-025-𝐅𝐫𝐞𝐝𝐞𝐫𝐢𝐜𝐤'𝐬 𝐩𝐥𝐚𝐧

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Adeline sentiu a sensação de braços a cercando com firmeza e acariciando seu cabelo. Sem se importar com a identidade do sujeito, ela tentou apertá-lo com a mesma intensidade, porém suas mãos abraçaram apenas o vazio. Adel levantou sua cabeça, fazendo seus olhos negros se encontrando com os azuis gélidos de seu tio, seu tio morto.

—Eu sei que esta não é uma boa hora para se dizer isto–a voz rouca dele soou, trazendo um ar gélido consigo—Mas... eu preciso de você Adeline, todos precisam. Não tenho tanto tempo quanto achei que teria.

—Do que está falando tio Frederick?–ela franziu a testa, sua mente não podia está mais confusa do que antes.

O garoto suspirou e se sentou no piso de madeira diante sua sobrinha, e a olhou novamente nos olhos. Adeline percebeu que um problema viria á tona, e provável sabia do que se tratava.

Eles estavam perto de achá-los.

A Peregrine fechou os olhos e novamente viu todo o horror da guerra, a arma em suas mão, o sangue sobre seus pés, as bombas e os gritos soaram mais intensos do que haviam sido naquela época. As coisas pareciam sempre se tornarem complicadas para a garota, como se a dor fosse parte de sua evolução, como se ela fosse a única salvadora do mundo das crianças peculiares.

Para a visão do fantasma de Frederick, Adeline apenas estava pensando, porém por dentro ela parecia está se sufocando. Sentia a garganta se fechando lentamente, enquanto suas unhas arranhavam seu pescoço, como se de algum modo fosse ajudá-la. Sua cabeça latejando e girando, perdida no vazio escuro e cheio de sombras que não a deixavam em paz. Adel desejava gritar, mas sua voz não saía, nem se quer seus músculos se mechiam. Tudo nela estava paralisado.

Adel?–Frederick a chamou—Adeline!!

A mesma puxou o ar fortemente e respirou profundo, como se por um instante, ela não tinha ar nos pulmões, anteriormente. A insuportável dor na garganta e o latejamento da cabeça pararam, e um sentimento tenebroso e misteriosa se instalou na alma da jovem.

—Eu vou matá-lo–disse com firmeza e total certeza, como um juramento ou promessa, mas não passava de nada mais do que seu dever.

O Peregrine mais velho a olhou surpreso, mas logo suavizou tentando disfarçar a sua hesitação. Por mais que fosse necessário, Frederick não queria que Adel carregasse o fardo da sua antiga tarefa. Entretanto, só existia apenas um peculiar capaz de acabar com a existência dos etéreos, responsáveis pelas inúmeros assasinatos contra as crianças peculiares em décadas.

—Preste atenção Adeline–ele a olhou sério—O que vou te contar agora é algo muito secreto, só existia duas pessoas que sabia disto.

Frederick continua observando sua sobrinha tentando decifrar suas emoções, porém, ela não demonstrava nada, além de frieza e uma aura negra e tenebrosa. Ele volta a contar seu valioso segredo e uma pequena parte da sua história quando ainda era vivo, confiando totalmente sobre a Peregrine mais nova. A mente da adolescente estava se moldando de uma forma que nem mesmo ela achou que seria capaz, o medo que tanto tinha da guerra, agora havia tornado sua maior arma.

A guerra já não era mais seu maior pesadelo e sim sua mais nova aliada, a única que a manterá viva por todas essas décadas. Adel sabia que no fundo, ela já não era mais a doce garota que sempre era por trás de sua armadura. Ela não usava nenhuma proteção, mudou seu humor e sua mente para manter todos afastados dela, que por mais tivesse medo de ficar sozinha para sempre, mantinha todos longe para o bem deles.

──𝐏𝐄𝐂𝐔𝐋𝐈𝐀𝐑𝐈𝐓𝐘 | Enoch O'connorOnde histórias criam vida. Descubra agora