Capítulo 12. Guitarra

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Depois de um tempo, resolveram passar em uma loja de instrumentos que tinha ali por perto. Era apenas a duas quadras dali , então resolveram ir andando mesmo.

- E aí, gostou da loja? - perguntou Ray enquanto iam em direção a loja.

- Achei um lugar bem tranquilo, provavelmente vou voltar mais vezes. Gostei da atmosfera calma do lugar. - disse olhando nos olhos do que andava ao seu lado.

- Na verdade um colega da faculdade que me indicou o lugar.

- Colega é? - retrucou Sand. Eles não tinham nada sério, então não ficaria surpreso se fosse alguns dos "peguetes" de Ray, porém não pôde deixar de sentir a mesma sensação que sentiu quando foi buscar o outro na universidade.

- Claro que sim. Não pego gente que possivelmente vou ver todo dia.

- Mas você me vê quase todo dia lá no bar, você sempre vai lá.

- Mas você é diferente... - disse vendo o outro ficar levemente surpreso. Nem Ray tinha certeza de como se sentia quando estava com Sand, porém sabia que o queria muito. - Além disso, se tudo der errado podemos só fingir que nada aconteceu.

Não houve resposta; Sand estava extasiado demais com a primeira frase do menor. Como assim ele era diferente? Ele se considerava uma pessoa normal. Talvez fosse sua beleza? Talento? Ele não tinha certeza, mas ainda assim tentou não pensar muito. Deveria só seguir em frente e aproveitar o momento.

Chegaram na loja que estava vazia. Ray ficou vendo alguns instrumentos nas vitrines enquanto Sand ia ao balcão a procura de algum em específico. Viu o atendente sair e voltar rapidamente com uma guitarra nas mãos, a entregando para Sand, que a pegou e foi até um canto mais escondido da loja onde tinha dois bancos.

Ray foi em direção ao que estava afinando o instrumento, se sentando em seguida. Sand ficava bonito quando tocava ou cantava no bar, mas naquele momento era impossível não se interessar por ele, principalmente tão de perto.

- Por que você tá me olhando? - perguntou Sand ao perceber que Ray o observava, sem tirar os olhos do instrumento.

- Você fica bonito quando toca. - respondeu maroto enquanto apoiava a cabeça no ombro de Sand, que em seguida parou o que estava fazendo para olhar o outro.

- Você realmente tem que flertar comigo em todas as oportunidades que aparecem? - Sand estava sorrindo enquanto olhava para Ray, que retribuía o sorriso. Aquele garoto era realmente sem vergonha.

- Claro! Não posso desperdiçar as oportunidades que a vida me dá!

- Okay, só que com você grudado no meu ombro eu não consigo tocar a guitarra.

Ray se afastou a pedido do outro, mesmo que com relutância. Sand voltou a tocar o instrumento e Ray ainda o observava. Ele começou a tocar uma música que Ray não conseguiu identificar, porém ver o homem extremamente talentoso e bonito que estava ao seu lado, era realmente gratificante. Depois de alguns minutos, Ray colocou a mão sobre a de Sand para que ele parasse de tocar o instrumento, tendo o efeito esperado.

- O que foi?

- Nada. Só queria tocar na sua mão mesmo.

- O que você tem hoje? Algum bicho te mordeu? - Sand não apenas aparentava, estava totalmente envergonhado pelo toque repentino. Porém não queria afastar, e Ray tinha percebido isso, pois o olhava nos olhos com um sorriso de canto. Seu olhos passavam desde os olhos até a boca de Sand, fotografando em sua mente todos os detalhes do rosto alheio. Suas respirações aos poucos foram ficando pesadas; seus rostos ficavam cada vez mais próximos até o ponto de seus narizes e suas testas se tocarem.

Ray sentia seu corpo dar leves espasmos e arrepiar ao sentir a respiração de Sand, que nesse momento já estava com os olhos fechados e sua boca entreaberta. Sentia tudo, a respiração de Ray em sua boca, o cheiro de cigarro que provavelmente tinha fumado antes de se encontrar com Sand, o nariz dele no seu, o olhar que recebia mesmo estando de olhos fechados, o cheiro do perfume alheio. Ambos sentiam o toque quente de suas mãos que ainda estavam juntas na guitarra. Estavam chegando cada vez mais perto de juntar seus lábios. Estava ansiosos e nem se importavam de estar em público, apenas queriam acabar com aquela pequena distância que existia entre eles.

Quando estavam prestes a juntar seus lábios, eles ouviram um barulho alto. Sand se assustou de imediato abrindo seus olhos, mas ao perceber que tinha sido a barriga de Ray que estava roncando, caiu na gargalhada. Ray estava com tanta vergonha que nem sabia o que fazer, então escondeu seu rosto no encontro entre o pescoço e o ombro de Sand enquanto o mesmo ainda ria.

Essa tinha sido a segunda situação constrangedora do dia e ambas foram causadas por Ray, o garoto que agora já não possuía barreiras e estava totalmente a vontade com Sand, que naquele momento se sentia ainda mais leve e tranquilo.

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