Capítulo 18 - Segurando a Barra

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Quando chego em casa minha amiga já não está mais, o que quer dizer que ela decidiu ignorar as dúvidas que a dominavam e seguir o que seu coração e seus desejos pediam. Pensar sobre isso me deixa um pouco bobo, feliz por ela estar novamente apaixonada, mas também me deixa triste, talvez um pouco com inveja dela. Afinal eu não posso fazer o mesmo que ela.

Talvez eu sinta algo pelo ex namorado de minha amiga, mas como eu saberia? Nós sequer nos conhecemos direito ou ao menos trabalhamos juntos o suficiente para que eu pudesse tomar qualquer informação a seu respeito. Além do mais, ele havia desaparecido de nossas vidas há mais de um mês e sequer sabemos se está bem. Ao menos, se alguém mais próximo sabia, como sua sócia na academia, não tinha conversado sobre ele com ninguém.

- Você não tem nada a perder, idiota! - uma risada me escapou.

É engraçado encarar o próprio reflexo no espelho e tentar dar a você mesmo um conselho ou sermão, mas o meu reflexo tinha razão. A academia é aberta no domingo, mesmo que em horário reduzido e, como é o único dia em que não trabalho, não custa nada tentar arrancar algo da minha patroa a respeito do paradeiro de seu sócio. Ela está tendo que trabalhar todos os dias após o afastamento de Lucas, então com certeza a encontraria lá.

Por sorte eu ainda tinha tempo, então me vesti para treinar e caminhei até a Ludri. Luisa não tinha me dado notícias, mas achei que deveria dizer para onde estava indo e, por isso, mandei mensagem assim que cheguei à entrada do lugar.

- Olha só quem apareceu no dia de folga.

É impossível esconder a minha expressão indiferente quando vejo Mari na recepção da academia quando passo pela catraca. Ela ergue a sobrancelha quando nota e o sorriso em seu rosto fica mais irônico que antes.

- Nem me olhe com essa cara, eu adoraria não estar aqui sentada hoje - a garota passa as mãos no cabelo antes de focar na tela do notebook à sua frente - só estou quebrando um galho para nossa chefe.

- Desculpa, só estranhei quando vi você aqui e não a Drica - guardo meu celular no armário próximo a ela, como de costume, e fito as planilhas na tela - aconteceu alguma coisa com ela?

- Primeiro que hoje é dona Mariana pra você - ela estufa o peito, me fazendo rir - e não, a Drica só parecia cansada demais e eu falei que dava conta de tudo por aqui hoje.

- Entendi... - tento esconder a frustração que está voltando a me tomar - bom, vou treinar.

Depois que a deixo na recepção, me dirijo à sala de musculação. Eu não estava planejando seguir com o meu treino habitual hoje, afinal treinar mesmo estava mais para plano B, então qualquer exercício pesado que me fizesse cansar e suar bastante me pareceu atrativo. Eu precisava esquecer as besteiras que haviam me convencido de vir aqui hoje, precisava deixar de lado qualquer pensamento idiota sobre "deixar as borboletas voarem pelo nosso estômago". Isso não é para mim, nunca foi.

***

Não sei há quanto tempo estou aqui, e o fato de Mari não ter vindo até mim - afinal eu era o único nesse cômodo - deixava claro que não era tão tarde. Meus músculos estavam cansados, eu podia sentir meu peito arder depois do último exercício, mas eu precisava de mais, e o supino me pareceu um bom encerramento. Por isso equipei a barra com a quantidade de pesos que eu já estava acostumado e iniciei o movimento, deitado no banco.

Minha respiração era guiada pela subida de meus braços, que ficavam mais devagar a cada nova repetição. Na última série, eu sabia que precisaria diminuir o peso ou as repetições, mas eu estava bem. É claro que eu consigo.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Onde histórias criam vida. Descubra agora