Capítulo 12

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— Você tá com ele aí? — Jonathan pergunta a Jane ao entrarem na sala onde eu e Sue estamos escondidas debaixo do birô.

Arrependida. É assim que me sinto nesse momento, pois estamos agachadas debaixo de uma mesa quente e abafada e só podemos sair daqui depois de ouvir o que não é da nossa conta por tempo indeterminado. É ou não é uma péssima situação?

— Sim. O papai me deu ontem. Tá novinho — Jane diz após pararem perto de uma das carteiras da frente.

Ela abre uma mochila que estava encostada lá para tirar um iPad e entregar a Jonathan, que vira o aparelho nas mãos e analisa.

— Usa só em casa. Aqui podem roubar — ele fala.

— Você acha que meus colegas podem mexer na minha bolsa?

— Melhor não confiar. — Ele devolve o iPad a Jane e põe as mãos nos bolsos.

Credo. Jonathan é desconfiado demais.

— Você que não deveria confiar nas meninas da sua sala... — Jane resmunga.

— O que você disse? Não escutei.

— Hã? Eu? Nada.

— Ah.

Jonathan dá as costas a Jane e vai até a janela da sala, e ela deixa o iPad na cadeira.

— Ei, Jonathan... — Ela caminha devagar até ele.

— Que é?

— Se não me engano, tem uma menina na sua sala que se chama Sue. Né?

Eu e Sue nos entreolhamos. Aonde Jane quer chegar?

— Sim. — Jonathan franze os olhos para enxergar algo pela janela. — Quê que tem?

— Você sabia que ela tá a fim de você?

Pow. Sue se assusta e bate com a cabeça na mesa, e, enquanto ela massageia o couro cabeludo, Jane direciona e franze os olhos para o birô numa fração de segundos.

— Oi? — Jonathan se vira para Jane. — Foi mal. Tava vendo a galera jogar bola lá embaixo. Não ouvi.

Eu e Sue suspiramos de alívio, mas Jane fecha a cara.

— Poxa, Jonathan. Presta mais atenção!

— O que foi?

— Você também gosta dela?

E Sue se bate novamente na mesa, e eu tenho a impressão de que o barulho foi mais alto.

— Que barulho foi esse? — Jonathan olha para o birô, e Jane, também.

— Tem alguém aí? Seja quem for, pode sair agora!

Jane se aproxima do birô, e Sue olha para mim desesperada. O que fazemos agora?

Ponho o dedo indicador nos lábios, pedindo que Sue fique em silêncio e, sem pensar duas vezes, saio de baixo do birô e me levanto.

— Sou eu. Desculpa! — falo e gaguejo tão nervosa que acabo gritando.

Jane e Jonathan olham para mim, e eu não sei onde enfiar a cara.

Você? Tava fazendo o quê aqui? — Jane cruza os braços e me lança um olhar furioso.

— Hã... Eu... Eu vim aqui pra... — Coço o topo da cabeça, claramente procurando palavras para me expressar, mas falho miseravelmente.

E Jane interrompe:

— Tá, tá. Agora pode ir.

— Tá bom — falo e automaticamente vou até a porta da sala de cabeça baixa.

Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora