𝙲𝚊𝚜𝚊 𝚁𝚎𝚒𝚔𝚘 𝟸𝟶𝟶𝟹
— Aqui estão as provas contra o culto. — Nanami se jogou no sofá de Azumi juntamente a uma pasta cheia de documentos. — Nenhum deles vinculado a Toji Fushiguro.
Reiko rastejou até o amigo sentando-se ao seu lado de forma cansada.
Faziam dias que ela se encontrava no luto de um relacionamento fracassado e Nanami tentava, de toda forma, distraí-la.
Em vão.
Azumi não se alimentava direito, não dormia bem e faltava as aulas.
Kento conseguiu cobrir suas mentiras do professor Yaga, mas não duraria muito.
— Você precisa aceitar que as pessoas carregam o mal consigo, Azumi. — Kento passou seu braço pelos ombros fracos e caídos da moça, trazendo-a para si. — Essa é a parte mais difícil de amar.
Não é como se ela não soubesse que Toji odiava os feiticeiros, ele nunca mentiu sobre isso.
— O que devo fazer, Nanamin?
— Não por a sua bússola moral em ninguém. — Kento depositou um beijo demorado nos cabelos negros de Azumi. — No ponto de vista dele, e do pouco que sei sobre sei passado, não consigo julgá-lo como totalmente errado.
— Está defendendo ele? — Azumi levou seus olhos brilhantes até ele esperando uma resposta.
— Não cabe a mim ditar o certo e o errado, em realidades que não são minhas, Zumi. Você não deveria também.
— Acha que eu deveria procurar por ele? — Reiko afundou seu rosto no peito de Nanami em busca de conforto.
Óbvio que ela queria procurar.
Ela queria entender o porquê ele fez isso, o que o motivava.
Além de Satoru, Toji foi seu único amigo em anos.
O único que realmente se importava com ela, e não seu sobrenome.
Por ela, ele enfrentou pela segunda vez os maiores nomes do mundo jujutsu, pondo em risco a única coisa que restava a ele.
Megumi
— Não seja estúpida, Reiko. — Nanami bufou enquanto apertava suas têmporas cansadas. — Não é como se não soubesse que ele te segue e vigia todos os dias.
Reiko gargalhou alto, em semanas.
Sim, ela sabia.
Não conseguia perceber a sua presença por ele ser extremamente rápido, mas a sua energia amaldiçoada sempre o rastrearam por um simples motivo: Megumi.
Ele só confiava o menino nos braços de Azumi, então desde que brigaram, ele sempre carregava o pequeno naquele canguru azul com verde.
— Está lá fora, inclusive, querendo me matar por achar que estamos tendo um caso. — Nanami olhou para sua amiga de soslaio com um sorriso irônico tentando empurrar Reiko para fora do sofá. — Talvez devesse contar a ele que Satoru Gojo que é seu oponente, só assim me livraria daquela cobrinha narcisista.
☾☽
Azumi se sentou no balanço de frente ao lago imenso que tomava conta de sua propriedade.
Sempre só.
Passou anos de sua infância ali com Satoru enquanto todos da sua família sempre a deixavam de lado, trocando-a por obrigações do mundo dos feiticeiros.
O vento frio batia em seu rosto jogando seus cabelos longos totalmente para suas costas e o cheiro das cerejeiras dominavam seu cérebro.
Tinham cheiro de infância misturado com os doces que ela cozinhava para Satoru.
— Espero que não leve Megumi para suas chacinas também. — Azumi falou em alto em bom som enquanto inalava o doce cheiro das memórias. — Achei que fosse esperto e soubesse que posso pressentir todos, menos você.
— Por ser esperto que o trouxe sempre comigo. — Toji respondeu risonho enquanto se aproximava de Reiko. — Sinto sua falta, diaba.
— Porquê? — Ela sussurrou cansada, exausta de estar longe dele.
Longe do que ela considerava família.
Toji se sentou no outro balanço vago com Megumi adormecido em seu peito de forma inocente e pacífica.
— Não tive uma vida facil, Azumi... — Ele pigarregou quando começou a falar. — Nasci em um clã famoso em um mundo onde ter energia amaldiçoada é importante. E eu nasci sem 0...
Ele sorriu com escárnio mantendo seu olhar fixo no rosto de seu filho adormecido que chupava seus pequenos dedinhos.
— Fui espancado, torturado e abusado por todos naquela família, e por quase todas as outras que viriam nos visitar. Nem minha mãe me olhava como filho. Treinei para tentar ser bom, e hoje sou o melhor daquele clã imundo, mas ainda não foi suficiente então eu simplesmente parti.
Azumi olhava Toji com atenção enquanto, ele, fugia de todas as formas dela.
Pela primeira vez, ele estava vulnerável.
— Não tinha dinheiro, nem comida então precisei me virar. O único trabalho oferecido para um primata como eu, era ser mercenário. Então aceitei e, mais uma vez, sou o melhor. Quem, sem energia amaldiçoada, conseguiria matar feiticeiros e maldições? Eu. Toji Fushiguro.
— Nasci 3 vezes na vida, Azumi. — Ele finalmente olhou para sua amada naquela noite. — No clã, com a mãe de Megumi e... você.
— Toji, eu....
— Não peço que você concorde com minhas razões, Azumi. Eu largarei tudo por nós. Apenas... entenda que nem todos são iguais, e se você me aceitar assim, eu te darei todo meu amor.
— Que estranho... — Reiko soltou uma risada pelo nariz, causando estranhamento em Fushiguro.
— O que?
— O som do meu nome na sua boca... Não me chame de Azumi, você nunca fez.
Toji então se levantou do brinquedo e se ajoelhou em frente a Reiko, com o sorriso marcado pela cicatriz que ela tanto amava.
— Eu te amo, diaba.
☾☽