Reincidente| Gabriel Barbosa

5º

Gabriel Barbosa

Eu nem estava afim de sair hoje, me encontro completamente exausto da noite passada e do treino de hoje cedo, mas me deixei levar pela insistência da Dhiovana e resolvi curtir a tal "nigth".

Perdi o tempo no celular e já fui me arrumar em cima da hora, tomei um belo de um banho e fui me vestir. Até então não sabia para aonde iríamos então só coloquei uma camisa estilo social sem mangas na cor branca, e um short estilo militar. Terminei colocando minha correntinha

—— Pra que essa pressa, hein?— Ela já estava no meu carro

—— A Marília já está lá, Gabriel, você demora mais do que pra se vestir, nunca vi isso— revirou os olhos. Dei partida seguindo a localização do meu celular. Em pouco menos de quinze minutos já estávamos saindo do carro.

De longe já era possível escutar a música que estava tocando dentro daquele bar. Dhiovana estava me guiando pois já sabia onde a Nery se encontrava, show ao vivo de sertanejo, puta que pariu, sai de casa pra isso? Logo perdi o entusiasmo.

—— Chegamos!— Dhiovana abraçou a Marília e eu fiz o mesmo— Ué, veio sozinha?

—— Não, o Éverton foi buscar uma bebida pra mim— Não prestei atenção no que as duas estavam falando, foquei no show, não era tão ruim, mas poderia ser melhor

Marília se afastou do barulho ao receber uma ligação, e quando voltou pediu para um dos garçons que estava ali abrir duas mesas ao lado da nossa

—— Desde quando você curte esse ambiente, Barbosa?— Éverton já chegou me tirando

—— Estou aqui obrigado, irmão— O balde de Budweiser chegou, abri uma garrafa dando um bom gole, era isso que eu estava precisando

—— Olha ali quem chegou— o mais velho me cutucou apontando com a cabeça, segui seu olhar e vi o que não queria, ou pelo menos não esperava ver nem tão cedo.

Melina, pisquei duas vezes com uma certa força, como ela está linda! Me perdi vendo ela entrar de mãos dadas com o seu então noivo, e eu não fui o único a parar o que estava fazendo para assistir a dona do mais belo sorriso caminhar na direção da nossa mesa. Ela continua sendo a mais bela entre todas, olhei-a dos pés a cabeça, por um momento voltei a anos atrás e lembrei de quando ela era só minha, dos sorrisos, dos abraços, dos beijos.

Fui tirado dos meus pensamentos quando ouvi sua doce voz batendo papo com a Marília, ela cumprimentou cada um ali, e pelo visto ainda não havia me notado. Mas isso não demorou muito, nossos olhares se encontraram, ou melhor, o olhar dela encontrou o meu, por um instante eu achei que ela iria ser indiferente perante a minha presença, mas pelo contrário.

—— Boa noite— estendeu a mão me cumprimentando, por poucos segundos conversamos sem dizer uma palavra, nossos olhos brilhavam com esse momento, eu só queria soltar nossas mãos e abraçá-la, sentir seu cheiro outra vez, tocar em seus cabelos, sentir sua pele na minha. Mas nada disso pude fazer, ela se afastou e foi para o outro lado da mesa agora falando com os outros amigos que acabaram de chegar

—— Disfarça mais, gabigol!— Dhiovana sussurrou em meu ouvido

—— Por que não me avisou?— perguntei indignado

—— Eu também não sabia, a Marília só veio falar quando já estávamos aqui— Tirei a chave do meu carro do bolso e entreguei para a mais nova— Pra quê isso?

—— Não vou ficar muito tempo aqui— Dei mais um gole na bebida. Não consegui tirar a minha atenção dela, por mais que eu não quisesse, acabava olhando para os dois. Ele não largou dela desde que chegaram, e se eu ainda conheço a Mel, ela não estava gostando de tanto grude.

Sentei na cadeira e abri mais uma cerveja, e me deixei levar pelos meus pensamentos. Eu realmente acreditei que quando esse momento chegasse, eu iria agir com indiferença e não me importaria em vê-la outra vez. Mas pelo contrário, acabou com todas as minhas estruturas, é cruel ver a pessoa que já te chamou de amor nos braços de outro, só consigo imaginar como seria se tivéssemos tido maturidade suficiente para sentar e conversar sobre os problemas do nosso relacionamento.

Eu pensei que esse sentimento que há tempos está guardado no meu peito era só raiva por ela ter me largado por outro, mas agora percebo que não, continuo amando ela como antes. Se eu tivesse respirado e me acalmado antes de partir para os gritos, talvez a nossa briga poderia ser resolvida como as outras, no quarto, talvez ela tivesse uma explicação para a foto que a minha ex sogra fez questão de esfregar na minha cara... mas não, eu fui idiota o suficiente para sair gritando, espalhando aos quatro ventos uma coisa que hoje eu nem tenho certeza se realmente aconteceu.

@Gabigol