Forty-five

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Vamos até Rhode Island no meu carro

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Vamos até Rhode Island no meu carro. São quase duas horas de viagem, pegando a via CT-2 E, e não me importo em deixar Max dirigir durante todo o percurso. Estamos mais seguros desse jeito, já que minha cabeça está em um lugar bem longe daqui - confio nela, e sei que ela vai nos levar ao nosso destino em segurança.

Está tocando "Another Love", do Tom Odell, baixinho no rádio, e pela primeira vez não há clima para cantar em plenos pulmões. Exceto pela melodia e o barulho do tráfego lá fora, está tudo muito silencioso e doloroso. Mantenho o rosto virado para a janela, observando algumas paisagens distintas, todas elas cobertas de neve, ficarem para trás. O gelo da neve se assemelha ao frio que envolve o meu coração nesse momento.

Não sei o que estou fazendo, mas só parece certo vir aqui. Não é algo estranho, afinal. Todos os anos, eu dirigia até Rhode Island no Natal e ficava observando a minha família, mesmo de longe. Eu nunca tinha coragem o suficiente para me aproximar, para se mostrar presente, mas saber que eles estavam bem era o suficiente para mim - era um alívio saber que não destruí tudo, afinal, ao mesmo tempo que era doloroso perceber que minha presença já não importava. Por isso, me convenci de que todos estavam melhores sem mim.

Provavelmente seria dessa forma por mais um feriado, mas eu não tive um ano comum. Eu não sou o mesmo Travis de alguns meses atrás, e isso se deve, principalmente, à garota que está sentada do meu lado neste exato momento. Ela me fez perceber muitas coisas, principalmente que o perdão é essencial para continuar progredindo. Eu estava estagnado no mesmo lugar, fazendo parte de um ciclo cruel e doloroso, mas eu me libertei dessas correntes e quero ser merecedor de uma segunda chance. Estou aqui, de peito aberto, para assumir o meu erro e correr atrás do prejuízo.

Sinto um toque suave no meu joelho, e me viro para ver Max sentada sob o volante. Ela me olha de soslaio e abre um sorriso cheio de apreensão e compaixão.

- Chegamos - informa ela.

Olho para o parabrisa e vejo a placa indicando o nome da cidade e marcando a entrada de Rhode Island.

- Está tudo bem? - pergunta Max, baixinho.

É difícil responder essa pergunta. Estar de volta me causa uma sensação extremamente esquisita, como se eu não pertencesse mais a esse lugar. E acho que não pertenço. Esse era o lar do antigo Travis, alguém que eu enterrei em um buraco sob os meus pés. A pessoa que está aqui hoje está atravessando os limites dessa cidade pela primeira vez, a fim de criar novas raízes.

- Estou - respondo, com a consciência tranquila.

Max dirige por mais alguns minutos, e uma onda de nervosismo se instala nas minhas entranhas quando nós nos aproximamos cada vez mais do destino final. Tento não parecer com os nervos à flor da pele, mas não consigo.

- Se importa se fizermos uma parada antes? - pergunto.

Ela me lança um olhar desconfiado.

- Não. Claro que não.

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