Mudar é difícil

Part25

–Regina. – Ouço uma voz familiar me cumprimentar na escuridão. Onde diabos estou?

–Regina, abra seus olhos.– Eu tento fazer o que me mandam, esperando olhar nos olhos de Ruby, Snow ou Henry. O par de olhos que estou olhando não pertence a nenhum deles. Eles pertencem a uma pessoa tão familiar, mas ainda assim parece que sou recebida por um estranho. Acho que estou de certa forma. Nunca a conheci desse jeito. Nunca vi aquele amor em seus olhos que posso ver agora. Nunca a conheci com um coração dentro de seu peito e por causa dos acontecimentos recentes pensei que nunca o faria.Tenho que piscar algumas vezes para que tudo lentamente volte ao foco.

–Aí está”, ela diz com um sorriso caloroso.

–Onde... O quê... Como..." Não sei o que perguntar primeiro.

–Sshh... está tudo bem." Ela me disse. Eu apenas olho para ela perplexa e confusa e o que diabos está acontecendo? Antes que eu possa perguntar qualquer coisa, uma onda de náusea me atinge e tudo começa a girar. Fecho os olhos por um segundo respirando fundo. Posso sentir a mão dela tirando alguns fios de cabelo do meu rosto. É quando percebo que ainda estou deitada no chão, mas não no chão. Parece que estou deitado na grama. Também posso sentir o cheiro das árvores e ouvir os pássaros. É quando abro os olhos mais uma vez e a primeira coisa que entra em foco é o céu com suas nuvens. Ao tentar sentar, sinto mãos apoiando minhas costas e me ajudando a levantar.

–Vá devagar." Ela diz novamente. Isso não pode ser real. Quando estou sentado e sinto que posso mover minha cabeça sem ficar tonta, viro-me para a voz e meu coração para de bater por um segundo.

–O que... Como..." Começo de novo quando sou saudada pela voz da minha mãe.

–Não se preocupe. Você não está morta.
 Ela me conta e eu sei que deveria soar calmante, mas tem o efeito oposto. Estou prestes a surtar. Se eu não estou morto, então como é que estou olhando nos olhos da minha mãe que morreu há menos de um dia? Estou prestes a desmaiar novamente quando ouço a voz dela.

–Não desmaie novamente. Temos algumas coisas para conversar.

Sim, diabos, nós temos.
 Olho minha mãe nos olhos e ela parece tão diferente da mulher com quem cresci.

–O que está acontecendo?" Pergunto a ela quando finalmente encontro minha voz.

–Você desmaiou." Ela afirma com naturalidade. Isso não ajuda em nada com a confusão e minha crescente dor de cabeça. Ela deve ter percebido isso porque começa a falar novamente antes que eu possa fazer outra pergunta.

–Você colocou seu coração de volta no peito e tudo o que você já sentiu voltou de uma vez, o que foi demais para o seu corpo aguentar e ele desligou.

–Nunca desmaiei depois de colocar meu coração de volta e isso não explica..."

–Bem, você nunca teve seu coração aberto por tanto tempo. Somando o peso emocional que os últimos dias tiveram sobre você, você mal dormiu e é melhor, nem vou mencionar que você não comeu em últimas 24 horas.
 Ela me lança um olhar de desaprovação. –Não é à toa que seu corpo desligou." Ela continua.

–Isso não explica por que você está aqui.
 Eu digo a ela.

–Não, não explica, mas nem tudo precisa de explicação.
Eu olho para ela e ela suspira.

–Vamos apenas dizer que com minha última força de magia consegui colocar meu espírito em sua mente para aparecer e explicar tudo para você."

–Você não poderia fazer isso em um sonho? Eu tive que desmaiar na frente de todo mundo por isso?
 Eu pergunto a ela e reviro os olhos.

–Esse era originalmente o plano, mas você tirou seu coração e mal dormiu.
 Posso ouvir preocupação e amor em sua voz, bem como uma sugestão de tom de palestra. Coisas que nunca ouvi na voz dela antes, exceto o tom de sermão. Sempre. Olho em volta e só agora percebo que estamos sentados em uma colina. É a colina que dá para a propriedade do meu pai na Floresta Encantada. Aquele onde Daniel e eu deveríamos fazer um piquenique até que um cavalo fugitivo passou correndo com a pequena Snow nas costas.

Respiro fundo e olho nos olhos dela.

–Então me diga. Estou ouvindo.
Eu aguardo.

Ela olha para mim, respira fundo e começa a falar.