Forty-two

2.2K 325 50
                                    

Não sei como consigo chegar até a biblioteca sem causar nenhum acidente, tamanho é meu nervosismo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não sei como consigo chegar até a biblioteca sem causar nenhum acidente, tamanho é meu nervosismo. Consigo ver uma nuvem espessa de fumaça negra a um quilômetro de distância, poluindo o ar. Não consigo chegar muito perto, porque tem uma fila de carros obstruindo a passagem, e inúmeras pessoas vindo de todos os lados, tentando se aproximar um pouco mais para tentar ver mais de perto o que está acontecendo. 

Minha única alternativa é abandonar o carro e seguir a pé, ou correndo, para ser mais exato. Não me importo com os olhares tortos que recebo a cada empurrão — sinto que vou morrer se não conseguir alcançar o meu objetivo mais do que imediatamente. 

Caos. É isso o que eu vejo quando chego perto o suficiente da biblioteca. As chamas consumiram tudo, e continuam destruindo as estruturas do edifício de três andares. Têm carros de bombeiros parados próximos à estrada, e os policiais tentam manter a multidão afastada do perigo. Vejo paramédicos atendendo algumas pessoas no fundo de ambulâncias, talvez pessoas que estavam lá dentro quando o incêndio se iniciou, a julgar pela urgência que usam a máscara de oxigênio. 

Olho ao redor, desesperado. Espero ver aqueles cabelos sedosos e rosa em qualquer lugar, um rosto familiar, mas não encontro nada. Abro caminho pelas pessoas, chamo pelo nome de Max, mas ela não está em lugar nenhum. O pânico é como uma mão apertando o meu coração, e à medida que o tempo avança, sinto meu mundo desabar sobre minha cabeça. Estou implorando internamente para que ela esteja bem, para que esteja a salvo, mas parece que minhas preces estão sendo ignoradas veementemente. 

— Travis? 

Eu me viro de repente, a cabeça a mil, tentando localizar a origem da voz, esperançoso… mas não é Max ali, e sim sua melhor amiga, Jules. Ela vem andando na minha direção, mais pálida do que um fantasma, com uma expressão desolada. 

Ando até ela e seguro-a pelos ombros. Não me importo de parecer mal educado, eu só preciso saber… 

— Onde está a Max? — pergunto, com urgência. 

Ela engole em seco. Seus olhos se enchem de lágrimas. 

— Os bombeiros não conseguiram tirar todos de lá.  

— Você está querendo dizer que a Max ainda está lá dentro? 

Jules não precisa responder: a expressão de choro em seu rosto diz tudo. 

Viro para o prédio em chamas. De repente estou sendo transportado para a minha adolescência, para a casa onde fui criado, e de repente sou aquele garoto, impotente, olhando enquanto as chamas destroem tudo o que eu mais amo. 

Não. Isso não vai se repetir. 

Tão fácil quanto respirar, eu avanço, decidido, determinado, irrevogável. 

— Travis, o que você tá fazendo? Travis? Travis! 

Mas a voz de Jules se perde no meio da multidão — eu sequer tenho certeza se ela chegou a penetrar meus ouvidos. Tudo à minha volta desaparece, e, de repente, só existe eu e as chamas. 

Doce Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora