Capítulo 11

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Chocada. Esse é meu estado psicológico ao descobrir que meu primeiro amor já namorou minha melhor amiga, e eu não faço ideia de como fingir o contrário.

— É sério? — pergunto, na ingênua esperança de que eu tenha ouvido errado.

— Imaginei que você ficaria surpresa— mas as palavras de Daniel só confirmam mais.

— Tá, mas o que aconteceu? Por que vocês dois se separaram então?

— Na verdade, nem eu sei.

— Hã?

— Acho que foi ciúme, mas não tenho certeza. Ela ficou chateada com alguma coisa, começou a dizer que não combinava comigo e falou que era melhor a gente ser só amigo. E não sei o motivo até hoje.

— E você não perguntou mais?

— Pra valer, mas chegou um momento em que não dava mais pra perguntar. Você sabe como é a Sue.

É. Do jeito como Sue se irrita quando Daniel fala com ela, acho que consigo imaginar muito bem ela mandando ele parar de questionar.

— Entendi. Então, na verdade, você ainda gosta dela?

Daniel começa a esticar as meias até a metade da panturrilha e diz:

— É, eu admito que sim. Acho que não superei. É que foi muito rápido: tava tudo bem quando ela decidiu acabar com tudo, e, quando eu menos esperava, ela já tava a fim daquele cara...

— Com "aquele cara", você quer dizer o Jonathan?

— Ele mesmo.

— Ah...

Apoio as mãos nas coxas e olho para elas. Pois é. Acho que, depois de saber dessa, minhas chances de um dia conquistar Daniel zeraram. Voltei à estaca zero e só vou ter algum espaço no coração dele quando Sue sair por completo. Eu já deveria saber que não seria tão fácil.

— E, mesmo quando falo com a Sue numa boa, não parece mais o mesmo. Ela sempre tá focada nele e irritada comigo.

— Então é por isso que você não se dá bem com o Jonathan?

Ele termina de amarrar os cadarços e ri.

— O seu irmão não precisa de um motivo desses pra ser desagradável, Lis. Ele é otário por si só.

— Ele não é meu irmão. E não acho ele uma pessoa ruim — respondo, e Daniel fica em pé.

— Não acha porque você é uma pessoa boa. — Ele pisca um olho para mim. — Vejo você no jogo.

É. Pelo menos, ele pensa isso de mim, digo em mente enquanto vejo Daniel dar as costas e sair a caminho da quadra, então suspiro. E agora? O que eu faço?

Após essas revelações nada confortáveis para minha pessoa, passo os jogos do interclasse, o resto do dia, a noite inteira e até a manhã do dia seguinte pensando: o que mais me resta fazer para conquistar o coração de Daniel? Depois do que eu soube, desistir me parece a melhor opção.

Mas também é verdade que não posso ser pessimista. Sue e Daniel não namoram mais, então ele pode muito bem se apaixonar de novo. Por que não?

Só que tem outra coisa. É o dia seguinte e, como resultado do tempo que passo lembrando do que Daniel falou, começo a me comparar com Sue. Observo ela na hora do lanche e não demoro a refletir. Dá para entender totalmente por que ela é o tipo dele.

Cabelos ruivos, lábios finos e olhos castanhos... Será que, se eu fosse só um pouquinho parecida com Sue, Daniel teria uma queda por mim? Não. Não posso pensar só na aparência. É óbvio que também tem outras qualidades e a personalidade para analisar.

Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora