Insane

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Harry notou o sangue quente escorrer por sua garganta, sentindo o coração disparar.

Rainha Johannah havia feito um pequeno corte com a ponta da adaga, profundo o suficiente para o sangue verter.

Assim que sentiu o líquido quente fluir, a situação lembrou a Harry a sensação de estar nas mãos de Michael: um refém a mercê da boa vontade de quem lhe mantinha cativo.

Sentiu seu corpo amolecer, se encolhendo contra a cadeira para parecer menor, a tensão se espalhando da cabeça aos pés, como um balde de água fria.

Duvidava que pudesse enrolar os dois do jeito que fizera com o cavaleiro.

Sentiu o suor frio se formar em sua testa. A rainha o odiava. Ela não teria misericórdia alguma de si.
Sendo bastante sincero, era pior do que estar nas mãos de Michael: sabia que podia enrolá-lo de algum modo, pelo menos soube depois que Zayn o encontrou. Rainha Johannah? Ela derrubara Louis de um cavalo para expulsar ele e Gemma dali, sem se preocupar com o fato do acidente poder custar a vida do próprio filho. Depois espalhou para quem quisesse ouvir que Harry estivera na cama do rei.

Ela não mediria esforços para se livrar dele, não havia saída, principalmente porque sua guarda patrulhava os corredores, mas não o interior da biblioteca. Mais do que isso: ninguém estaria procurando Harry, sem saber que ele correria perigo. Mesmo que pensassem nele, saberiam onde estava e imaginariam – como ele imaginou – que não havia ameaça alguma no interior da sala ampla.

Tentou respirar direito, sentindo o peito comprimir, como ele achava que nunca mais aconteceria desde que Louis o resgatara. No entanto, a lâmina ainda lhe fazia pressão no pescoço, não permitindo que puxasse o ar livremente.

-P-Por que...? -perguntou com a voz falha.

Johannah ficou satisfeita com o tom incerto.

- Por que? Pelo simples motivo que cansei de ser trocada por sua família. Mark por Anne, Louis por você. Meu filho não confia em mim e tenho certeza que passarei o resto dos meus dias no exílio. Posso ao menos me vingar de vocês de alguma maneira. Da melhor maneira.

Ela observou o corte fino. Queria ver aquele sangue rolar. Nunca conseguira encontrar Anne para ter a chance, mas ao menos esvairia a vida de seu herdeiro com as próprias mãos.

Harry se segurou firme na cadeira em que estava, os músculos tensos. Voltou-se para Nick, sem entender direito a atitude dele.

– Nick...p-por favor...

O embaixador suspirou, de braços cruzados, indiferente.

- Gosto do jeito que a rainha pensa. Na verdade, gosto muito dela. Tudo ia bem até vocês chegarem. Ai minha rainha se foi e eu não pude suportar o vazio. A sorte foi que o rei Louis partiu. Consegui tirá-la do exílio e...

Harry não sabia no que prestar atenção. "Minha rainha"? "Gosto muito dela"? E...

- C-como ? – ele tentou perguntar. Seus pensamentos a mil, a boca seca pelo nervosismo.

- Avisei sobre princesa Charlotte. Me arrisquei um tanto, saindo na calada da noite, ninguém presta muita atenção em mim mesmo, não repararam nos dias que fiquei fora. Agora minha rainha poderia reinar sem obstáculos! – falou animado, se levantando da mesa. – Nunca gostei do rei.

Johannah o encarou, zangada.

- Não permito que fale mal de meu filho, Nick. – Harry se espantou com o tom de intimidade com o qual ela usou o apelido. Sentiu um gosto metálico na boca e percebeu que mordia os lábios a ponto de rasgar a própria pele. - Eu também não queria Louis no trono, mas conseguiram aprovar a maioridade dele um ano antes do previsto. O trono era para ser meu. Eu precisava da coroa para agir contra Angle Terre. Eu precisava, precisava matar aquela insuportável.

Royal Destiny IIOnde histórias criam vida. Descubra agora