Capítulo 20 - Verdade

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Lucas e eu nos esbarramos algumas vezes durante o dia no trabalho — ele ainda não havia voltado integralmente, então houveram poucos choques de horário —, mas a interação não passava de sorrisos provocantes ou bobos e poucas palavras, geralmente relacionadas à academia. Ainda assim, após o expediente, chegamos a trocar algumas mensagens e ele perguntou se podia passar para me buscar na faculdade.

Ignorei a mensagem, ao menos por um instante, aproveitando para apagar a tela do celular quando a garçonete me perguntou o que eu ia comer. Não sei ainda se é uma boa ideia Luisa saber que Lucas e eu estamos começando a sair, mas tampouco quero esconder isso, não seria justo com ela, muito menos com ele ou comigo.

— Uhm, não gosto de ver meus alunos com essa cara de quem morreu alguém na família — ergui a cabeça e notei Elis sorrindo para mim — espera, alguém realmente morreu na sua família?

— Não, acho que não — sorri de volta, disfarçando a expressão preocupada de antes — boa noite, professora Elis.

— Boa noite, Davi — ela puxou a cadeira de frente pra mim — posso?

— Claro.

— Não gosto de me sentar com os outros professores, eles são velhos demais pra mim — ela indica com a cabeça para três colegas de trabalho sentados logo atrás dela — então, o que te aflige?

A forma curiosa da professora em relação a mim é engraçada e ao mesmo tempo curiosa. É de se esperar que ela não tenha se enturmado com os outros professores, afinal ela chegou à faculdade bem perto do fim do semestre, mas não é muito comum ver professores trocando confidências com seus alunos, principalmente nos arredores do prédio.

— Não me leve a mal, confesso que me senti um pouco culpada por ter deixado seu colega te provocar na nossa primeira aula, mas... — a garçonete vem até ela e, estranhamente, Elis pede o mesmo que eu havia pedido. Então ela se volta pra mim mais uma vez — me pareceu ciúmes por parte dele e, bom, sou muito fanfiqueira, não consegui evitar.

— Eu sei como é — uma risada me escapa, de certo modo achando-a engraçada e me sentindo curioso em saber mais sobre ela — mas não se preocupe, não me chateei com sua aula — ela ergue os braços agradecendo ao céu, o que também me faz rir — e o Geeber e eu nos resolvemos... quer dizer, nós não estamos juntos se é o que quer saber.

— Menos mau então — Elis junta as mãos, em espera.

— O quê?

— Tô esperando você continuar, não me disse o que está te preocupando — então ela cerra os olhos, e em seguida joga as costas na cadeira, confortável — estou brincando com você, não precisa me contar nada, mas quem sabe eu poderia te dar um bom conselho, sabe como é, sou mais velha, experiente...

— A senhora parece muito do tipo que consegue arrancar tudo da cabeça de alguém — desconverso.

— Às vezes — ela dá de ombro, se mostrando orgulhosa — ai, ainda bem, eu estava morrendo de fome — os lanches são colocados na mesa e acabo por continuar sorrindo, afinal estou com fome — obrigado, Tina.

Meu celular vibra sobre a mesa e o nome de Luisa aparece na tela. Minha amiga me contou que estava namorando Carol assim que nos encontramos e, não posso negar, sua alegria foi contagiante. Ela havia saído para lanchar com Ana no shopping da cidade e, nesse momento, eu estava agradecido por isso.

— Eu tô afim do ex-namorado de minha melhor amiga e não sei como contar pra ela — Elis ergueu os olhos para mim, mas permaneceu comendo — ele me perguntou se podia passar aqui no fim das aulas pra me ver e meio que estou ignorando sua mensagem.

A Liberdade de Davi (Romance Erótico)Onde histórias criam vida. Descubra agora