A garota do dom - 50 tons

01

"Quero ser o rei da sua história, eu quero saber
quem você é, eu quero que seu coração bata por
mim. Ligue e eu vou sair correndo, porque você
tem esse poder sobre mim, meu deus. Tudo o que
eu sempre quis reside nos seus olhos, você é a
única que eu quero conhecer, a única que tenho
em mente. Eu nunca esquecerei como você estava naquela noite, e eu não ligo se o diabo me odiar por querer você. Você decide se aceita a escuridão, essa é uma lição de amor, tudo o que já foi, tudo o que que você é... quero que veja, esse é poder que você tem sobre mim."

Any Gabrielly

Any sabia o suficiente do submundo para controlar a si mesma diante da situação. Homens poderosos só se sentem poderosos quando as mulheres se submetem a eles. E um homem como Lincoln Timber tinha a necessidade de mostrar seu poder.

Enquanto era conduzida - nem um pouco gentilmente apesar da falta de resistência - por um enorme corredor escuro e mal cheiroso, ela sentia o pânico subir em seu corpo assim como sentia sua mente lhe trair.

Ela podia morrer.

Ou podia ser morta.

Não havia escapatória, esse era o caso.

Escolhas erradas sempre fizeram parte da vida de Any, assim como pessoas erradas. Ela sabia que nada era preto e branco, mas não imaginou que quando aceitou a proposta de seu pai para ser uma das garotas do cartel de Dom ela acabaria naquela situação.

Pelo o que estava entendendo, ela apenas foi escolhida ao acaso - apenas o seu azar dando sinal de vida. Eles sequer sabiam que ela era, não sabiam seu nome, mas sabiam para quem ela estava trabalhando, e aparentemente era só o que importava ali.

Era apenas uma vez.

Uma única vez.

Ela havia dito a si mesma.

Any cresceu no meio do subúrbio de Detroit, naquele antro de armas, drogas e tráfico. Mas ela estava tentando, vivendo sua vida o mais longe possível de tudo aquilo, prestes a ir para faculdade, havia sido aceita com prestígio até.

Mas seu pai tinha que lhe arrumar problemas de novo. Ele estava devendo alguém, e esse alguém trabalhava para alguém ainda maior. E de repente o nome de Dom foi tocado e Any nunca sentiu tanto medo na vida.

Ninguém chegava ao Dom, qualquer um preferia ser torturado e morto por seus capangas. Ninguém conhecia Dom, ninguém fazia ideia de como ele era, mas todo mundo sabia de seus negócios, todo mundo sabia que ele era o dono daquele mundo, ele governava o mal.

Chegava a ser irônico como ninguém sabia como ele era, mas todo mundo sabia quem ele era e do que era capaz.

Uma única vez.

Era isso.

E estava fora.

As férias estavam acabando, Any já tinha tudo
organizado para ir para faculdade, moraria numa república já combinada com outras meninas que também precisavam de um lugar - ou de uma fuga.

Ela tinha que atravessar a fronteira e era isso,
com a porra de sei lá quantas gramas de droga
dentro de seu estômago, e então estava livre.

Claro que o medo a assolou, nem tanto da polícia, mais dos homens e mulheres que auxiliaram todas as trezes garotas naquele quarto, as regras de não falar com ninguém, os motivos da viagem, a droga das orientações de não comer nada, de não se mover muito rápido, nunca correr e principalmente não entrar em pânico.

Não porque poderia ser pego, nao, elas teriam um tiro na cabeça antes mesmo da polícia conseguir descobrir seu nome de verdade, mas porque as drogas poderiam se desfazer dentro delas, e isso aparentemente era pior do que levar um tiro na cabeça.