12º

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Melina Busato

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Melina Busato

—— Amiga, olha quem está na nossa mesa— Helena chamou a minha atenção, parei de dançar e olhei para onde ela apontava discretamente

—— Quando ele chegou?— disfarcei o olhar e ela também

—— Eu não vi, mas deve ter sido antes da Mari ir embora— Dei meu último gole na caipirinha já disposta a sair o mais rápido possível daqui, infantilidade minha? Talvez, mas eu prefiro previnir do que remediar

—— Vamos pra casa? Não quero correr o risco de alguém especular algo— ela assentiu

—— Vou falar com ele rapidinho, já volto— eu me surpreenderia se ela não fosse paparicar o Barbosa. Sempre foram cúmplices um do outro

Sai da frente do palco improvisado e rodeei o quiosque ficando perto das escadas que davam acesso à areia, abri minha bolsa tirando um cigarro e o meu celular, enviei uma mensagem para o Nicolas avisando que já estava indo para casa e outra para a Helena perguntando se já poderíamos ir embora. E em poucos minutos ela respondeu que já me esperava no carro.

—— Fugindo de mim, Melina?— Meu Deus, eu devo ter uma lista extensa de karmas, não é possível!

—— E eu tenho motivos pra isso?

—— Não sei, me diz você. Me viu e fingiu que não— Neguei expelindo a fumaça para o lado oposto do seu rosto— Desde quando você começou fumar?

—— Há muito tempo, Gabriel— encarei o céu estrelado me permitindo apreciar aquela bela visão tentando ignorar a presença dele ao meu lado, o que não foi possível pois ele insiste em puxar assunto

—— Vim aqui só pra te ver, Mel— ele se achou no direito de afastar o meu cabelo do meu ombro— Eu não consigo parar de pensar em você...

—— Gabriel, eu sei que aquele episódio na casa da Marília bagunçou a nossa cabeça, mas eu quero deixar bem claro que entre a gente não vai acontecer nada— ele riu acariciando a barba perfeitamente desenhada

—— Não vai, é?— indagou com um ar risonho

—— Não. Eu estou muito bem e feliz com o Nicolas...

—— Para, Melina, você acha mesmo que me engana com esse papinho de que está sendo mil e uma maravilha esse seu caso?

—— Não é um simples caso, Barbosa, eu vou casar em menos de um mês e espero que você respeite isso!

—— Chega a ser irônico você querer exigir respeito da minha parte, pois foi a última coisa que você teve por mim quando decidiu ficar com esse cara— soltei um longo suspiro, que preguiça desse assunto

—— O que diabos você quer comigo, Gabriel, já que na sua cabeça eu sou a única culpada nessa história?

—— E não é? Porra, você sempre dizia que entre vocês não passava de amizade e na primeira oportunidade colocou ele no meu lugar!

—— Na boa, Gabriel, essa discussão não vai nos levar em lugar algum. Só me deixa em paz!— dei as costas pronta para sair o mais rápido possível.

—— Até a sua mãe sabia e não compactuou com os chifres que você me colocava!— o olhei sem entender, o nível de delírio aumentou tanto que agora ele inclui terceiros na suposta traição

—— Você é maluco, é a única justificativa pra esse delírio todo— apaguei o resto de cigarro — A minha mãe te detestava, você acha mesmo que se eu estivesse tendo um caso com outra pessoa ela iria ficar do seu lado? Pelo contrário, tenho certeza que ela seria a primeira a me incentivar.— guardei o meu celular e virei para sair dali

—— Não foi o que aconteceu. Ela me alertou desde o início, mas eu fui burro e escolhi confiar em você, e deu no que deu— voltei para onde estava ainda sem entender aonde ele queria chegar— Aquele dia eu nem iria voltar pra casa cedo porquê o Fabinho já sabia da tal festa, mas aí a Carla começou a ligar, mandar mensagens falando que vocês dois estariam juntos na minha casa...

—— Você pirou?— gargalhei ainda incrédula— Se isso fosse verdade você teria me contado bem antes

—— Bom, acredite se quiser— bebeu o último gole de uísque enquanto me olhava— Já que não acreditou em uma palavra que eu disse, tire suas dúvidas com ela

Quais são as chances disso ser verdade?

Tudo bem, a minha mãe não é flor que se cheira, já aprontou horrores comigo do tipo de afastar as pessoas de mim, muita das vezes só por uma pequena desconfiança que ela tinha sobre essas pessoas, mas eu sei que tudo o que ela fez foi para o meu bem. Mas inventar toda essa história para o Gabriel já é demais, ela sempre soube o quão importante ele é pra mim, ou melhor, era, dificilmente iria fazer algo para me magoar, disso eu tenho certeza!

—— Numa boa, Gabriel, só me deixa em paz!

Saí sem nem olhar para trás, meu celular já estava sendo bombardeado de notificações, tirei o objeto da bolsa lendo as mensagens da Helena, "Tá achando que eu sou taxista para estar esperando a madame?", foi a última que li antes de entrar no meu carro.

—— Já cheguei, espero que não cobre alguma taxa por atraso— brinquei colocando o cinto de segurança

—— Estava com quem, hein?— me encarou com os olhos cerrados— Aliás, nem precisa falar, sua cara já diz

—— Você não faz ideia do ódio que eu estou do Gabriel!— decidi desabafar, eu definitivamente não sei pensar sozinha, sempre peço ajuda para alguém— Ele agora me veio com o papo de que a minha mãe foi quem falou para ele que eu estava com o Nicolas, tem noção disso?

—— Bom, amiga, faz sentido— falou após uns segundos calada— Pensa, a Carla sempre deixou claro que não aprovava vocês dois, e ela já inventou outras picuinhas para separar vocês...

—— Claro que não, Helena, não viaja!— neguei imediatamente— Minha mãe estrapola os limites às vezes, eu sei, mas isso ela não seria capaz de fazer

O assusto foi cessado até chegarmos em casa, já era tarde e o Nico ainda não havia chegado então tomei um banho e fui para a cama, mas eu fiz tudo menos dormir. Li umas páginas de um livro antigo que eu nunca mais tinha visto, vaguei pelas redes sociais, assisti um jornal qualquer e nada disso me fez ter sono, minha cabeça não parou de pensar no que o Gabriel me falou nem por um segundo.

E se ela realmente fez isso?

Reincidente| Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora