Capítulo 9

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Cartões vermelhos, um placar acirrado e uma arquibancada barulhenta torcendo pelo melhor time: esse é o interclasse da nossa escola para a maioria dos que estão aqui. Mas, para Sue, é mais uma oportunidade de ouro de observar o crush por mais de duas horas sem que ele perceba que ela está totalmente caída por ele.

As aulas terminaram bem mais cedo para começar os jogos, e Sue está torcendo para o time da nossa turma tão perseverante que até parece a Copa do Mundo.

Enquanto isso, eu e Bárbara estamos descaradamente incomodadas com a gritaria da torcida, mas não podemos fazer nada, até porque estar numa quadra de futebol e não querer barulho é como ir à igreja e não esperar música gospel.

— Você viu, Bárbara?! O Jonathan fez uma pedalada com a bola e distraiu o garoto do segundo ano igual o Ronaldinho Gaúcho! — Sue fala animada.

— Não. — Bárbara fala enquanto dedilha o celular.

E Sue dá um pequeno empurrãozinho no seu ombro, dando um susto na loira:

— É claro que você não viu, né? Larga esse celular!

— Como é? Eu largo se eu quiser!

— Você disse que viria comigo assistir o jogo e tá usando o celular.

— Eu só disse que viria; não, que assistiria.

— É a mesma coisa!

— Não é.

— Poxa!

Olho para as duas, um pouco preocupada:

— Calma, gente. Não... não precisam brigar.

— A gente não tá brigando. A Sue quer ver o Jonathan tirar a camisa e quer que eu fique junto — Bárbara fala enquanto lança um olhar bravo para Sue.

— O quê? — Coro.

— O Jonathan não tira a camisa em público. Ele é da igreja, tá?! — Sue fala, e eu fico pensativa. — Olha! Olha lá ele, ele tá lindo!

Jonathan faz um gol, e as meninas começam a gritar de animação. Meu ouvido dói, e, enquanto espremo um dos olhos, observo: as meninas gritam o nome dele, e ele continua focado no jogo como se não ouvisse a torcida. Enquanto isso, Daniel escuta as meninas dizerem o seu nome e acena alegremente para todas.

Gol aqui, gol acolá, e, no meio da folia, grito o nome de Daniel quando ele acerta na trave. Ele procura de onde veio a voz, até seus olhos me acharem e ele sorrir. Com as duas mãos, ele forma um coração para mim e pisca, fazendo meu coração acelerar. E, quando Daniel volta a jogar, fico travada, tentando me recompor.

— A cada vez que vejo o Jonathan, eu só tenho mais certeza de que ele foi feito pra mim. — Sue põe as duas mãos no peito, sorrindo.

— Feito pra você? — uma garota que está ao lado de Sue pergunta, e eu, que estou depois de Bárbara, na mesma fileira, tento enxergar quem é.

— É. Por quê? — Sue pergunta.

— Você tá o tempo inteiro falando assim sobre o Jonathan. Quem é você? Namorada dele?

Olho para a garota, que está pintada no rosto com as cores do time da nossa turma, e acho ela familiar, então finalmente reconheço: é Jane, a garota que conheci no casamento de mamãe e Fred.

— Não ainda, mas quem sabe? — Sue responde, então pergunta: — Mas e você, quem é?

— Prima do Jonathan! — falo apontando para Jane. — É você, não é? O que tá fazendo aqui?

Sue olha para mim e para ela de queixo caído:

Prima?!

Jane, por sua vez, revira os olhos, impaciente, e põe as mãos na cintura.

Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora