Capítulo 5

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— Jonathan, a Lis quer furar o pneu da bicicleta da Bárbara! — Thaís diz apontando para mim após Jonathan nos flagrar no estacionamento, e eu não acredito que ela acabou de mentir na cara de pau.

— É. A gente tá tentando impedir, mas ela diz que a Bárbara humilha ela por ser mais inteligente e, por isso, ela quer se vingar — Nicole vai na onda da irmã, e eu perco ainda mais credibilidade.

E eu só falto ter um ataque cardíaco:

Quê?!

Em menos de três dias, eu já derramei café na roupa de alguém e fui acusada de tentar furar o pneu da bicicleta da minha nova melhor amiga. Isso está indo de zero a cem muito rápido!

— Pode parar. — Jonathan vem e toma o caco de vidro da minha mão. — Você não tem vergonha? Mal chegou na escola e já tá querendo prejudicar os outros?

E o prêmio de "Bobo que Cai em Qualquer Conversa" vai para... Jonathan! Penso. Esse garoto não assiste Metaforando? Pelas expressões faciais de nós três, é óbvio que as duas estão mentindo!

— Mas... mas isso é mentira! Eu tava tentando impedir que elas furassem o pneu. Eu tava com o caco na mão porque tomei delas!

— Não acredita nela, Jonathan. Você sabe que a gente não faria isso — Thaís diz e cruza os braços. — Ela só vem pra escola de uber e quer humilhar a Bárbara porque ela vem de bicicleta.

— É, mas não é porque ela tem uma condição financeira melhor que pode humilhar a Bárbara por isso — Nicole completa.

— Já sei o suficiente.

Jonathan me afasta para o lado com a mão, passa entre nós três e se agacha perto da bicicleta da Bárbara, tocando no pneu e procurando alguma falha.

— Por favor, não diz isso pra ela e nem pros professores. É mentira. Elas que queriam furar o pneu! — Toco no ombro de Jonathan.

Então ele fica de pé e se vira para mim.

— Não vou contar pra ninguém porque o pneu tá intacto, mas, se esse pneu aparecer furado, eu vou contar pra dona da bicicleta que foi você, sem pensar duas vezes.

Quando ele vai até sua própria bicicleta — que está do lado da de cor rosa — destranca, monta nela e vai embora, eu fico completamente devastada.

Como se não bastasse eu tentar dizer que sou a filha da madrasta dele e isso não dar certo, minhas duas novas amigas me traem, e ele ainda acredita nelas! Tem algo pior do que isso?

Com isso, passo as últimas duas aulas com o psicológico péssimo. E depois, para completar, mal chego no hotel em que eu e mamãe estamos hospedadas, e ela me recebe com:

— E aí? Você falou com o Jonathan?

Poxa, mamãe, penso. Faz uma pergunta mais fácil!

— Hã... Não. — Apoio minha mochila na cama.

Mamãe franze a testa e senta na beira da cama, cruzando as pernas e apoiando as mãos nas coxas.

— O quê? Por quê?

— Bem... aconteceu uma coisa, mas você não tem que se preocupar. Eu vou resolver. Tá bom? Eu vou falar com ele. Então tem como você não contar pro Fred até lá?

Sento ao lado de mamãe, e ela pega minhas mãos, massageando-as com os polegares:

— Filha... já falei que não precisa ter vergonha. Eu sei que você é tímida, mas o Jonathan vai morar com a gente praticamente daqui a pouco, então pode se sentir à vontade pra falar com ele.

Suspiro bem fundo. Se meu problema atual fosse só timidez, eu não estaria tão preocupada como agora.

— Mamãe, não é isso. Eu...

— Não vou contar pro Fred. Tudo bem? Mas me garanta que vai perder a timidez e falar com ele. O Jonathan é um bom garoto.

Depois dessa, só aceito. Sei que Jonathan é um bom garoto, mas como vou dizer para mamãe que ele pensa exatamente o contrário de mim?

Mamãe pode estar pensando que sou muito tímida e que não consigo me comunicar, mas é melhor isso a ela saber do barraco de ontem. Portanto, fico quieta e espero o dia seguinte chegar.

Demora uma eternidade, mas amanhece novamente, e eu fico tão determinada a falar com Jonathan que nem espero a aula começar; pego ele na entrada da escola.

— Jonathan — falo ao passar pela porta dupla da escola.

Vários alunos estão entrando ao mesmo tempo, e Jonathan está andando, de mochila nas costas, até parar e olhar para mim por cima do ombro.

— Bom dia — ele diz sério e volta a andar.

Eu corro e, ao alcançar ele, toco no seu braço, fazendo-o parar.

— Espera, por favor. Eu quero falar com você — digo. — É que você tem que acreditar em mim. Ontem, eu não tava tentando furar o pneu da Bárbara... Você entendeu tudo errado!

Ele põe as mãos nos bolsos e vira para mim.

— Ótimo. Então vai dizer isso pra ela.

Olho nos olhos dele e fico cabisbaixa:

— Você nem tá acreditando em mim!

Ele suspira e empurra os óculos com o dedo indicador.

— Eu já disse que não vou contar pra ninguém, então você não tem que se justificar pra mim. Seja o que for, vai falar pra ela.

— Mas eu preciso me justificar pra você!

— Por quê?

Seguro forte nas alças da minha mochila.

— É que você não entende. Eu não quero que ninguém pense mal de mim, principalmente você!

...porque você é o garoto que em breve vai fazer parte da minha família! Penso em completar, mas meus lábios se seguram, e, para piorar, ouço uma voz familiar atrás de mim:

— Lis?

Olho para trás e vejo Sue. Pela cara dela de espanto, suponho que ela só ouviu minha última fala e provavelmente está pensando que acabei de me declarar para Jonathan, o que faz minhas pernas tremerem.

— Oi... — falo, quase sem voz.

Bárbara está ao lado de Sue, e Jonathan, vendo isso, fala para mim:

— Agora você pode se justificar pra pessoa certa.

Daí, ele vai embora, me deixando sozinha com duas pessoas completamente confusas e propensas a pensar que estou querendo roubar o amor de uma delas.






Nota da autora: ah, nãoooo. São tantos altos e baixos que fico me perguntando se a Lis vai aguentar! E vc? Se tiver curioso, continua porque vem bastante coisa por aí, hein! 😁💕

Até o proximo capítulo! 😘










Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora