Capítulo 13. Donuts

208 21 3
                                    

Saíram da loja e combinaram em ir comer algo, principalmente porque a barriga de Ray já estava roncando, o que rendeu boas gargalhadas a Sand.

- Acho que tem um restaurante aqui por perto. - sugeriu Sand.

- Não, acho melhor um lanche rápido. Daqui a pouco já vai ser de noite e eu não gosto de comer algo muito pesado a essa hora. Vamos num café? Acho que tem um aqui por perto.

- Mas sua barriga tá roncando, Ray. Se você comer só um lanche agora vai sentir fome mais tarde e não vou te dar tempo pra comer. - disse Sand provocador.

- E por que não daria? Você vai fazer alguma coisa comigo ou vai me dar uma refeição especial? - um sorriso safado se fez presente no rosto de Ray.

- Claro. Não vou te dar nem uma pausa pra beber água... - disse Sand baixinho no ouvido de Ray, apenas para que ele ouvisse.

- Então vamos logo que eu tô morrendo de fome... - respondeu Ray com o mesmo sorriso idiota no rosto, pegando em seguida a mão de Sand para que fossem até o café.

Chegaram e foram direto para a balcão fazer os pedidos.

- Olá, qual vai ser o pedido? - cumprimentou a atendente que estava atrás do balcão.

- Vou querer dois donuts de creme e um americano. E você? - disse olhando para Ray que estava ao seu lado.

- Hum, acho que vou querer dois donuts de creme também e um café gelado.

- Okay, vai ser pra viagem? - perguntou a atendente enquanto anotava os pedidos.

- Sim, por favor.

- Qual vai ser a forma de pagamento?

- Vai ser no cartão. - disse Sand enquanto tirava o cartão do bolso da sua calça.

- Não. Deixa que eu pago. - se apressou Ray dando a atendente algumas notas da carteira.

- Eu ia pagar. Não precisava, principalmente porque você já tinha pagado a entrada do show na outra noite.

- Mas fui eu que te convidei, então nada mais justo do que eu pagar. E não precisa se preocupar, sou rico mesmo.

- Hum, garoto mimado. - disse Sand provocador.

Depois de um tempo pegaram o pedido e saíram do café. Foram em direção a um estacionamento que tinha perto dali.

- Eu já vim aqui uma vez, a vista daqui é muito boa. - falou Ray enquanto os dois subiam a rampa do estacionamento em um fôlego só.

- Espero que valha a pena mesmo. - disse Sand que já estava com a respiração ofegante.

- Pode confiar em mim! - confortou Ray segurando a mão de Sand que estava livre, enquanto a outra segurava a sacola com os donuts.

Chegaram e a vista era realmente espetacular, principalmente agora que o sol já não estava muito alto. Dava pra ver quase toda a cidade porque o prédio era bem alto. O estacionamento estava praticamente vazio, apenas tinha dois ou três carros estacionados. Era bem tranquilo e quase não dava para ouvir o barulho de alguns carros que passavam no térreo.

- A vista é realmente boa! - disse Sand se encostando em um carro que estava mais afastado.

- E o lugar tá quase vazio. Assim vamos ter mais privacidade. - retrucou Ray com o mesmo sorriso maroto. Ele o tinha levado porque sabia que nesse horário quase ninguém estacionava seus carros lá por causa da distância, já que aquela rua não era tão movimentada.
Ray pegou a sacola que estava na mão de Sand e pegou um donuts.

- Aqui. - disse estendendo a mão para Sand, o vendo abrir a boca em direção ao donuts, porém Ray o afastou rapidamente.

- Para de graça, Ray. - disse Sand sério, mesmo achando graça no ato do outro. Sabia que Ray agia como uma criança às vezes, mas não imaginava que era tão fofo de se ver.

- Okay, okay. Aqui. - disse vendo o outro chegar perto e afastar o donuts novamente rindo.

Ele fez isso mais algumas vezes até que Sand perdeu a paciência e pegou a mão de Ray, a levando a sua boca.

Nesse momento, Sand olhava nos olhos de Ray; a mão dele estava fria, talvez pela brisa, já que eles estavam em um prédio alto. E apenas o toque quente da mão de Sand sobre a sua, faz com que Ray sentisse o mesmo arrepio que sentiu na loja de instrumentos. Nenhum dos dois desviou o olhar durante esse ato, olhavam atentamente procurando alguma brecha que os fizesse recuar.

O ato durou pouco já que Sand após morder o donuts, soltou a mão alheia, desviando o olhar para outra direção. Sabia que se continuasse em tal posição, talvez não conseguiria se controlar e atacaria a boca do outro ali mesmo. Ray sabia que Sand o queria tanto quanto ele, porém tinha uma pitada de medo de acabar estragando as coisas.

Eles não tinham nenhum relacionamento firmado; talvez fossem apenas ficantes, mas mesmo assim, ele queria ser algo a mais para Sand. Não queria precisar se conter, medir suas palavras como sempre havia feito com Mew e seus amigos. Queria ser ele mesmo, se sentir especial, se sentir amado. Antes sempre buscava em ser acolhido e amado por outras pessoas, já que depois do suicídio de sua mãe, ele não recebeu muito de seu pai. O medo de ser abandonado novamente era evidente e fazia com que ele tivesse medo de como as outras pessoas o via. Seus amigos o viam como um bêbado.
Porém com Sand era diferente. Mesmo que no começo ele o via como seus amigos o vêem, mas agora ele conseguia fazer com que o outro se sentisse livre. Eles podiam conversar, discutir, mas de uma forma ou de outra, Ray se sentia completo quando estava com Sand, e talvez o outro sentisse o mesmo.

"Ela lidava com fatos, ele lidava com a sorte. E amor impossível só foi ficando mais forte."

Listen To Your HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora