A bruxa dos reis

De concubina para princesa consorte

  "Banho, cerveja e cama são as melhores coisas da vida..."

Minhas palavras vieram à minha mente enquanto eu estava naquele estágio de despertar, eram coisas habituais em minha vida desde que cheguei naquele mundo. Coisa das quais eu gostava...

Mundo! Rei Lay! Lorde Niel... e o L'Oreal Paris!

Abri meus olhos aflita me recordando da noite insana e me vi deitada na cama imensa do quarto todo decorado em vermelho e verde esmeralda... Os aposentos reais do rei!

Engoli em seco me recordado das palavras do Apsara!

"Esses são os aposentos reais quando o rei está aqui e decide ficar, não devem entrar a não ser que sejam permitidos por ele..."

Meio que um frio percorreu minha espinha e eu juro que tentei me recordar da noite e em como fui parar ali, até que tudo clareou em minha cabeça: O rei subindo no palanque e fazendo aquele discurso de salvador da pátria; ele beijando o lorde Niel e dizendo para ele que o pobre príncipe exilado foi seu escolhido e depois ele dizendo a todos que o restante da noite deveria ser aproveitado por todos e sem ele, pois ele queria conhecer a sós seu consorte eleito. Daí eles foram levados de volta ao Harém e os três entraram em uma conversa acalorada enquanto eu me sentia tonta e subitamente exausta e me recordo com surpresa de que eu cairia no chão se o rei não me pegasse no ar enquanto eu fraquejava e sentia meus olhos pesados:

— O que está acontecendo!?

A voz de lorde Niel soara preocupada e eu queria mesmo dizer que estava tudo bem, mas não consegui falar nada, só sentia mesmo tudo rodar.

— Alguém atentou contra ela no salão essa noite, interceptei a flecha envenenada, mas não consegui parar os efeitos colaterais, eu suporto bem a dor, mas ela é uma bruxa, seu corpo vai hibernar para suportar a provação. Nos trouxe até aqui porque este é o lugar mais silencioso para todos lidarmos com a situação, então quando vocês...

E daí em diante eu não ouvi mais nada e tudo se apagou.

Até agora.

Toquei no meu peito e senti ele pesado, me dando conta de que tudo em mim estava pesado, como se eu tivesse acabado de sair debaixo da água depois de um longo tempo. E meu corpo estava pegajoso como se eu tivesse mesmo feito muito esforço e depois fui me deitar sem um banho.

Torci o nariz ao mesmo momento em que a porta se abriu e Apsara passou por ela vindo com uma bandeja em mãos com frutas cortadas e uma jarra de água. Os olhos daquele homem sorriram ao me ver acordada e me dei conta de que talvez...

Eu não tinha dormido só algumas horas, certeza!

— Como se sente, alteza? - Olhei para trás por reflexo e então ouvi um risinho dele antes de se sentar na beira da cama e se curvar para mim tocando minha testa com cuidado – Vai se acostumar com o título em breve, não se preocupe.

Aquele homem alto que usava dois braceletes, um em cada braço, ainda estava sem camisa e calças esvoaçantes como havia aparecido antes, mas agora ele usava também uma gargantinha toda em ouro com pedras vermelhas e eu achei curioso aquele fato. Apsara era alto, mas não magro de forma excessiva, ele era esbelto e parecia ter braços fortes...

E eu sentia que ele não era um servo ou algo do tipo apenas...

— Alteza?

— Pelo amor dos cinco elementos, me chame de Morena, ou eu nunca vou responder - Disse rolando os olhos e alongando meu pescoço – Eu dormi por quando tempo afinal? Dois dias? Estou toda grudenta, credo!