Uma falsa acusação, só isso foi o suficiente para acabar com o relacionamento de Melina Busato e Gabriel Barbosa. A relação teve fim, mas ambos continuam sentindo o mesmo amor de três anos atrás.
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Melina Busato
Dez minutos para meia noite e nada do Nicolas chegar, mesmo sentindo um aperto no peito pensando na possibilidade de nos separarmos, preparei um jantar com o prato predileto dele, foi a forma que eu encontrei para me redimir. Helena ao saber de toda essa situação, saiu para uma balada e deixou avisado que dormirá fora para nos dar privacidade.
Eu estou tão confusa! Apesar de tudo, eu gosto dele, gosto muito! Não da forma que deveria ser, mas eu gosto. Chega a ser egoísmo da minha parte querer manter ele perto de mim mesmo não conseguindo corresponder aos seus sentimentos, ele merece muito mais do que eu posso oferecer.
Ao ouvir o barulho do carro sendo desligado na garagem, apaguei o cigarro no cinzeiro e sai do quarto indo até a sala para esperar por ele.
—— Estava te esperando para jantar— mordi o lábio inferior esperando uma resposta— Fiz um risoto de queijo
Ele deixou a mochila no sofá e foi até a cozinha, em um silêncio ensurdecedor nos servimos e sentamos frente à frente, pensei em várias maneiras de quebrar esse silêncio mas não consegui formular uma frase, apenas esperei ele tomar inciativa.
—— Olha, Melina...— limpou a garganta enquanto encarava o talher em sua mão— Eu tentei me colocar em seu lugar, tentei te entender, mas pra mim não dá. Eu te amo muito, mas não dá mais. É melhor a gente parar por aqui, eu estou cansado de sempre fazer de tudo para esse relacionamento dar certo, um esforço que deveria ser mútuo eu estou fazendo sozinho...
—— Eu não quero me separar, Nicolas— interrompi
—— Você quer, você sempre quis. Eu que tentava me enganar achando que um dia você gostaria de mim como gostou do seu ex— relaxou as costas na cadeira, agora olhando pra mim
—— Eu sempre deixei claro pra você que não seria fácil assim, eu namorei o Gabriel desde a adolescência, é impossível sentir por alguém a mesma coisa que eu sentia por ele. E eu nunca te enganei sobre isso, eu gosto muito de você, se eu não gostasse não teria aceitado me casar...
—— Você aceitou porque era cômodo pra você, nenhuma relação se sustenta sem amor, Melina. Eu tentei relevar aquela situação do bar, mas aquilo ficou me remoendo por dentro, você tem noção do quão doloroso é amar alguém que não dá a mínima pra você? Eu deixei a minha vida pra tentar me encaixar na sua, e você não é capaz de esquecer a merda de um cara que só te fez mal!
—— Não venha jogar as coisas que você fez por mim na minha cara, você já estava querendo abrir um negócio longe daqui, eu não te obriguei a nada!
—— Pelo amor de Deus, Melina! Você realmente acreditou nessa história? Eu não sei o básico de administração, como eu iria ter uma empresa? Essa foi a brecha que eu encontrei para estar perto de você. Mas mesmo assim eu nunca fui suficiente, né? Sempre me desdobrei para fazer as suas vontades, para estar ao seu lado, pra no final você correr atrás de quem só te fez mal. Eu realmente queria entender que droga de amor você está querendo!
—— Me desculpa— suspirei. Ele está coberto de razão, eu fui covarde em forçar uma relação que claramente não existia, alimentei os sentimentos dele a troco de nada— Eu vou arrumar as minhas malas, esse final de semana eu saio daqui, só quero esperar a Helena ir embora tranquila
Levantei, reprimi o choro que ameaçava em cair e fui até o quarto. Eu já imaginava qual seria o desfecho da nossa conversa, então separei as minhas malas para facilitar.
—— Você não precisa sair, deixa que eu saio— rapidamente limpei as lágrimas em meu rosto
—— Essa casa é sua— olhei de relance para o homem encostado no batente da porta, que agora se aproximou de mim
—— Eu realmente não queria que chegássemos a esse ponto— afastou o meu cabelo que eu propositalmente deixei cair sobre a lateral do meu rosto para esconder o choro— Mas eu não quero desgastar o restinho do que eu sinto por você
—— Eu entendo o seu lado, Nicolas, tá tudo bem— fechei a segunda mala indo arrumar a penúltima, meu celular tocou e a foto da minha mãe apareceu na tela, já até imagino as horas de sermões que eu vou ser obrigada a escutar. Apenas desliguei o celular e terminei de guardar as minhas coisas.
Algum tempo depois que eu voltei para o quarto, o Nicolas não estava mais, com toda certeza foi dormir em outro cômodo.
Deitei na cama tentando dormir para silenciar a minha mente, e foi em vão. Depois de muito rolar de um lado para o outro, me convenci de que não vou conseguir dormir e fui para a sacada acompanhada de um maço de Marlboro.
