Capítulo 22

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Depois do dia em que eu fui atacado por um escorpião das profundezas, tudo estava meio estranho no colégio.

Quer dizer, não exatamente tudo, mas alguém.

Mike não me procurou mais, porém eu
dificilmente vi ele flertando com alguma pessoa, o que é muito, muito estranho. Para alguém que sente a necessidade de foder vinte e quatro horas por dia e seduzir várias pessoas para suprir seus
desejos carnais, não ve-lo com ninguém é até um pouco suspeito, para ser sincero.

Ele deve estar doente, só assim para não estar fodendo pelos banheiros ou praticamente engolindo a boca de alguém pelos corredores.

Sério, não estou exagerando. É estranho demais. Ele é um filho de Himeros e eu sei que ele é o próprio estereótipo da sua família, então me deixa perplexo ver que ele não está sendo um safado
cafajeste.

O que será que deu nesse babaca?

Fico ainda mais surpreso quando encontro um bilhete em meu armário. Não está acompanhado de uma rosa, mas eu consigo reconhecer facilmente a letra de Mike.

"Estou com saudade da sua bunda. O que acha de me encontrar no teatro do colégio depois das aulas? ;)"

No teatro do colégio? Aquele lugar que ninguém usa há anos? O que esse louco está pensando em me chamar para transar em um lugar abandonado? Que fetiche estranho é esse?

Ok, eu vou.

Eu não tenho nada para fazer depois das aulas, por quê não?

[...]

Assim que a última aula do dia termina, eu despeço-me de Steve e guardo minha mochila em meu armário antes de ir para o teatro do colégio.

Eu não estou ansioso. Não estou. Só curioso, um pouco. Tenho quase certeza que a intenção de Mike de ter me chamado é para fins sexuais, já que ele ultimamente não está transando com ninguém e deve estar com vontade agora. Porém, pode ser por outra razão. Vai saber. Ele é imprevisível.

Quando chego, a porta de madeira está aberta, então ele já deve estar lá dentro me esperando. O espaço está completamente imundo e desprezado, o que me dá uma grande dor no coração.

Poxa, um lugar tão bom e ninguém o usa. Quantas apresentações lindas nós poderíamos fazer aqui? Somente algumas poltronas da plateia estão
intactas, a maioria corroída por traças ou bichos que comem madeira. O palco está empoeirado e as cortinas cheias de buracos. Cada vez que olho para os defeitos desse lugar, um pedaço do meu
coração cai.

No instante em que me aproximo do palco para olhar mais perto e me imaginar em cima, cantando e tocando meu ukelele ou minha nova lira, todas as luzes são apagadas repentinamente. Minha respiração falha e meu coração bate mais rápido.

- O que é isso? Mike? É você? - pergunto ao ar, tateando em volta para tentar me guiar na escuridão - Que brincadeira idiota, pare com isso! Você já se vingou do que eu fiz - choramingo, angustiado por não conseguir enxergar nada - É sério, por favor, para com isso. Eu juro que nunca mais faço piada sobre cortar o seu pa...

Uma única luz se acende no fim da sala, revelando uma figura familiar que me faz prender a respiração.

Theo.

Ele está segurando um arco que mesmo de longe consigo reconhecer. O meu.

- Olá, Will - diz ele, sua voz sombria.

- Theo? O que você está fazendo aqui? Por que você está com o meu arco? Que brincadeira é essa?

Ele dá um passo para frente e eu, por reflexo, dou um para trás.

Sexual Appetite - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora