Capítulo 04 - Balada

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Estamos no intervalo das aulas da sexta-feira e Luisa parece chateada com algo no celular. Nós nos sentamos para comer em uma das lanchonetes próximas ao prédio da faculdade e depois de pedirmos, aguardamos pela comida um pouco apressados para a próxima aula. Mas, ainda assim, não acho que seja esse o motivo de sua chateação.

Já gostava de sua aparência antes, mas agora, acho que ela está ainda mais linda. A garota à minha frente usa uma blusa de tecido fino e, agora, tranças escondem seus cachos volumosos. De todo modo, estamos bem desde o que aconteceu entre nós e, acho, nossa amizade está mais firme do que nunca.

— O que você vai fazer mais tarde? — ela bloqueia a tela e coloca o celular na pequena mesa redonda entre nós. A expressão é indiferente — Não, não tô afim de transar contigo se foi isso que pensou.

— Hum — ignoro sua brincadeira e estou realmente pensando se tenho algo para fazer, mas a garota parece impaciente, então respondo de uma vez — não tenho compromissos, acho. Por que?

— Sabe, é que eu tinha chamado o Lucas pra ir lá pra casa — ela deu uma olhada para a cozinha do local, como se impaciente com a demora para nossos lances ficarem prontos, mas não há sinais de que eles estão por vir — e ele disse que não ia, mas não quis me dizer o porquê.

— E?

— E que eu insisti e ele confessou, cheio de vergonha, que é porque você incomoda ele.

— Oxe — me surpreendo — Eu só vi ele uma vez, Luisa, como que eu já sou um incômodo? — coloquei minhas mãos em concha na nossa frente. Isso não faz muito sentido.

— Se você atendeu a porta só com aquele shortinho curto, sem camisa, exibindo seus músculos, como você acha que ele não vai se incomodar? — a forma que ela falou não só era uma confissão do quanto ela gostava ou ao menos admirava meu corpo como também insinuava que o namorado também me "admirava", mas não achei que ela estivesse se referindo a isso e tive a confirmação quando ela completou — com certeza ele ficou com ciúmes de você.

— Você tá brincando comigo, né? — ergo uma sobrancelha e encaro a sua expressão nem um pouco brincalhona — isso nem faz sentido... a não ser que tenha contado pro seu namorado que a gente ficou...

— Fala baixo, idiota — ela tenta cochichar, olhando para os lados — eu não contei.

— Então, não acho que um cara daquele tamanho tenha ciúmes da namorada comigo.

— De qualquer forma, quero que você saia comigo e o Lu pra uma baladinha aqui perto... ih, graças a Deus, tô morrendo de fome — a atendente chegou com nossos lanches e nos serviu, forçando um sorriso — então, saímos nós três, você vai ser legal com ele, vai ser comigo o ótimo amigo que é e então ele vai se sentir bem em ir ao meu apartamento pra gente transar.

— Nosso apartamento — corrijo, de boca cheia — desculpe, também tô com muita fome — então tomo do suco antes de continuar — mas por que você só não vai pro apartamento dele?

— Ele mora com a avó e até já me chamou para ir na casa deles, mas não me sinto confortável sabendo que a velhinha vai estar no quarto ao lado.

Isso me faz rir e por pouco não me engasgo com a comida. Me distraio, enquanto mastigo e saboreio o lanche, pensando em quantos anos pode ter realmente esse garoto, ou o que faz da vida, mas minha amiga ergue a sobrancelha esperando uma resposta minha. Mulheres.

— Eu não sei, não...

— Anda, as entradas são baratas e vai ter muita gente daqui do campus — ela faz menção à faculdade, indicando ao prédio atrás de si — quem sabe você não se enturma, percebi que você fica só sentado no fundão e mal fala com o pessoal da sala... essa é uma ótima oportunidade.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Onde histórias criam vida. Descubra agora