Capítulo 2

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Acredito que em vidas passadas algum deus jogou uma maldição em mim e agora estou sofrendo por suas consequências.

Mike Wheeler não me deixa em paz durante a semana inteira.

É proposital, tenho certeza. Ele faz tudo isso para me irritar.

E também acho que Steve está de complô com ele para acabar com minha paciência, porque não é possível que exista criatura mais insuportável que esse filho de Hermes.

Oh, senhor deus dos ladrões, roube de mim essa amizade e nunca mais faça seu filho aparecer na minha vida.

A questão é que eu consigo lidar com as brincadeiras do meu melhor amigo, mas existem momentos em que eu desejo virar o sol ardente e queimar tudo ao meu redor de tanto ódio por esse infeliz.

Hoje ele decidiu que é um ótimo dia para surrupiar meu arco energizado. Justo quando estou planejando atirar em um cretino de cabelos oleosos. Talvez Steve tenha adivinhado que eu sinto vontade de explodir um meio-sangue e está querendo evitar tragédias em mais uma escola. Ou apenas não quer que eu mate Mike Wheeler para não acabar com suas chances de ser mais uma de suas fodas.

E eu ainda não entendo o porquê de ele ser tão desejado. Ele é bonito e só.

É, ok, eu admito que ele é no máximo bonito. Apenas isso.

Mas, para quê todo esse desejo e essa vontade louca de foder com ele? É só um garoto bonito. Não é como se não existissem outros no colégio.

Resmungo e xingo baixinho em grego, mexendo no armário de Steve a procura do meu arco que foi roubado e tenho total certeza de que esse babaca filho de Hermes é o culpado.

- Procurando isso, solzinho? 

Uma voz rouca pergunta atrás de mim.

Com todo ódio queimando em brasa dentro de mim, viro a cabeça para olhar aquela criatura detestável... Meu corpo incendeia ao ver Mike encostado no último armário, segurando de forma despreocupada meu arco com a ponta dos dedos.

- Devolve - peço, tentando ser no mínimo simpático para não demonstrar minha raiva no momento.

- O que eu ganho em troca se te devolver? - ele gira o arco entre os dedos, brincando com o meu bem mais precioso.

- Se não devolver, ganha um soco.

- Oh! - ele finge surpresa - Que maldade, sunshine. Não deveria agredir os alunos dentro do colégio.

- Você fode os alunos dentro do colégio. Não está menos errado que eu - cruzo os braços, encarando de longe aquela figura asquerosa que sustenta o típico sorrisinho convencido no rosto - Devolve - peço outra vez.

- Vem aqui pegar, solzinho.

Rosno e avanço em sua direção, decidido a tomar de suas mãos o meu arco. Quando já estou perto e com a pontinha dos dedos alcançando meu objetivo, Mike empurra a perna atrás das minhas e rouba meu equilíbrio, mas antes que eu caia, seus braços me amparam. Ficamos na clichê posição de filme romântico, meu corpo inclinado para trás e ele me segurando com as mãos em minhas costas. Sinto repulsa por isso.

- Babaca! Idiota! Cretino! Me solta! - praguejo, apertando os dedos em seus braços com meu máximo de força.

- Se eu te soltar, você cai - lembra ele.

- Prefiro cair do que continuar em seus seus braços.

Ele sorri ladino e em um movimento súbito ergue meu corpo e me empurra contra o armário aprisionando-me entre seus braços e fazendo-me prender a respiração. Maldito, maldito, maldito.

Sexual Appetite - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora