanceLana Lis passa dificuldades financeiras e é importunada pelas colegas da escola desde muito tempo por causa da sua religião, mas tudo muda quando um viúvo rico pede sua mãe em casamento e decide tirar as duas do interior. Agora na cidade grande, alé...