🇹 🇴 🇶 🇺 🇮 🇴 , 2016
O céu cinzento se cobria de nuvens carregadas, anunciando a tempestade que se aproximava. Os raios cortavam o céu, iluminando a paisagem sombria.
No entanto, no campo de treinamento do colégio, a intensidade da luta era ainda maior. Azumi Reiko, com seus cabelos escuros esvoaçando ao vento, enfrentava Maki Zen'in, a jovem renegada assim como Toji.
A chuva caía em torrentes, misturando-se ao suor das duas guerreiras.
Azumi, com olhos frios e ágeis movimentos, desferia golpes precisos, enquanto Maki se esforçava para se defender. A cada raio que iluminava o céu, a batalha se intensificava.
— Mais rápido, Maki! – gritou Azumi, sua voz abafada pelo barulho da chuva. – Não tenha medo de me machucar!
Maki obedeceu, seus movimentos se tornando mais rápidos e precisos.
Mas Azumi não dava trégua. Seus golpes eram certeiros, e a cada acerto, Maki sentia a dor latejar em seu corpo.
— Por que está tão brava hoje, sensei? – perguntou Maki, tentando recuperar o fôlego.
Azumi parou de repente, seus olhos fixos em Maki. A chuva escorria por seu rosto, misturando-se às lágrimas que se formavam em seus olhos.
— Brava? Eu? – ela riu, uma risada curta e amarga. – Eu estou apenas te preparando para o mundo real, Maki. Um mundo cruel e impiedoso.
Maki sentiu um frio na espinha. Havia algo diferente em Azumi hoje. Seus olhos, antes cheios de compaixão, agora brilhavam com uma raiva intensa.
— Mas... por quê? – insistiu Maki.
— Porque você precisa ser forte, Maki. Mais forte do que imagina. – Azumi se aproximou de Maki, sua voz baixa e ameaçadora. – Você precisa ser capaz de se defender, de sobreviver, não importa o quê.
Maki não entendia.
Azumi sempre havia sido gentil com ela, a protegendo dos outros membros do clã. Mas agora, ela parecia querer destruí-la, mesmo que fosse um simples treino.
A luta recomeçou, ainda mais intensa do que antes.
Azumi ensinava a Maki os mesmos truques que um dia havia aprendido com Toji, golpes cruéis e eficazes, projetados para incapacitar o oponente.
Maki se esforçava para acompanhar, mas a cada golpe que recebia, a dúvida se instalava em seu coração.
— Por que está me ensinando isso, sensei? – perguntou Maki, enquanto rolava no chão, tentando se proteger de um ataque.
— Porque um dia você vai precisar usar essas habilidades, Maki. – respondeu Azumi, sua voz implacável. – Você vai precisar se defender de pessoas como eu.
Maki ficou em silêncio. As palavras de Azumi a deixaram confusa e assustada.
— Mas por que você faria isso comigo? – perguntou Maki, sua voz trêmula.
Azumi se aproximou de Maki, colocando uma mão em seu rosto. A chuva caía sobre elas, criando uma atmosfera de mistério e tensão.
— Eu não. Meus similáres. – disse ela, sua voz suave e gentil. – E porque eu quero que você seja forte o suficiente para sobreviver a qualquer coisa.
— Mas... – começou Maki, mas Azumi a interrompeu.
— Não há mas, Maki. – disse Azumi, seus olhos brilhando com uma determinação feroz. – Você vai ser forte, ou você vai morrer tentando.
Maki fechou os olhos, sentindo as lágrimas rolarem por seu rosto, misturando-se à chuva.
Ela sabia que tinha que ser forte, que precisava sobreviver. Mas a dor que sentia em seu coração era insuportável.
A luta continuou até a chuva finalmente cessar, deixando o céu nublado e o ar úmido. Maki estava exausta, mas não desistiu. Ela sabia que Azumi não iria parar até que ela estivesse pronta.
Quando as últimas gotas de chuva caíram, Azumi se virou para Maki.
— Você fez um bom trabalho hoje, Maki. – disse ela, sua voz mais suave. – Mas não se acostume com elogios. A luta ainda não acabou.
Maki assentiu, sem tirar os olhos de Azumi.
Ela sabia que a jornada seria longa e difícil, mas também sabia que não estava sozinha. Azumi estava ao seu lado, mesmo que de uma forma cruel e dolorosa.
(...)
Após um treino exaustivo nos campos do Colégio Jujutsu, Maki foi convidada por Azumi para um lanche.
]nquanto saboreavam um onigiri, Azumi, com um tom mais suave do que o que usou durante o treino, começou a falar sobre o passado.
— Maki, você se lembra de quando Naoya citou sobre uma pessoa na festa que fomos? — A jovem Zen'in assentiu, com os olhos fixos em seu chá. — Seu nome era Toji. Ele era forte, muito forte. Mas o clã Zen'in... eles eram cruéis. — Um brilho de raiva passou pelos olhos de Azumi. — Toji, assim como você, não tinha energia amaldiçoada. Imagina a humilhação que ele sofreu?
Maki, que sempre havia se sentido um pouco à parte do clã por não ter energia amaldiçoada, se arrepiou. Ela sabia das histórias sobre um primo distante, mas nunca havia ouvido os detalhes. Azumi continuou:
— Ele era ridicularizado, submetido a treinamentos brutais, e sempre comparado aos outros. Mas Toji era diferente. Ele era teimoso, determinado. Mesmo sem energia amaldiçoada, ele se esforçava mais do que qualquer outro Zen'in. Dominava todas as técnicas marciais, estudava incansavelmente sobre maldições. Ele queria provar para eles que era digno.
A voz de Azumi se tornou mais rouca. — Mas nada disso foi suficiente. Eles o expulsaram. Imagine a dor que ele sentiu. E sabe o que ele me disse antes de ir? "Um dia, eu vou destruir esse clã". E foi isso que ele tentou fazer.
Maki sentiu um nó na garganta. A história de Toji ecoava em seu coração, e ela se via refletida em suas lutas.
— Sensei... eu também quero ser forte. Quero provar para eles que eu posso.
Azumi sorriu, um sorriso gentil e caloroso.
— Eu sei que você pode, Maki. E é por isso que te treino tão duro. Você tem que ser melhor do que eles esperam. Melhor do que eu. Melhor do que Toji.
Uma pausa confortável se instalou entre as duas. Em seguida, Azumi piscou para Maki.
— Aliás, falando em ser melhor... você sabe como eu consegui aumentar seu grau de nível para 'Especial'? Simples! Falei para o conselho que você era tão forte que podia até mesmo derrotar um dos Gojo. — Maki arregalou os olhos, incrédula.
Azumi gargalhou gostoso.
— É claro que eles não acreditaram totalmente em mim, mas funcionou! Eles lembram bem do homem que eles chamavam de primata, e ele quase matou Satoru.— Reiko suspirou e sorriu para sua aluna. — Agora você é oficialmente uma das feiticeiras mais fortes do colégio.
Maki não conseguia parar de sorrir.
Ela sabia que Azumi estava brincando, mas a ideia de ter enganado o conselho e ter sido reconhecida como uma feiticeira forte a deixava extremamente feliz.
— Obrigada, sensei, — disse Maki, com os olhos brilhando. — Prometo que não vou te decepcionar.
Azumi bagunçou os cabelos de Maki. — Eu sei que não vai. Agora vamos terminar esse onigiri antes que esfrie.