Capítulo 15. Cigarros

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Ray saiu do provador depois de se acalmar e de se vestir. Sand o esperava na frente da loja em sua moto. Já estava escurecendo, então rapidamente colocou as camisas de volta nos cabides após decidir levar somente a vermelha de mangas brancas, a mesma que fora tirada por Sand, mesma estando um pouco apertada. Foi até o caixa, pagou e rapidamente foi até Sand que já estava montado na moto, colocando seu capacete.

- Quer que eu te leve pra casa ou vai pegar seu carro na universidade? - perguntou Sand entregando o outro capacete para Ray.

- Pra casa. Deixei meu carro lá porque você foi me buscar.

- Hum... Vamos, já tá ficando tarde.

Sand deu partida em direção a casa do que estava na garupa. Já podia imaginar o que possivelmente aconteceria assim que os dois chegassem a casa de Ray, que certamente o agarraria querendo terminar o que começou no provador. Ainda tinha um certo medo de se magoar, porém queria se permitir sentir algum sentimento amoroso depois de tanto tempo. Mesmo que Ray fosse um completo idiota, talvez ele não o magoasse tanto, por estar machucado também; ele parecia querer cuidar dele, ou talvez Sand estivesse apenas vendo coisas.
Chegaram depois de um tempo, por conta do engarrafamento causado pelo horário de pico da cidade, já que eram quase seis horas quando sairam da loja.

- Pronto, tá entregue. - disse Sand estacionando a moto em frente a casa do outro.

- Você quer entrar? - perguntou Ray tirando o capacete; Sand sabia das intenções do menor através daquele convite, já que o mesmo sorriso idiota de antes se fazia presente em seu rosto naquele momento.

-Hum, não sei se é uma boa.

- Ah, vai Sand. Não tem ninguém em casa hoje e não quero ficar sozinho, me faz companhia, por favor? - pediu Ray segurando o braço de Sand o balançando afim de convencer o outro.

- Okay. - respondeu Sand finalmente descendo da moto seguindo Ray para dentro da mansão que ele morava. Não tinha algo que Ray pedisse e Sand não fizesse a essa altura do campeonato.

Entraram na casa e Sand seguiu Ray até uma sala que tinha um sofá de couro, uma mesinha de centro e algumas estantes onde pareciam ter muitos CDs, discos e alguns livros. Tinham alguns quadros e pôsteres pelas paredes de bandas famosas dos anos 80 e 90.

Ray foi direto para a mesinha que tinha um toca de discos no canto da sala, parecido com o que tinha na loja que foram mais cedo, porém ele era menor. Pegou uma garrafa de uísque que estava na mesa e despejou o líquido em dois copos, dando para Sand em seguida.

- Cadê seus amigos? Aqueles do bar? - perguntou Sand tomando um gole da bebida.

- Provavelmente com seus namorados. Talvez eu devesse contratar alguém pra me fazer companhia... Você tá disponível? Posso te pagar se quiser. - perguntou Ray.

- Coitado do menino rico, foi abandonado pelos amigos. - disse Sand em tom de deboche, vendo Ray ter um sorriso no rosto. - Se você quiser posso ser seu amigo e você não precisa me pagar. Assim você pode economizar pra um psiquiatra.

- Meu amigo?

- Hum. - concordou Sand indo em direção ao sofá.

- Se você quer ser meu amigo, vai ter que cuidar de mim de todas as formas. - disse Ray se virando em direção ao outro.

- Isso parece mais como um pai, sabia? - falou Sand enquanto sentava no sofá, pegando um cigarro e acendendo em seguida.

Não houve resposta, apenas um sorriso de canto no rosto de Ray, enquanto pegava um disco e o colocava no toca discos. Era uma música relaxante, que Sand identificou como sendo de uma banda não tão conhecida na Tailândia. Lembrava de ter  escutado essa música apenas algumas vezes em sua infância no bar stripper onde sua mãe trabalhava.

Em seguida Ray foi em direção ao sofá, se sentando ao lado de Sand e pegando um cigarro também. O colocou na boca e se aproximou de Sand que estava com o seu em seus lábios afim de acender o que estava apagado, enquanto o olhava nos olhos.

Ray havia um brilho diferente em seus olhos, olhos que refletiam o mesmo sentimento tão presente durante o dia que passaram juntos; refletiam desejo, talvez. Um desejo constante que crescia cada vez mais com o decorrer dos segundos que passavam juntos.
Sand aproximou seu rosto até o cigarro e acendeu o mesmo, se distanciando em seguida não permitindo que os olhares durassem por muito tempo. Viu de canto de olho, Ray parecer ficar um pouco decepcionado ao encostar as costas no sofá.

- O que você acha de mim? - disse Ray se virando para Sand que levava seu cigarro a boca enquanto o olhava atentamente. - Acha que eu sou interessante? Você disse que é versátil, mas será que o bastante para aguentar alguém como eu?

Essa foi a vez de Sand não responder. Estava meio chocado com a pergunta repentina. Ray deu um sorriso de canto e levou o cigarro à boca novamente, tragando um pouco da fumaça e em seguida partiu em direção aos lábios de Sand que apenas observava o que fazia.
O gosto do cigarro se intensificou em meio a um beijo desesperado. Ray tinha pressa; queria descontar todo seu desejo que fora acumulado durante o dia. Sand não era tão diferente, sentia leves arrepios quando a língua do outro encostava na sua buscando por contato, sentia a boca quente do outro e o gosto de cigarro misturado ao uísque. Se separaram, ainda mantendo seus rostos perto o suficiente um do outro.

- Se você fizer isso, não será apenas meu amigo. - falou Sand após regular sua respiração um pouco. - E você vai continuar me querendo.

- Claro, se você for capaz... - disse Ray se inclinando até a mesa de centro apagando seu cigarro no cinzeiro, enquanto ainda olhava para o outro.

- Não duvide de mim, riquinho mimado. - retrucou Sand também apagando seu cigarro.

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