Reincidente| Gabriel Barbosa

22º

Melina Busato

Suspirei de felicidade assim que entrei no meu quarto. Finalmente em casa!

Foram longos quatro dias no hospital, parece pouco, mas durou uma eternidade. Nada se compara em chegar em casa e ter sua cama quentinha te esperando.

—— Vai dormir um pouco?— Helena entrou no quarto logo após de mim

—— Não, amiga. Tenho que recuperar os conteúdos perdidos, devo ter centenas de matérias pendentes— Peguei o notebook, logo iniciando o aparelho

—— Lina, o Dr.Rafael foi bem claro quando disse que você precisa se desligar um pouco, desacelerar

—— Eu estou ótima, amiga, relaxa

—— Não se sobrecarrega, tá bom? Você ainda está sob atestado médico...— Fomos interrompidas por batidas na porta, Nicolas

—— Só vim pegar umas roupas— Passou reto até o closet, olhei para a Helena que tentava falar algo em um sussurro totalmente inaudível

—— Tchau— Falou sem paciência e logo saiu do quarto

—— A Carla me ligou querendo vir aqui— Me avisou enquanto guardava umas peças na mochila

—— Eu não quero discutir com ela de novo...

—— Amo... Lina, querendo ou não, ela é sua mãe

—— Não começa com a sua defesa, tá bom? Eu já ouvi poucas e boas dela, não quero e nem preciso ouvir mais nada

—— Tudo bem, você que sabe— arrumou a mochila em suas costas

—— Pode me dizer pra onde vai?— perguntei receosa, ele me olhou por uns segundos antes de começar a falar

—— Aluguei um apê mais próximo da praia, vou ficar lá por um tempo e aproveitar para voltar a correr

—— Nicolas, você não precisa sair da sua casa. Eu pedi para a Marília me ajudar na procura de um lugar bom pra mim— Fechei o notebook, me levantei indo até ele— E outra, eu não quero continuar nesse clima estranho com você. Tínhamos uma convivência boa, podemos continuar como amigos

——  Amigos, Melina?— Riu, passando a mão pelo rosto

—— Sim, qual é o problema? Nós não começamos assim?

—— Você não faz ideia do quão doloroso foi ter apenas a sua amizade, sendo que eu sempre quis muito mais. Sinto muito, mas eu não tenho sangue frio pra ignorar os meus sentimentos e voltar a ser apenas seu amigo— Doeu ver seus olhos lacrimejando, então preferi não prolongar essa conversa. Respirei fundo e voltei a sentar na cama— Fica bem, tá?

O mesmo aperto no peito que eu senti no dia em que decidimos nos separar, voltou a doer no exato momento em que ele saiu batendo a porta. Eu sei que errei muito com o Nicolas, mas eu não gostaria que acabássemos dessa forma.

Tentei me concentrar nos estudos, mas foi em vão, meus pensamentos não saiam do olhar choroso dele antes de sair do nosso quarto. Meu celular vibrou com três notificações, li pela barra de notificação, Fabinho. Sorri involuntariamente

Fabinho
Mel, soube que você já foi liberada do hospital

Posso ir aí te visitar? Estou por perto

Melina
Que saudade!!!

Claro que sim, vou deixar sua entrada liberada

Fabinho
Ótimo, daqui a pouco chego aí

Desliguei o celular e fui tomar um banho, a inhaca de hospital ainda estava impregnada em meu corpo.