Capítulo 3

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O filho do meu padrasto é perfeito.

Tem um nome bonito, os cabelos lisos castanhos, uma franja de lado, a altura de um príncipe e se veste bem. Sem falar que, além de ter um papo envolvente, é atlético e bem popular entre seus incontáveis amigos.

Aí alguém pode perguntar: "ah, Lis, então você sabe de todas essas coisas porque já conversou bastante com ele e, aos poucos, tá conhecendo cada vez melhor o seu futuro meio-irmão. Certo?".

Errado!

A realidade é que, quando Jonathan me salvou na escadaria, ele não me reconheceu. E, desde então, na sala de aula, eu estou observando de longe e tentando não ser notada.

Se bem que isso não é muito difícil, já que, desde que ele se sentou na sua carteira no fundo da sala, um bando de garotos o cercou para conversar sobre o interclasse como se fosse um monte de abelhas em cima do mel e, até agora, não se sentaram, então Jonathan não tem nem tempo de olhar para mim.

Dessa forma, mesmo eu sendo a única garota de saia plissada longa da sala e claramente a novata daqui, ele nem sequer notou minha presença, então eu fico de bico fechado durante toda a aula, até terminar.

Eu naturalmente vou embora e, quando chego na escola no dia seguinte, tenho a conclusão de que talvez Jonathan só esteja tímido e que, se eu iniciar uma conversa, ele vai se soltar mais.

Mas tem um problema: eu sou mais tímida ainda e, quando entro na sala de aula e vejo ele passando, me desespero e fico abaixada ao lado de uma cadeira esperando ele se distanciar.

Ah, não, Lis! Você não tá querendo falar com ele? Por que você tá se escondendo?! Grito em pensamento.

— Lis? — alguém fala.

— Ah, oi!

Levanto a cabeça e vejo Sue na minha frente.

— Tá fazendo o quê aí abaixada? Alguma coisa sua caiu? Tá procurando algo?

Ela começa a procurar algo no chão com os olhos, e eu me levanto bem rápido.

— Ah, não, não! Nada. Não era nada.

Espio por cima do ombro, para ver se Jonathan já foi, e suspiro quando vejo que sim.

— Tá se escondendo de alguém?

— O quê? Não! Quer dizer...

— Tem certeza? Tá parecendo.

— O... o professor.

— Tá se escondendo do professor?!

Não! Eu quis dizer que o professor chegou! Vamos sentar?

— Ah, sim.

Por pouco, Sue não descobre minha situação, e então começamos a aula.

Quando Jonathan volta para a sala — ele provavelmente foi ao banheiro —, eu tomo um susto e abaixo a cabeça na mesa, escondendo o rosto com as mãos, até ele passar por mim e se sentar na última fileira de carteiras.

Que decepção. Eu preciso falar com o garoto e, em vez disso, fico me escondendo...

— Bom dia, turma. Abram o livro de geografia na página vinte.

Daí, o tempo passa, e o sinal toca para o intervalo. Sue e Bárbara me chamam para a cantina lanchar, e, embora esteja com a cabeça cheia de pensamentos a respeito do filho do meu padrasto que até agora não falou comigo, eu sei que claramente devo aproveitar o convite das minhas amigas — coisa que eu não tinha na escola antiga—, então vou com elas.

Abençoada Lana LisOnde histórias criam vida. Descubra agora