December 6

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Maeve Louise Woods point of view.

Seis de dezembro..

Da manhã de ontem até a tarde de hoje, foi uma rotina nova e continua de ignorar Aubrey por completo.

Eu tomei meu café da manhã depois que ela saiu, almocei no quarto para não ter que ficar na presença dela..

E apesar dela ser minha melhor amiga, eu não estava na vontade de ficar imersa nessa pressão que ela me coloca para superar o passado.

Sei que não faz por mal, até eu entendo suas preocupações extremas em relação a minha vida e o rumo que ela tomou a uns anos atrás.

A neve caía ligeiramente do lado de fora, eu estava observando rose brincar no balanço do quintal..

Desculpa que eu dei para não participar das primeiras noites de jogos.

﹣Rose, o tio Chris está chamando você para ajudar no UNO ﹣ela se anima rapidamente com a fala da mãe.

Scarlett vem tentando contato aos poucos.

Depois daquele dia que lizzie soltou sem querer que ela tinha me achado bonita, eu estaria mentindo se dissesse que não tinha reparado nela.

De pouco a pouco eu a olhava, prestava atenção em mínimos detalhes  aqui e ali.

E as vezes nos falávamos por conta da Rose, na noite passada, tivemos a primeira noite de filmes.

Rose dormiu no meu colo e quando eu fui por ela na cama, Scarlett me seguiu, dizendo que eu tinha jeito com crianças.

E agora ela estava aqui, sentada do meu lado no sofá médio que tinha na varanda, observando a natureza natalina tomar conta do ambiente.

﹣Vou te contratar como babá da Rose. ﹣Ela diz enquanto solta uma leve risada.

﹣Não iria negar, ela é adorável.

﹣É, ela é mesmo.. ﹣Observo ela suspirar, o ar gélido saindo de seus lábios.

﹣Ah, pelo que a lizzie disse naquele dia.. ﹣E aqui estava o que eu tanto temia.

Preferi interromper do quê escutar o que já escutei na metade da minha vida.

﹣Scarlett.. ﹣Seus olhos agora estão voltados para o meu rosto. ﹣Não.. Não se preocupa com isso.

Ela apenas concorda, decidida a deixar o assunto morrer por ali.

﹣Você pode me perguntar, sabia?

Seu rosto confuso me entrega o desconhecimento do assunto.

﹣Você está querendo me perguntar alguma coisa, eu sei disso.

﹣O que aconteceu? Tipo..entre você e a Aubrey.

Também temia essa conversa, na verdade eu temia tudo que envolvia meu passado.

﹣Ela tem uma certa obsessão em tentar arrumar pessoas, e incluir elas na minha vida amorosa.

Ela solta um " Ah ".

Foi tão seco e compreensivo que se fosse em outra situação eu até teria rido.

﹣E por que ela tem essa obsessão?

Sua pergunta sai de forma incerta, apreensiva por perguntar.

Eu a olho como se fosse responder tudo, mas acho que apenas lhe deixei mais apreensiva e talvez até arrependida pela pergunta.

﹣Desculpa, acho que fui muito invasiva agora.

﹣Não, está tudo bem.. ﹣Não estava, mas eu não deixaria isso a vista.

﹣Uma pessoa uma vez me disse, que era melhor conversar sobre o que te mata, antes que isso mate você.

﹣Confuso, mas muito sábio.

Soltamos uma risada juntas, novamente o ar gelado se esvaiu de nossos pulmões.

O ar era leve e ao mesmo tempo pesado.

O cheiro úmido, da neve fria e dos pinheiros que rodeava a casa.. O chocolate quente que provavelmente estava sendo preparado dentro da casa.

Tudo no seu devido lugar.. Ou não.

﹣Minha ex-namorada.. Ela..

﹣Não precisa contar se não quiser.. Não quero te forçar a nada.

﹣Está tudo bem. ﹣essa é a frase favorita de uma pessoa que claramente não está bem. ﹣Ela me traiu, e três dias depois morreu em um acidente de carro.

Soltei um suspiro que limpou parte do ar de meus pulmões.

Era complicado.. EU era complicada.

﹣Disseram que ela estava indo pra minha casa, entregar o meu presente de natal e um pedido de desculpas..

Sinto as lágrimas tomarem conta dos meus olhos, elas eram as únicas coisas quentes que faziam um equilíbrio do clima em meu corpo.

﹣Os médicos que estavam com ela na ambulância.. Disseram que as últimas palavras dela foram um "eu te amo Loui" .

eu não precisava me virar para a Scarlett para saber que ela estava me encarando com aquele olhar de pena.

Ela também carregava um olhar de culpa, provavelmente por ter perguntado demais.

﹣Uau.. Eu sinto muito.

﹣Não sinta.. Já faz tempo.

﹣Pra você ainda parece recente. ﹣Seu olhar suaviza novamente, me olhando agora com empatia.

As pessoas da cidade antiga me encarava assim, com pena, culpa e empatia.

Tirando aqueles velhos homofóbicos que provavelmente já devem ter morrido de infarto, a maioria pelo menos.

Mas toda a vizinhança, as vezes eu sentia que o gato da vizinha me encarava com pena.

﹣Nunca se supera um trauma tão rápido, apesar dos anos de terapia.

Eu solto uma risada amarga, abaixando minha cabeça e deixando algumas lágrimas caírem em meu colo.

﹣Eu.. Eu posso te abraçar?

Eu sentia o abraço como um toque de pena, de um pedido de desculpas por uma coisa que as pessoas não tinham culpa.

Eu sentia o abraço como um dizer " Sinto muito pelo que aconteceu " mesmo que as pessoas não sentissem.

Elas só sentiam pena porque era difícil ver uma pessoa sofrendo por alguém que a traiu, dentro da própria casa.

Mas era mais fácil fingir que se importava do quê se importar de verdade.

E por algum motivo, eu senti que a loira ao meu lado, realmente se importou.

Ela realmente sentiu o que eu sentia.

Então eu deixei, eu deixei ela me acolher nos braços dela.

Seu suéter verde escuro me guardando no abraço e equilibrando o clima que os as minhas lágrimas equilibraram.

﹣Você é divorciada, não é? ﹣Pergunto de forma repentina, lhe causando uma risada.

Seu corpo vibrou ao lado do meu, fazendo meu coração se encher, com algo que eu não sabia o que era exatamente.

Mas eu descobriria, no seu abraço e no seu carinho..

December first  (Scarlett Johansson) Onde histórias criam vida. Descubra agora