Capítulo 4

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===== > Emma < =====

Logo após a primeira partida, Regina parecia querer me consolar pela minha derrota vergonhosa, mas estava nítido em seu olhar que ela estava bem mais à vontade do que antes. E isso ficou ainda mais evidente quando ela se entregou a uma gargalhada descontraída depois que ultrapassei a linha da pista de boliche e escorreguei, quase indo junto com a bola em direção aos pinos. Eu podia ter me sentido ofendida, mas era tão bom vê-la rir daquele jeito que nem me importei que ela se divertisse às minhas custas. Regina era uma mulher tão séria e tinha uma tristeza tão grande no olhar, que vê-la assim descontraída me deixou bem mais animada do que deveria.

Na última rodada, Regina tinha marcado 124 pontos enquanto eu me sentia humilhada com os meus míseros 68. Mas não importava. Regina estava sorrindo e isso me deixava feliz como se tivesse ganhado medalha de ouro nas olimpíadas do boliche.

— Parabéns, você foi muito bem — Eu disse, enquanto caminhávamos de volta ao local onde ela havia deixado seus sapatos. — Vamos comer alguma coisa? Estou morrendo de fome. A vencedora escolhe!

Ela riu quando me viu piscar para ela e, em seguida, lançou um olhar rápido na direção da lanchonete.

— Na verdade, acho que você deveria escolher, como prêmio de consolação.

Por alguma razão, a expressão divertida que vi no rosto dela enquanto falava me deixou sem palavras por alguns instantes. E só quando ela já havia pegado seus sapatos de volta é que consegui responder:

— Já que é assim, vamos dar uma olhada no cardápio, então.

Como ela apenas assentiu, sem dizer mais nada, eu tomei a frente e caminhei até a lanchonete ouvindo seus saltos batendo contra o piso logo atrás de mim. Lá chegando, escolhi uma mesa e esperei que se acomodasse antes de me sentar também. Peguei um cardápio que havia sobre a mesa e comecei ler as opções, apesar de eu já saber mais ou menos o que eles serviam naquele lugar. Regina fez o mesmo.

— O que você acha de hambúrguer e fritas? — Perguntei, sem desviar os olhos do cardápio. Dona Célia vivia dizendo que meu paladar é muito infantil e já me deu muitas broncas por isso. Ela e minha mãe até mesmo montaram um complô contra mim na época em que tive anemia na juventude. Mas o que posso fazer se hambúrguer e batata frita são uma delícia? É impossível alguém não gostar e, mais difícil ainda, é eu conseguir resistir.

— Henry vai me matar se souber que comi hambúrguer e fritas sem ele. Mas, hoje vou abrir uma exceção — disse ela com um sorriso, deixando o cardápio novamente sobre a mesa.

— Henry? — Não pude deixar de perguntar — É o seu personal trainer? Porque, se for, ele tem feito um ótimo trabalho!

Regina ficou sem graça diante do elogio, mas não consegui resistir.

— Obrigada — Respondeu, tímida. — Henry é meu filho. Ele está sempre querendo se encher dessas besteiras e eu raramente permito.

— Você tem um filho?

Pega totalmente desprevenida com aquela informação, não fui capaz de disfarçar minha surpresa, o que acabou fazendo Regina rir baixinho. E, antes que ela pudesse dar uma resposta, a garçonete apareceu para anotar nossos pedidos. Enquanto Regina falava com ela, eu tentava imaginá-la com um bebê no colo, mimando-o, brincando e abrindo aquele sorriso maternal para ele. Quando chegou minha vez de pedir, pude ver pelo canto do olho que ela sacudiu a cabeça em reprovação quando pedi que meu sanduíche viesse sem salada. Quando a garçonete se afastou, ela respondeu minha pergunta.

— Tenho um bebê de seis anos de idade que já quer ser todo independente. Essas viagens que tenho que fazer sem ele são terríveis para mim. Sem contar que semana que vem ele sairá em sua primeira excursão com os coleguinhas da escola. Vão passar duas semanas em um acampamento e isso está me tirando o sono. Mas, ele está muito animado com a viagem! — Enquanto ela falava, eu podia ver a pontada de tristeza que embaçava o brilho do olhar dela. Ainda assim, era encantador vê-la falar do filho, tornando impossível não notar o tamanho do amor que tinha por ele. Também foi impossível não sentir uma pontada de dor atravessar o meu peito.

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