Capítulo 11. Encontro

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Depois de um bom tempo, Sand desviou o olhar, se afastando para poder subir na moto. Podia ter certeza de que se não estivessem em frente a um lugar público, teria pulado encima do outro, e Ray sabia disso muito bem, tanto que ao ver Sand se afastar, criou-se um sorriso provocador em seu rosto. Tinha certeza que possuía controle sobre Sand, e vice versa. Porém ele gostaria de apreciar tal momento em algum lugar reservado, onde apenas os dois poderiam ser agraciados com tal imagem.

- Você vai subir ou não? - perguntou Sand já encima da moto, já de capacete, estendendo o capacete reserva que tinha para o outro colocar.

- Coloca pra mim. - disse Ray inclinando sua cabeça em direção ao outro, ainda com o mesmo sorriso idiota. Seus olhos que antes lembravam duas jabuticabas, agora pareciam olhos de um gatinho manhoso pedindo por carinho.

- Você não tem mãos? - respondeu Sand entre pequenas risadas. Ele com certeza não iria resistir aqueles olhos, mas ainda ficava incrédulo com o quanto Ray era sem vergonha; talvez ele nunca se acostumaria com o outro em momentos assim. - Chega pra cá.

Enquanto Sand colocava o capacete, Ray tinha um sorriso satisfeito no rosto. Agora sim tinha total certeza de seu poder. Sabia que mesmo que Sand negasse, ele já possuía um lugar em seu coração. Ouviu falar de Boeing e sabia que o outro teria se machucado antes, mas Ray também estava passando por tal situação; começou a aceitar que Mew não o amava e nunca o amaria, mesmo que ele tentasse. Então será que eles poderiam se curar juntos? Ele não tinha resposta pra tal pergunta, porém nem se importava. O que o futuro reservava, ele não sabia e tão pouco se importava.

Assim que subiram na moto, Ray logo abraçou o outro e apoiou sua cabeça em seu ombro. Sand se sentia nervoso pela proximidade de Ray, não sabia porque, mas também não queria que o outro se afastasse.

Foram em direção á loja de discos recém aberta. Ela era localizada em um local deserto, não possuía muitas pessoas dentro da loja. Era silencioso, apenas se ouvia algumas pessoas sussurrando algumas músicas que escutavam com seus fones e outras que conversavam enquanto seguravam alguns discos e CDs em suas mãos. Sand gostava de lugares calmos, por mais que sua vida fosse repleta de barulho por cantar no bar da Yor todas as noites. Sentia uma calmaria instantânea, e com certeza aquele lugar seria o seu mais novo porto seguro.

- Até que o lugar não é ruim... Vamos ver alguns discos! - disse Ray pegando na mão de Sand, o levando para uma prateleira ou possuía fileiras de discos e CDs organizados por gênero musical. - Tem alguns bem interessantes. Ai meu Deus! Tem Nirvana! - disse pegando um disco antigo nas mãos mostrando para o outro com um sorriso largo na rosto.

- Essa é qual edição? - falou Sand curioso.

- Deixa eu ver... Essa é a de 1990.

- Eu não sabia que ainda vendiam essa edição. É tão antiga.

- Isso que faz o disco ser especial. - sussurrou Ray chegando perto do ouvido de Sand, o fazendo sentir um arrepio na nuca.

Ficaram por um bom tempo, discutindo sobre bandas antigas e sobre estilos musicais. Em algum momento, Ray viu uma mesa que possuía um toca discos junto a um par de fones. Foi até a mesa que estava vazia e pegou um CDs da banda Arctic Monkeys. A música "Do I Wanna Know?" começou a tocar e sem perceber, começou a cantar bem alto, esquecendo completamente que havia mais pessoas na loja.

"Então, você tem coragem?
Você está se perguntando se seu coração ainda está aberto?"

Assim que percebeu, Sand foi até o outro rapidamente o chamando, porém o mesmo não o ouvia por conta do volume alto.

- Ray! - chamou colocando a mão na boca do outro, que pareceu acabar de acordar de um transe.

- O que foi? - perguntou assustado, retirando o fone do ouvido rapidamente.

- Você tá cantando alto demais! - respondeu Sand entre risos. Era realmente hilário a reação de Ray, que quase instantaneamente se desculpou, ao perceber os olhares que recebia de quem estava na loja.

Ray estava claramente envergonhado, poderia ficar bravo com Sand por não o ter avisado antes, mas ao ver o sorriso largo do outro que achava a situação constrangedora porém engraçada, logo se esqueceu disso.
O sorriso de Sand era algo que o levava para uma espécie de paraíso na Terra, tanto que poderia ficar olhando para ele por horas. Tinha um efeito diferente nele; uma vontade avassaladora de ver aquele sorriso todos os dias, querer ser o motivo daquele maldito sorriso que derrubou todas as barreiras que Ray havia erguido em seu coração com tanto esforço. Talvez ele estivesse realmente sentindo algo a mais por Sand do que apenas um interesse carnal.

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