A um passo do amor

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- A faculdade poderia ter marcado essa visita ao hospital em outro dia, queria ter ficado em casa com a July. E ainda é longe, vou ter que dormir por lá mesmo. - falou Kátia.

Ela seguiu até a cidade onde fariam visitas à pacientes com diversas enfermidades.

- Como ela está doutor? - perguntou uma enfermeira.

- Ainda em coma, a pancada na cabeça foi muito forte. - respondeu o médico.

- Ninguém procurou por ela até hoje?

- Sem documentos, fica difícil a
identificação.

- Ela chegou aqui apenas com uma camiseta branca e mais nada.

- Qualquer sinal de melhora me avise, vou receber um grupo de estudantes.

Kátia chegou com os seus amigos ao hospital e foi recebida pelo Doutor Bryan.

- Sejam bem vindos, espero que gostem desse dia de grandes aprendizados. - disse o médico.

Eles andaram por todos os quartos, salas de cirurgias e até mesmo na U.T.I., onde vários pacientes se encontravam em coma.
Cada estudante seguiu para observar o estado de um paciente.
Chegaram ao fim do dia exaustos, querendo descansar. Kátia deitou na cama e ligou para a menina mais especial e amada desse mundo.

-Alô, July, como está? - perguntou July.

- Oi, Kátia, fiquei com o papai o dia inteiro, agora vou dormir. - respondeu a menina.

- Amanhã cedo estarei aí e te levo à escola, beijos, meu amor.

-Beijos, Kátia.

A noite era o horário em que Tomy mais se sentia sozinho. Ele e Isa, costumavam ficar juntos vendo filmes ou sentados no jardim, olhando para o céu.

- Isa, se eu pudesse faria tudo diferente, e você estaria aqui comigo. Me perdoa por ter falhado, nunca mais quero saber dessas aeronaves. - falou Tomy, tomado por uma tristeza sem fim.

A coleção de miniaturas que ele juntou por anos foi toda destruída, não queria saber de nada que lembrasse a morte dela.

- Calma, senhor Tomy! Vem aqui, eu estou ao seu lado. - falou o grande amigo.

- Pierry, desde a morte dos pais da July naquele acidente aéreo, eu me dediquei à construir aeronaves modernas, incapazes de cair ou terem defeitos durante o voo. Eu só queria que as pessoas não passassem por sofrimentos como o dela. E me dediquei por todos esses anos para isso, e acabei com a vida da Isa e dos pilotos. Destruí essas vidas por achar que podia tudo. - falou Tomy.

- Não se culpe! O senkor sempre deu o seu melhor. Localizaram a caixa preta hoje e já recolheram muitos destroços.

- Como assim?

- A polícia ligou e pediu que eu avisasse ao senhor.

- Eles vão descobrir os motivos da explosão, mas nem precisa, foi tudo culpa minha.

No hotel, a turma de estudantes estava reunida jantando, e comentavam sobre os pacientes que tinham visitado na U.T.I, como cada caso era triste e merecia toda a atenção.

- A moça que eu examinei estava com um corte profundo na testa e a família nunca procurou por ela. - disse um dos estudantes.

- Que triste! As vezes ela é uma pessoa solitária. - falou Kátia.

- Está em coma há uma semana, foi encontrada na beira de uma estrada, aqui perto da cidade. Ela é muito bonita.

- A maldade das pessoas assusta. Eu estou tão triste com a morte da Isa, que ver tantas pessoas doentes me deixou pior que antes. - disse Kátia.

- Mas foi a profissão que escolhemos. - disse uma das estudantes.

- Não sei porquê, mas acho que tive a impressão de conhecer a moça sem identificação, mas o rosto dela estava um pouco machucado, devem ter sido os insetos pelo tempo que ficou nas encostas da estrada. - falou o rapaz que examinou a garota.

- Espero que logo a família a encontre, devem estar sofrendo. - falou Kátia.

No dia seguinte, Kátia chegou cedo à casa de Tomy e subiu para o quarto de July, ao entrar, viu que a menina chorava na cama.

- Meu amor, o que aconteceu? - perguntou Kátia.

- A Isa, eu sonhei com ela, e você estava bem próxima, mas não conseguia vê-la. - falou July, completamente assustada.

- Calma, meu amor, foi só um sonho.

- Não foi! Chama o papai, a Isa está viva.

- Vem aqui, eu vou cuidar de você.

- O que foi, filha? - perguntou Tomy.

- Papai, temos que encontrar a Isa, ela precisa de nós.

- Meu amor, a Isa se foi. - disse Tomy.

- Não, papai! A Kátia esteve com ela, lembra? Você chegou perto. - disse a garota, que chorava muito.

July chorava abraçada ao pai, que deitou ao seu lado e a abraçou, acalmando o seu coração.

- Kátia, ela não vai à escola hoje, vou ficar aqui junto dela. Traga um leite para ela bem morninho. - falou Tomy.

- Tudo bem, Tomy. Meu Deus, a morte da Isa deixou a July muito abalada, tenho que cuidar da minha pequena. - pensou Kátia.

Os dias se passavam e Kátia não conseguia esquecer o sonho que a menina tinha tido, parecia tão real.

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