-029- 𝐚𝐜𝐭 𝐨𝐧𝐞

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A peculiar observou seus pais ficarem nervosos e arregalaram os olhos, eles se entreolharam e se aproximaram rapidamente de Adel. Ela sabia que mencionar o nome de seu tio causaria essa reação neles, tinha muitas coisas que Adeline não sabia sobre o passado de Alma e Adam, e parecia que eles queriam deixar enterrado. Entretanto, o fantasma de Frederick que se comunicava com a Peregrine mais nova era o karma deles.

— C-como você....— Alma não conseguiu terminar a frase, suas sobrancelhas levantadas, era um dos requisitos que entregava seu choque.

— Sou a morte, se não se lembra mamãe — respondeu com um certo sarcasmo na voz — Eu sei tudo sobre o tio Frederick e tio Gregory — ela levantou o olhar para Adam, mesmo tom dos olhos que os dele — E do senhor também. Não é um traidor. Boa parte o compreendo.

Adam não disse uma palavra além de um suspiro aliviado, fazendo a garota ter a impressão de que uma enorme tensão largou seus ombros, diferente da mulher ao seu lado que estava perplexa. Havia completado séculos desde a última vez que ouviu o nome de seu segundo irmão mais velho, aquele que vivia conturbado por sua peculiaridade e morreu tentando salvar todos dos etéreos.

— O seu sobrenome é Bethan — Adel deu um passo em direção à sua mãe, tentando no mínimo ser delicada com o assunto — Foi Gregory, o mais velho entre vocês que teve a ideia do experimento, Barron só deu continuidade.

Os olhos da Peregrine mais velha se encheram de lágrimas que ameaçavam descer pelo seu rosto, ela depositou sua mão no peito e se sentou no sofá, aparentava não ter forças para aquela conversa. Nunca conversou sobre os seus irmãos com ninguém. A pura e dolorosa frase "Um dos irmãos não vai enterrar ninguém, já outro, vai enterrar todos." havia acontecido na vida de Alma e de seus irmãos, ela mesmo os viu entrando em conflito, ela os enterrou.

— Eu sou ele, não sou? — a voz da peculiar mais nova falhou no final, apesar dela estar tentando manter a postura séria — Sou a reencarnação de Frederick, por isso que além de ymbryne, também sou a morte. Esse é o motivo de que eu vejo ele, estou certa?

— Você vê ele? — os olhos azuis fluorescentes de Alma estavam avermelhados com a luta contra as lágrimas. Ela franziu a testa e se levantou bruscamente, segurando os ombros de Adel, assustando-a — Como ele está?

— Alma... — Adam a afastou da garota e deslizou seus braços em volta da mulher, com os dedos acariciando suas costas.

A peculiar ficou parada, observando seu pai acalmar sua mãe que escondia o rosto choroso no peito dele, aquela cena fazia seu peito doer. Ela olhou para seus sapatos e suspirou, não podia demonstrar fraqueza, era o pilar daquele orfanato. — Ele está bem. De certa forma, preso em mim — disse firme, desviando o olhar para a janela — Eu preciso continuar o plano dele.

— Não — a voz de Alma soou alta e firme, se afastando de Adam e fitando nos olhos da garota — Você não vai para essa guerra, eu não permito.

— É a minha decisão — Adel cruzou os braços, virando-se para seus pais — Eu vou fazer isto, você querendo ou não.

— Eu posso fazer isto no seu lugar — ela deu passou para frente, com o semblante carregado de seriedade e os olhos com uma pitada de desespero.

— Não, a senhora precisa cuidar das crianças — a garota insistiu, sem ligar para a preocupação de sua mãe sobre si.

— Por que você não deixa eu fazer isso por você, Frederick?! — a mulher gritou segurando os ombros de Adel com força. No entanto, ao perceber que havia trocado os nomes, se afastou de imediato — Desculpe.

A peculiar ficou imóvel por um momento, apenas trocou olhares com seu pai que desviou de imediato. Por que todos costumam desviar o olhar, quando ela mais precisa dele? O que Adel não sabia era o impacto do quando ela estava se tornando mais parecida com o seu tio, tanto na aparência quanto na personalidade e forma de pensar. Cada pedacinho da alma fragmentada dele estava plantado em seu ser, crescendo e desabrochando com uma rosa, entretanto, os espinhos espetavam não só os outros a sua volta, como também ela.

──𝐏𝐄𝐂𝐔𝐋𝐈𝐀𝐑𝐈𝐓𝐘 | Enoch O'connorOnde histórias criam vida. Descubra agora