Capítulo 14. Camisa Vermelha

215 21 4
                                    

Comeram os donuts e conversaram por um bom tempo. Ainda não passavam das cinco da tarde. Conversaram sobre de tudo um pouco, desde discos de vinil a sobremesas. Ambos estavam a vontade e se sentiam livres. Claro que uma vez ou outra pequenos flertes foram deixados durante a conversa, mas nada fora do normal. Sand já estava se acostumando com o jeito sem vergonha de Ray, e vive e versa. Ambos tinham seus limites e formas de pensar e era isso que os faziam uma combinação perfeita.

- Merda. - disse Sand repentinamente. - Acabei de lembrar que ainda tenho uma entrega pra fazer. Esqueci completamente.

- É pra entregar até quando?

- Até as cinco, mas se não me engano o ponto de encontro não é muito longe daqui. Quer ir comigo ou vai voltar? - falou mantendo-se na frente de Ray.

- Hum, não tenho nada pra fazer mesmo... - respondeu Ray também se afastando do carro onde estava apoiado.

Ambos saíram com pressa, indo em direção a loja de discos do início, já que Sand havia deixado sua moto estacionada lá por perto. Subiram e depois de uns dez minutos, chegaram em uma loja de roupas bem conhecida por Sand, já que quase sempre comprava suas camisas por lá.
Entraram na loja e Sand foi logo em direção aos fundos da loja com Ray atrás de si.

- Ray, fica aqui que eu só vou entregar lá dentro e já volto.

Ray concordou sem objeções e foi em direção as roupas que estavam em alguns cabides. A maioria não fazia seu estilo, porém queria ter algo que pudesse lembrar Sand, já que o mesmo disse que comprava suas roupas lá. Pegou algumas blusas e foi para o provador experimentar. Algumas ficaram bem nele, outras não gostou tanto. Até que vestiu uma camisa vermelha com as mangas brancas. Ficou um pouco apertada, não ficou tão ruim, porém, talvez esse não fosse realmente seu estilo.

Enquanto estava de costas tentando tirar a camisa, sentiu alguém entrar no provador, fazendo ele rapidamente se virar para frente para ver quem era.

- Merda, Sand! Que susto. Pensei que era um estranho entrando aqui. Entregou o vinho?

- Hum, te procurei pela loja e não achei, aí a atendente falou que você tava aqui. - respondeu Sand não muito longe de Ray, já que o provador era consideravelmente pequeno, porém dava para duas pessoas perfeitamente.

- Aproveitando que você tá aqui, me ajuda a tirar essa camisa? - perguntou Ray levantando os dois braços para que o outro pudesse o ajudar. - Ela tá apertada e não consegui tirar sozinho.

- Você não tinha colocado sozinho? - disse Sand incrédulo com a forma como Ray o olhava. Dava pra ver claramente que se Sand desse uma brecha ele seria atacado naquele momento.

- Vai... Me ajuda, por favor? - disse Ray fazendo biquinho ainda com os braços para cima.

Sand não respondeu, apenas levou suas mãos a barra da camisa que Ray vestia, levantando em seguida, tirando a mesma com certa dificuldade.

Agora Ray estava com seu tronco totalmente exposto enquanto olhava nos olhos do que estava na sua frente. Sand sentiu um arrepio em sua nuca ao olhar nos olhos de Ray; eles refletiam um pitada de desejo. Passeavam pelo rosto alheio a fim de receber a confirmação que precisavam para avançar.

Sand deu um passo a frente, chegando ainda mais perto de Ray, que sentiu leves espasmos ao ser tocado pela mão do outro que foi depositada em seu abdômen indo em direção a tatuagem que o menor possuía perto de sua virilha, sem cortar o vínculo de seus olhos. Eles queriam contato, queriam explorar o corpo um do outro a bastante tempo.

Ray em seguida, levou uma de suas mãos ao ombro de Sand enquanto a outra foi até sua nuca, puxando a cabeça de Sand ainda mais perto da sua, até que seus lábios se encontrassem em um beijo inicialmente calmo. Era um beijo simples, cheio de sentimentos que foram tão reprimidos ao decorrer do dia; eles queriam aproveitar o sabor da boca um do outro.
Sand puxou Ray pela cintura na esperança de acabar com a distância entre seus corpos, mesmo que não tivesse mais como.

Todo resquício de saudade que ainda se fazia presente entre eles, foi se desfazendo. Pareciam duas pessoas que se reencontraram depois de anos sem se ver ou até dois adolescentes no auge da sua juventude. O medo de serem flagrados por algum funcionário ou até um cliente aumentava, porém não se importavam. Gostavam da adrenalina que tal ação os proporcionava.

A mão que estava presente no ombro de Sand, agora passeava pelas costas do mesmo em busca de contato, enquanto a outra que ainda estava na nuca do mesmo, puxava levemente alguns fios de cabelo ao ter sua boca invadida por sua língua. Estavam apressados, suas línguas se mexiam como se estivessem dançando na boca um do outro; era uma combinação perfeita.
Tentavam buscar pelo ar sem se separar, porém a falta de ar se fazia cada vez mais presente.
Sand começou a sentir um leve calor em seu baixo ventre, o que significava que se eles continuassem não conseguiriam se controlar, então afastou sua boca de Ray, ouvido alguns murmúrios em reclamação do que está na sua frente.

- Não estamos em casa. - disse tentando controlar sua respiração que estava pesada. - Estamos no provador, esqueceu? Se fomos pegos, vamos ser expulsos da loja.

- Eu não me importo... - Ray murmurou no ouvido do outro, antes de dar uma pequena mordida na orelha do mais alto, em seguida depositando pequenos beijos pelo pescoço alheio, vendo-o arrepiar com tal ação.

- Mas eu sim. Eu gosto dessa loja e não quero ter problemas com o dono. Ele é gente boa e também é meu cliente. - falou sentindo os beijos que eram depositados no encontro de seu ombro e pescoço.
Não queria que tivessem que se separar, porém o lugar em que estavam não era muito propício para os atos que iriam cometer se não se controlassem. Então, ao sentir novamente o mesmo calor no seu baixo ventre, decidiu que seria melhor se parassem, assim dando um leve empurrão em Ray, seguido de algumas reclamações.

- Sand... Você vai mesmo me deixar assim? - perguntou Ray olhando para baixo em direção ao seu membro, que já estava semi ereto pelo estímulo que fora recebido.

- Isso já é problema seu. - falou Sand saindo do provador em seguida, deixando Ray com um sorriso incrédulo nos lábios. Como ele poderia ter começado e no final o ter deixado na mão? Até que se lembrou de todos os toques e provocações que ocorreram durante a tarde que passaram juntos.
Sempre acontecia algo que os impedisse de dar o próximo passo. Talvez fosse o universo os dando algum tipo de aviso?
Não sabia, porém sabia que queria que Sand ficasse com ele por um bom tempo.

Listen To Your HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora