— Oi! — Jules praticamente aterrissa sobre o balcão da recepção, com um sorriso brilhante do tamanho de uma estrela que abastece todo um sistema planetário, capaz de ofuscar tudo ao seu redor.
Infelizmente, o meu humor está sombrio como um buraco negro, e eu olho para ela sem nenhuma expressão, segurando alguns livros pesados sobre os braços.
— Oi — eu murmuro, franzindo o cenho. — O que você tá fazendo aqui?
Coloco os livros sobre o balcão e me viro para ela.
Jules dá de ombros, mas percebo que evita o meu olhar.
— Nada. Eu estava só de passagem, resolvi dar um oi.
— Ah.
Mas a minha melhor amiga não se abala pelo meu humor — ou a falta dele.
— O que você tá fazendo aí? Pensei que seu expediente tinha acabado.
— Acabou há cinco minutos atrás — confesso, pegando um livro sobre a pilha. — Mas preciso registrar esses livros no sistema antes de ir.
— Quer ajuda?
— Não precisa.
— Você que sabe — ela faz uma pausa. — Mas já que estou aqui… vou te esperar. Assim posso te dar uma carona até o alojamento.
Meus dedos congelam de repente, pairando sobre o teclado. Ergo o olhar lentamente para Jules, mas ela finge que está interessada nos detalhes da manga do casaco Gucci, que foi presente da sua avó super rica que mora em Milão. Mas ela não me engana. Não mesmo. E acho que estou começando a entender o motivo dessa visita inesperada.
— Carona? — repito lentamente, com um tom acusatório.
Ela dá de ombros mais uma vez, tentando parecer irrelevante, mas Jules nunca foi uma boa mentirosa.
— Bom, como eu disse…
— Explique-se — sibilo.
Ela ergue o olhar, e sua confusão fingida não me convence.
— O quê? Do que você tá falando?
Eu continuo a encarando, os olhos semicerrados, e se conheço bem a minha amiga, ela vai acabar cedendo a qualquer momento. Ela olha para todos os pontos, exceto para o meu rosto, e se balança inquieta sobre o seu par de botas Louboutin, mordendo o lábio. Então, não aguentando a pressão, seus olhos se voltam cuidadosamente para os meus, e ela solta um suspiro derrotado.
— O Travis me pediu para vir aqui te dar uma carona — ela confessa. — Ele disse que estava te levando pra casa nos últimos dias, mas que vocês estão, hum… com problemas.
Arqueio a sobrancelha.
— Ah, ele disse, foi?
Mas mesmo que a minha voz saia fria como gelo, meu coração está martelando dentro do peito. Não nos falamos desde ontem à noite, quando tivemos aquela briga ridícula, e mesmo assim, ele se preocupou em garantir a minha carona para casa. Não sei se fico contente ou decepcionada, porque, no fundo, eu estava esperando que ele atravessasse aquela porta para que pudéssemos resolver as coisas.
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Doce Redenção
RomansaMaxine Wheeler e Travis O'Brien podem até estudar na mesma faculdade, mas vivem em universos completamente diferentes. Max está interessada apenas em terminar os seus estudos e passar despercebida, enquanto Travis, apesar de ser o centro das atençõ...