Capítulo 7

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Mamãe e Fred finalmente se casaram.

Já era hora, até porque foram feitos um para o outro. Famílias cristãs, um histórico puro e uma educação linda de se ver. Iguaizinhos, mas com uma única diferença, que era a condição financeira: enquanto um estava falido e com o nome no SPC, o outro era dono de dois restaurantes.

Mas até a única diferença agora não existe mais, porque mamãe e Fred são um só, o que torna mamãe a senhora Bonner e dona dos dois restaurantes que ele tem.

— Além de uma noiva perfeita, não sabia que Fred também tinha uma enteada tão linda — fala dona Lúcia, mãe de Fred e avó de Jonathan, enquanto conversamos na festa de casamento.

— E muito educada — seu Valmir, marido dela, completa, e os dois riem.

Coro as bochechas e, como consequência, junto as mãos atrás do corpo e sorrio:

— Muito obrigada.

Estamos no elegante buffet para festejar a união dos dois pombinhos.

Música, decoração, jantar, bolo: tudo impecável. E, embora absolutamente todo mundo esteja distraído com isso, eu sou a única que não para de imaginar o que Jonathan pensou quando descobriu que eu sou a enteada de Fred.

Só que, para completar, o bonito aparece e se junta a nós três, provavelmente para falar com seus avós, e, quando ele me vê e faz um olhar de quem não esperava minha presença, eu fico ainda mais tensa.

— Jonathan, meu filho, que bom que você apareceu. — Seu Valmir diz pegando nas costas de Jonathan, trazendo-o ainda mais para dentro da roda.

— A gente tava aqui falando com a filha da Sara. Vocês já se conhecem. Não é? — dona Lúcia pergunta alternando entre olhar para ele e para mim.

Dou um sorriso amarelo:

— Já, sim.

— Os dois estudam na mesma escola, Lúcia. O Fred me falou que matriculou ela no colégio dele — seu Valmir explica, risonho.

— Ah, entendi! Então já conversaram muito — dona Lúcia ri, dando um tapinha no ombro do marido, que, seja lá o que for, pensa a mesma coisa que ela e também cai na risada.

Noto Jonathan me olhando, mas logo ele tira a vista e mira no chão, talvez um pouco sem jeito.

Ele estaria se sentindo culpado pelo que houve na escola?

— Vovô Val — ele diz.

— Hum?

— Meu pai quer tirar foto com o senhor e a vovó. Ele me mandou aqui pra chamar vocês.

— Ah, sim! Você veio falar isso, não foi? Desculpa. Me empolguei na conversa.

Dona Lúcia e seu Valmir se despedem carinhosamente de mim, e, quando os dois se vão, Jonathan põe as mãos nos bolsos e dá alguns passos até mim.

— Lana Lis Coelho — ele diz ao parar de andar. — Então era você o tempo inteiro.

Dou uma risada sem graça:

— Pois é.

— Por que você não me falou nada?

Eu poderia dizer "porque, em absolutamente todas as vezes que eu tentei, você me interrompeu", mas, em vez disso, eu só rio e falo:

— É que faltou oportunidade.

— Saquei. Foi mal.

— Hã?

— É que eu não queria ter julgado você sem pensar. Vou entender se quiser me evitar por dias.

— Você tá falando sobre o que aconteceu na escola?

Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora