Capítulo 12 - Playboy

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Estou mais uma vez em meu quarto, com as costas no chão depois de ter feito uma série de abdominais, pois acabei fazendo disso um hábito e o faço sempre que estou com tempo de sobra. Consigo ouvir passos leves se aproximarem da porta e vejo uma sombra por baixo dela. Demora um pouco até que eu ouça as batidas, leves, e isso me faz pensar que há algo de errado. Ela não é tão hesitante.

— Entra — Luisa gira a maçaneta, abrindo a porta e, quando encontro seus olhos, rodeados de manchas vermelhas, noto a tristeza estampada em seu rosto — puta merda, o que aconteceu?

Não demoro a me levantar e, sem me importar que estou suado e sem camisa, abraço minha amiga. Luisa se permite ser abraçada e não reclama comigo. Afinal, assim que se encolhe em meus braços, ela desaba a chorar, com os soluços de se sentir pena. Não sei muito bem como agir, muito menos como falar, por isso tento ao menos continuar lhe dando essa força.

— Vai ficar tudo bem — sussurro, esperando que se acalme.

Após um tempo, Luisa fecha os olhos quando para de chorar, ela parece estar tentando se recompor. Eu ainda a envolvo em meus braços, mas os afrouxo um pouco e ela respira fundo.

— Se não quiser falar agora, tudo bem, mas...

— Mas ajuda, eu sei — ela força um sorriso, ainda de olhos fechados, e quando os abre e me encara, olhando para cima, me parece menos frágil que antes — Você tá um nojo, sabia?

— Sério que você quer falar do meu fedor agora? — franzo o cenho, e ela passa a olhar para frente — aconteceu alguma coisa com seus pais?

— Está tudo bem com meus pais.

Sua voz é calma, mas ela vagueia um pouco, imagino que não foi mesmo problema com seus pais. Então lembro que Lucas saiu mais cedo para buscá-la e me pego afastando-a de mim para checar se, por acaso, estava machucada. Afinal eles voltariam de carro, certo? Não sei ao certo o que pensar.

— Porra que susto, Davi! — ela grita me encarando, séria.

— Desculpa — ela senta ao meu lado agora, eu coloco as mãos no meu colo, envergonhado — achei que podia ter tido um acidente ou sei lá, você não tá falando e...

— O Lucas terminou comigo.

— Puta merda — me surpreendo e vejo ela voltar a fechar os olhos — eu sinto muito, como você... é, desculpa, pergunta idiota.

Luisa apenas faz que não, como se já estivesse bem ao menos para falar e, sem que eu lhe pergunte nada, começa:

— Ele me trouxe para casa depois que saí da casa de meus pais — fiz que sim, afinal sabia disso, e a deixo continuar — ele estava quieto durante a viagem de carro, o que era estranho. Não estava escuro ainda, nem era longe o suficiente para se concentrar tanto na estrada, mas fiquei na minha. — ela narra tudo como se tivesse analisado por completo o namorado ou se o conhecesse bem o suficiente para saber que algo estava errado, ignorando a tristeza que parece sentir — quando chegamos ele disse que queria conversar, falei que você tinha saído e ele sentou no sofá, me pedindo pra fazer o mesmo.

Luisa faz uma pausa, e eu me sinto desconfortável de me meter no meio da história, sequer tenho coragem para dizer que não precisa me contar nada se não quiser. Além disso, a forma com que fala parece ajudar a tirar um pouco o sentimento de dentro dela, então aguardo que ela volte a falar, e assim o faz, mas dessa vez, sua voz parece enraivecida.

— Acredita que ele falou que gostava muito de mim e por isso queria terminar? — ela ergue as palmas das mãos, buscando sentido no que o agora ex-namorado havia dito — Disse que estava com dúvidas quanto ao nosso relacionamento, depois se corrigiu, dizendo que tinha dúvidas, e ponto, e não disse mais nada sobre isso. — Luisa se virou pra mim e eu me assustei com a forma que seus olhos me encaravam — quando chegou à porta eu perguntei se ele tinha outra e sabe o que ele fez? — ergui as sobrancelhas, no fundo, com medo de sua resposta — ele não me respondeu! E você sabe que isso quer dizer que a resposta é afirmativa!

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Onde histórias criam vida. Descubra agora