Capítulo 7. Sonhos

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Atrás da porta tinha uma escada e logo ambos subiram com seus respectivos copos nas mãos. Chegaram ao topo e viram um terraço vazio, provavelmente usado para casais se pegarem às escondidas. Podia se dizer que era um lugar bem romântico até, se não fosse pelo barulho dos carros que passavam lá embaixo na rua. Não sabiam que horas eram, mas sabiam que não queriam que a noite acabasse.

- Toma cuidado pra não cair. - disse Sand vendo Ray sentar na beirada da sacada. - Se você cair não vou ter dinheiro pra pagar a conta do hospital não.

- Relaxa. Esqueceu que eu sou rico? Se eu desequilibrar só espero que você segure minha mão e me salve como um príncipe salva sua princesa que nem nos contos de fadas. - falou com uma mão sobre o peito enquanto a outra segurava o copo de uísque, com um sorriso no rosto.

Sand ficava encantado com o sorriso de Ray. Podia ter certeza que aquele era o sorriso de alguém sonhador.

- Ray, você tem algum sonho que quer realizar antes de morrer? - perguntou Sand tentando mudar de assunto.

- Olha... Sinceramente eu já tenho tudo que eu preciso porque já nasci rico. - respondeu Ray rindo.

- Não precisa jogar na cara que você nasceu em um berço de ouro. - disse Sand também rindo. - Mas você realmente não tem nenhum sonho?

- Na verdade, quando eu era pequeno eu sonhava em ser médico, mas logo percebi que não era pra mim. - disse bebendo um gole do líquido que estava no copo vermelho estilo dos que apareciam em filmes americanos.

- Seria bem estranho um médico que bebe quase todo dia mesmo.

- Hum, mas e você? Tu parece ter muitos sonhos.

- Na verdade só tenho um mesmo. Eu quero juntar dinheiro suficiente para ir em todos os festivais de música do mundo.

- Sério? - perguntou Ray surpreso. Não esperava que o sonho de Sand fosse algo tão grande assim. - Desde quando?

- Hum, sonho com isso desde de sempre eu acho... - disse Sand bebendo um gole da sua cerveja.

- Isso é bom! Pelo menos você tem um objetivo na vida.

- Pode ser visto dessa forma.

- Olha, se você quiser eu posso te levar pros festivais. - disse Ray sorrindo.

- Melhor não. Não gosto de ter que dever ninguém. - disse Sand enquanto olhava seu copo que já estava quase vazio.

- Você não vai estar me devendo de certa forma porque se eu bancar sua viajem, você pode me pagar de outras formas. - disse Ray chegando mais perto do outro com um sorriso malicioso no rosto.

- E como seria essa forma de pagamento? - perguntou Sand também chegando mais perto de Ray olhando em seus olhos. Gostava de como Ray podia ser sem vergonha algumas vezes e gostava mais ainda de poder o provocar de volta.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos. Nenhum deles queria cortar esse contato. Sentiam a atração que era crescente naquela noite se intensificar, como se fosse uma neblina densa. Sem perceberem, eles se aproximavam á medida que suas respirações vão ficando mais fortes. Ambos sentiam que seus corações estavam a ponto de sair de seu peito.

Até que seus lábios se encontraram em um beijo calmo e despreocupado. Aproveitavam cada milímetro da boca alheia, querendo sentir tudo que ela podia lhes proporcionar. Ambas possuiam um gosto único, Sand pela cerveja e Ray pelo uísque, que juntos formavam uma combinação estranha, porém gostosa. Sand que estava de pé, chegou mais perto e puxou a cintura do outro sem quebrar o vínculo de suas bocas. Ray por sua vez levou uma de suas mãos, que antes segurava o copo de uísque, aos cabelos do outro enquanto a outra segurava seu rosto, buscando por mais contato. Sand levou também uma das mãos ao rosto de Ray, que sentia o toque quente da mão do outro, puxando seu lábio inferior vendo-o arfar em resposta. Ambos tentavam buscar oxigênio se distanciando o mínimo possível um do outro.

- Ei! Vocês não deveriam estar aqui!

Sand e Ray se afastaram com o susto, buscando o oxigênio. Sand estava com os cabelos um pouco bagunçados e Ray estava com o rosto bem vermelho causado, talvez, pela falta de ar. Ambos não sabiam o que fazer e o homem baixinho que aparentava ser o segurança do lugar, que ainda continuava a os encarar.

- Vou ter que repetir ou vocês vão sair por bem? - disse o homem com um pouco de agressividade em seu tom.

Sand e Ray se entreolharam por um momento, caindo na gargalhada em seguida.

- Tão rindo do que? Tem algum palhaço aqui? - perguntou o segurança já impaciente.

- Desculpa P'. Já vamos sair. - respondeu Ray enquanto Sand estava com a cabeça escondida entre os ombros de Ray ainda rindo. Ambos estavam morrendo de vergonha e não sabiam o que fazer, apenas rir.

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