Reincidente| Gabriel Barbosa

25º

Melina Busato

Quando eu digo que o futebol carioca sempre entrega muito entretenimento, eu não estou mentindo.

Dez da manhã e a internet já estava a todo vapor com diversos memes do Gabriel, outro que sempre entrega entretenimento, passei o dia inteiro me divertindo com a enxurrada de comentários referentes à ele.

—— Cara, eu vou zoar muito o Gabriel!— Helena gargalhou após ouvir pela décima vez a nova música dedicada ao Barbosa

Em menos de três dias ele teve a proeza de ser acusado de fraudar um exame antidoping, e ainda ser chacota da internet por ter uma "piroquinha".

—— Você é tão maldosa, Helena— Fabinho negou, rindo— Ele deve estar muito puto, até agora não quis me responder

—— Se eu fosse ele, também me envergonharia se todo o Brasil jugasse a minha piroquinha— Gargalhou mais uma vez— Agora seria uma ótima hora para a Lina expor se ele tem ou não uma miniatura

—— O caso é sério e vocês levando na brincadeira— Critiquei, mesmo depois de rir horrores— Será que essa suspensão vai ser pra valer mesmo?

—— Acho difícil. Ele só deve ter esquentado a cabeça, como sempre faz. Ele não usou nada para se sobressair, disso eu tenho certeza— De certa forma, creio que o Fabinho esteja certo. Gabriel é louco, mas não ao aponto de usar atalhos para se dar bem

—— Viemos até São Paulo para passar o dia inteiro em casa mesmo?— Helena se levantou do sofá, se aproximando até o espelho para prender o cabelo— Vou à praia, quem me acompanha?

—— Eu vou ficar aqui mesmo— Arrumei duas almofadas no sofá, e descansei minha cabeça nelas

—— Você não era chata assim, Lina. Vai perder um dia de sol lindo desse?

—— Claro que não, Fabinho, olhem o tamanho dessa casa, tem de tudo aqui. Vou no mercadinho daqui do condomínio, faço um almoço, e fico na piscina. Pra que ir para a rua?

—— A velhice chega para todos, não é mesmo?— Minha amiga riu— Vamos, Fabinho

—— Que horas vocês voltam?— Perguntei antes do mais velho sair, mesmo já sabendo a resposta

—— Hoje só voltamos amanhã!— Helena gritou já do lado de fora, neguei rindo

A porta foi fechada e o silêncio pairou sobre a casa, paz!

Pouco tempo depois deles saírem, fui até a mercearia do condomínio como o planejado. Naquela casa tem de tudo, menos o necessário, comida! Procurei um pão para o desjejum e não achei. Comprei tudo o que iremos precisar para o fim de semana e também para o meu almoço.

Voltei para a casa do Gabriel só com as sacolas do meu prato, já que a entrega aqui só começa depois do meio dia. Conectei meu celular na caixa portátil de som, e comecei a preparar o meu almoço.  Decidi preparar um medalhão de filé com cogumelos na manteiga, de longe esse é o meu prato predileto!

A Jbl estava no talo tocando "final do fim", sim, eu sofro de graça ouvindo Gustavo Lima e não aceito julgamentos.

—— Chegamos na hora boa!— Tive um sobressalto assim que ouvi a voz masculina seguida de uma risada, respirei aliviada com a mão no peito quando vi quem era— Assustou, Melina?

—— Óbvio Gabriel, isso é jeito de chegar nas pessoas?— Larguei a faca na bancada e cruzei meus braços encarando o barbudo— Tá fazendo o que aqui, hein?

—— Fugindo da realidade— Roubou um pedaço da minha mozarela que eu estava petiscando com o vinho branco, e sentou na bancada de frente para mim— Você já deve saber o que tá rolando, né?

—— Sei, sim. Você pode se ausentar no meio de um processo?— Voltei a prestar atenção nas panelas no cooktop

—— Não, eles nem sonham que eu estou em São Paulo. Mas amanhã cedo eu volto pro Rio, não posso abusar da sorte

—— Veio aqui só para gastar dinheiro, Gabriel? Vai ficar menos de 24h— Desliguei os cogumelos. Tomei a minha taça que já estava chegando em seu lábios

—— Claro que não...— Acariciou o meu cabelo, percorrendo a mão até o meu queixo— Vim aqui só pra ficar um tempo contigo

—— Ah, meu Deus! Começou, né? Tava bom demais pra ser verdade— Ri me afastando dele, agora foi a vez da frigideira ser tirada do fogo

—— A Dhiovanna acabou de chegar, dormiu fora de casa

—— Percebi, se ela estivesse aqui quando eu cheguei, já teria me enxotado há tempos!— Ele negou com um sorriso no rosto

—— Também não é pra tanto, Melina. Ela é cabeça dura, mas ama você

—— Nossa, nem quero imaginar como seria se ela não me amasse!— Ironizei terminando de montar o meu prato— Ó, por sorte eu fiz o suficiente para três. Vai ver se ela quer almoçar, garanto que não está envenenado!