"Eu não quero que ninguém pense mal de mim, principalmente você!", foi o que falei para Jonathan. E o que possivelmente está ecoando na cabeça de Sue nesse exato momento.
Portanto, levando em conta sua cara de quem viu um fantasma, como vou convencê-la de que isso não foi uma declaração de amor?
— Sue, Bárbara! Faz quanto tempo que vocês estão aqui? — pergunto ao me aproximar.
Sue provavelmente pensa em dizer: "tempo suficiente pra ouvir suas últimas palavras ditas ao Jonathan". Mas prefere falar:
— Não muito tempo.
Ah, não... Sue e Bárbara estão desconfiadas, e não há dúvidas de que elas pensam que falei aquilo porque me apaixonei por Jonathan. Em quantos outros mal-entendidos vou me meter?
— Gente, por favor, acredita em mim. Eu sei que ouviram o que eu acabei de falar pro Jonathan, mas isso não foi uma declaração. Eu sei que a Sue gosta dele, e é claro que não tô apaixonada por ele — falo ofegante.
Sue e Bárbara se encaram, então voltam a olhar para mim.
— De verdade? — Sue pergunta.
— É claro. Eu acabei de chegar nessa escola!
Então Sue começa a rir, e, seja lá qual for o motivo, ainda fico temerosa.
— Tá tudo bem, Lis. Eu acredito em você. Fica de boa — ela diz. Então completa: — Mas o que aconteceu?
Suspiro. É melhor começar do zero.
— Então, gente... É uma longa história. Primeiro que eu não sou daqui; eu sou de um interior chamado Aurora.
— Ah, sim. Dá pra saber pelo seu sotaque. — Sue ri, mas logo se recompõe. — Não querendo ser xenofóbica, claro.
Eu não sei o que é isso e, para evitar constrangimento, prefiro soltar um sorriso amarelo.
— Tá, mas o que sua cidade natal tem a ver com o que você disse pro Jonathan? — Bárbara pergunta.
— Bem... É que minha mãe vai se casar com o pai dele, então é por isso que eu e ela viemos pra cá — falo.
Sue põe a mão na boca e olha brevemente para Bárbara.
— Por essa, eu não esperava... — ela fala, então segura meus dois ombros. — Lis, vocês são irmãos!
Franzo a testa:
— O quê? Não! Ele não é meu irmão.
— Okay, mas por que, antes de sair, ele disse pra você falar comigo? — Sue pergunta.
Cruzo as mãos em minha frente e olho para os lados procurando uma forma de explicar.
— Pois é. É que ele não falou sobre você; ele falou sobre a Bárbara.
Bárbara aponta para si mesma com o indicador:
— Sobre mim?
— Sim. Eu não quero entregar quem foi, mas umas pessoas quiseram furar o pneu da sua bicicleta, e, ao tentar impedir, eu fui pega pelo Jonathan com o caco de vidro na mão — conto —, então agora ele pensa que eu sou a culpada, e eu tô tentando me justificar, além de dizer que sou a filha da madrasta dele, porque ele não sabe ainda, mas ele tá me interrompendo e dizendo que preciso primeiro me justificar pra você!
Quase perco o fôlego, mas o que importa é finalizar meu pronunciamento.
— Ele não sabe que você é a filha da madrasta dele? — Bárbara fala. — Que idiota.
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Abençoada Lana Lis
RomanceLana Lis passa dificuldades financeiras e é importunada pelas colegas da escola desde muito tempo por causa da sua religião, mas tudo muda quando um viúvo rico pede sua mãe em casamento e decide tirar as duas do interior. Agora na cidade grande, alé...