Capítulo 8

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Decidi não voltar ao passeio depois da pequena aventura com Mike.

Apesar de o museu estar interligado com o hotel e ser bem perto para ir caminhando, invento uma desculpa qualquer para justificar minha não ida
para onde o resto dos alunos está.

Agora já é noite e as luzes lá fora iluminam meu quarto pela janela. Daqui onde estou, tenho a visão privilegiada do céu estrelado e da lua brilhante. Penso em minha tia Ártemis. Ela é
responsável por esse brilho encantador, afinal, ela é a deusa da lua. Todas as noites ela traz aos mortais a vista maravilhosa do luar e posso me gabar sobre ela ser minha tia.

Penso também em meu pai. Depois do titã Hélio, ele é o deus do sol. Isso é algo grande. O sol é uma estrela gigante e flamejante, e é essencial para o
mundo. As vezes acredito que tenho sorte de ter Apolo como meu progenitor, apesar de nunca ter o visto pessoalmente. E, nunca conheci meu pai. Não precisa ter pena, eu consigo lidar com isso. Tenho minha mãe me esperando todos os dias em casa para me tratar como um raio de sol e somente isso basta.

Ei, não me julgue. É fofo. Eu gosto quando ela diz que eu sou seu pequeno raio de sol. Isso faz eu me sentir forte.

Perdido em devaneios, quase não percebo uma criatura se esgueirando para entrar silenciosamente pela porta. De qualquer forma, eu consigo escutar seus passos, sua mão estabanada
esbarrando na parede e seu xingamento.

- Você é bastante discreto. Quase não te noto entrar - digo, irônico.

- Obrigado, obrigado, é um dom - Mike sorri convencido - Pensei que voltaria para lá - comenta ele, sentando-se em sua cama e ficando de frente para mim.

- Decidi ficar. Estava sem vontade de ir - dou de ombros.

- Aposto que ficou com saudades de mim - ele sacode as sobrancelhas em provocação.

- Nem pensar. Estava é agradecido por ter um tempo de sossego.

Wheeler continua a sorrir, aquele sorriso irritante que traz uma única covinha em sua bochecha.

Encerrando o assunto por si só, ele apanha seu fone de ouvido e começa a escutar alguma música.

Como ainda está cedo e estou sem sono, decido ler um pouco. Sorte minha ter lembrado de trazer um dos meus livros em grego antigo para a viagem.
Pego, ponho na última página marcada e ajeito o travesseiro na parede para que eu fique sentado e confortável.

Alguns minutos de leitura super centrada depois, sinto como se estivesse sendo observado. Consigo
sentir o olhar de alguém em mim. Se eu estivesse sozinho pensaria que é um espião bisbilhotando minha humilde vida de semideus leitor.

É apenas Mike. Desvio minha atenção das páginas do meu livro para ver o meio-sangue que está na outra cama, de frente para mim.

Ele está me olhando fixamente, quase sem piscar. Como se não quisesse perder nem sequer um milésimo de segundo escondendo as íris atrás das
pálpebras. E eu consigo notar o desejo, a admiração e a excitação em seu olhar. E um pouco explícito, pela forma que ele está me contemplando.

É estranho. Acabo me sentindo como uma presa sendo devorada pelos olhos do meu predador. É assim que me sinto. Como se eu fosse um pedaço de carne ou um animal indefeso e Wheeler fosse um leão feroz se deliciando com a minha visão antes de me atacar.

Franzo as sobrancelhas, deixando minhas mãos e o livro caírem sobre meu colo. Ele continua a me encarar sem parar e cada vez mais, se for possível, enxergo suas pupilas se expandindo, dilatando e quase engolindo suas íris.

Num instante, noto um tom vívido de roxo substituir os castanhos. Se estou familiarizado com essa característica dos filhos de Himeros e sobrinhos de
Pothos, tenho a mínima noção de que os olhos desses semideuses mudam de cor de acordo com suas emoções. E se não estou enganado, roxo significa luxúria. De repente, sinto como se eu
estivesse nu com os olhos de Mike beijando e lambendo o meu corpo.

Sexual Appetite - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora