fifteen

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Maxine está com cara de quem acabou de passar por um longo período de sofrimento

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Maxine está com cara de quem acabou de passar por um longo período de sofrimento. E quando sugiro repassar mais uma teoria sobre ética, ela fecha o livro com um baque seco e diz: 

— Não. Para. Já chega. Se eu ouvir mais alguma coisa sobre Spinoza, Nietzsche ou Sofistas, juro que meu cérebro vai derreter bem em cima do seu colchão, e aí você será obrigado a limpar toda essa sujeira. 

Acho graça do drama que ela faz, mas quando percebo que passamos muitas horas estudando, decido que é hora de dar uma pausa de toda essa burocracia. 

— Tudo bem — fecho o meu próprio livro. — Mas eu ainda quero um resumo do que estudamos hoje. 

Ela bufa e deixa o corpo cair sobre o colchão, deixando à vista a parede que funciona como quadro negro ao fundo, repleto de anotações e demonstrações sobre História e Filosofia. 

— Está tudo bem? — pergunto quando ela solta um longo suspiro. 

— Humrum. Só estou cansada. 

— E preocupada — acrescento. 

Ela não tenta negar. 

— Temos menos de duas semanas agora. Me sinto extremamente pressionada. 

— Vai dar certo — sou otimista. — Você está indo bem. Acertou todas as questões que eu preparei para você. 

— Bom, sim, mas não sabemos o que o Sr. Miller tem preparado para mim — diz ela, com um tom de amargura. 

— O segredo está nos detalhes. Se você prestar atenção nisso, tenho certeza que vai se sair muito bem. Nem mesmo a complexidade do seu professor irá te impedir de conseguir uma boa nota. Confie em mim. 

Ela se apoia nos cotovelos para poder me olhar, e tem um sorriso em seus lábios. 

— Você acabou de citar a palavra "complexidade" em uma conversa informal? 

— Eu não podia deixar passar a chance de me exibir.  

Ela arremessa uma borracha na minha direção por brincadeira, e eu desvio do objeto no último segundo, que passa raspando pela minha bochecha. Lanço um olhar ameaçador na direção dela, mas a mesma não parece se importar e volta a deitar na cama, um pouco mais relaxada. 

O silêncio preenche o quarto por um tempo. É uma noite fria de sábado, e eu poderia estar em qualquer lugar dessa cidade, talvez transando com uma garota legal no banco de trás do meu carro, mas me sinto extremamente cansado — cortesia de todas as horas perdidas estudando uma matéria que nem faz parte do meu curso —, mas estou preso aqui com Maxine, e tudo o que o meu corpo pede é sossego. 

Acho que está na hora de ela ir embora. É sempre assim: estudamos um pouco e depois eu a levo para casa, um método seguro para estabelecer uma distância segura na nossa relação que tem prazo de validade, mas dessa vez parece diferente, pois Maxine sugere: 

Doce Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora