Capítulo 10. Convite

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Sand estava sentado em sua cama olhando para o número de Ray por um bom tempo em seu telefone, pensando se ligava ou não para ele. Não sabia se eles tinham criado intimidade o suficiente para isso, mesmo eles tendo ultrapassado a linha entre amizade e romance.
Ele tinha muito interesse por Ray, mas mesmo assim ainda estava inseguro sobre suas intenções. Sand sabia da relação de Ray e Mew; sabia que ele era apaixonado pelo amigo, mas agora que Mew estava com Top, tinha a dúvida de que Ray estava apenas tentando esquecer ele com a primeira pessoa que aparecesse na sua frente, que por coincidência ou não, foi Sand.

Se sentiu fraco por ter se entregado tanto a uma pessoa que possivelmente o machucaria, mas não pôde evitar. Apenas os olhos brilhantes e o sorriso radiante de Ray, o levou do inferno ao céu em apenas algumas horas. Sand se sentiu a vontade, depois de bastante tempo. Ele não pensou nos seus problemas, apenas se concentrou em aproveitar a noite ao máximo na companhia de quem ele nem imaginaria a alguns dias atrás.

Depois de um tempo resolveu ligar, só não tinha um motivo plausível para esse ato. Tinha medo de Ray achar que ele já estava apaixonado ou algo parecido, não que não fosse o caso. Nem ele sabia como se sentia, apenas sabia que queria aquilo de novo.

Sand não teve muito tempo para pensar no motivo, já que seu celular começou a tocar, indicando na tela o número salvo a dois dias atrás, o de Ray.

- Alô. - disse após atender rapidamente a ligação.

- Oi Sand, como você tá? - perguntou Ray feliz em ouvir a voz do outro.

- Tô bem, por quê?

- Você tá livre agora?

- Não sei... - respondeu Sand tentando colocar um tom de incerteza na voz, para não deixar na cara que ele esperava por aquela ligação. - Talvez. Por quê?

- Eu vi que abriu uma loja de CDs antigos e discos de vinil. Achei interessante, mas não quero ir sozinho. - disse Ray com entusiasmo na voz.

- E porque você não convida seus amigos?

- Eles estão ocupados o suficiente com seus amores.

- Hum, não sei se vou estar livre, tenho umas entregas pra fazer hoje.

- Ah, vamos, vai ser divertido e eu tenho certeza que você também quer repetir a mesma dose de dois dias atrás. - o tom provocador na voz de Ray foi tão notável, que Sand juraria ver o sorriso sem vergonha em seu rosto sendo formado no mesmo distante.

- Você vai pra universidade hoje?

- Vou, só mais tarde.

- Vai sair que horas?

- Acho que as duas.

- Depois que eu fizer minhas entregas, eu te busco lá. Okay?

- Então, eu te espero lá. Beijinhos. - disse Ray com o mesmo tom provocador de antes porém carinhoso.

- Hum, até mais. - Sand sentiu seu rosto ficar levemente vermelho pelas palavras do outro.

- Você não vai mesmo retribuir meus beijos? - disse Ray indignado.

- Tô desligando. - respondeu rapidamente antes de desligar a ligação.

Sand gostava de quando o outro era provocador, porém sempre se sentia de uma forma diferente. Na outra noite, se sentia desafiado, em outros momentos se sentia tímido e em outros se sentia até excitado. Ray tinha esse poder sobre ele, mesmo que ele nem percebesse e era isso que assustava Sand ainda mais.

Talvez fosse melhor se ele só aproveitasse os momentos e deixasse as coisas fluírem e se caso alguma coisa mudasse ele poderia apenas se afastar como sempre fazia quando seus ficantes ficavam pegajosos. Apenas se permitiria aproveitar e fazer novas memórias.

Após algumas entregas, Sand estava esperando por Ray no endereço que o mesmo o tinha enviado.
Encostado em sua moto, Sand reparou nas pessoas que passavam de um lado para o outro no saguão principal. Alguns olhares curiosos eram depositados sobre ele, porém ele nem deu muita importância. Esperava Ray com ansiedade; parecia ser saudade, mesmo que eles não tivessem nenhum tipo de relacionamento sério; apenas se divertiam na companhia um do outro.

Se virou e viu Ray chegando apressado; ele vestia apenas uma regata enquanto segurava uma jaqueta. Sand por um momento, se sentiu estressado ao sentir os olhares sobre Ray; queria poder cobrir os braços do outro de alguma forma. Se questionou se isso era ciúmes, porém afastou tal pensamento enquanto o menor chegava cada vez mais perto de si.

- E ai, vamos? - perguntou Ray parando em frente a Sand que estava do outro lado da moto apoiado na mesma.

- Você não acha que está chamando muita atenção com esses braços a mostra? - retrucou Sand visivelmente enciumado.

- Tava muito quente na sala e também eu vim correndo, nem deu tempo pra colocar. Mas por que você se importa? Tá com ciúmes? - perguntou Ray com um sorriso maroto no rosto. Adorava saber que Sand era um livro aberto, mesmo que tentasse esconder, seus olhos refletiam seus sentimentos, e naquele momento refletiam claramente, que estava morrendo de ciúmes por dentro.

- Não me importo. Só não gosto dos outros olhando pra mim como se eu tivesse cometido um crime. Parecem até que vão me comer vivo por estar simplesmente perto de você.

- Isso porque eu sou atraente e também estou conversando com outro cara bem atraente. - disse se apoiando na moto com a finalidade de chegar ainda mais perto do rosto de Sand.

- Você tá flertando comigo? - falou também se apoiando, ficando ainda mais perto do outro.

Por um momento, ficaram apenas se encarando. Analisavam cada curva do rosto alheio, desde os olhos até o sinais sutis em ambos os rostos. A mesma tensão da outra noite se fez presente novamente; tinham vontade de chegar ainda mais perto, queriam sentir a respiração ofegante e desregulada, os toques sutis e despreocupados, queriam explorar o corpo alheio, cada pedacinho escondido, sentir tudo que poderia ser proporcionado, queriam reviver o momento que viveram a duas noites atrás.

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