Rodando a roda

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  Ninguém falou mais sobre a Balayi, porque o que se seguiu a partir daquela noite, foi muito parecido com que eu já conhecia sobre vida de casados 'normal' em meu mundo através das histórias: Lorde Niel e Sua Alteza saíram para conhecer o pessoal, o lugar e eu fui junto apenas dando um oi aqui e outro ali quando aparecia uma pessoa que conheci na noite passada.

O rei não falou nada sobre minha fuga, mesmo eu vendo nos olhos dele que ele sabia. Ele nos tratava de forma parecida, embora ele soubesse agir com cada um de nós devido aos nossos temperamentos diferentes, e um ponto que foi taxativo a partir dali foi eu dormir na cama com eles, aparentemente o rei ficou meio bravo por eu ter dormido no chão na primeira noite mesmo eu dizendo e repetindo que era confortável e que foi só para não acordar os três e sua alteza tinha opinião parecida afinal uma rainha nunca dormia em um status tão simples como o de um servo.

Eu só rolava os olhos e acatava para a paz geral da minha nova casa tenda estilosa.

Falando em Sua Alteza, ele viu o campo de tiro ao alvo e já se interessou, o que o rei, óbvio, incentivou ele usar, dizendo que ali era um campo de treinamento e que se fosse do seu agrado, ele poderia usá-lo à vontade. Já Lorde Niel se interessou pelos cavalos – E havia realmente muitos ali – Enquanto eu só queria ir mesmo no lago nadar e comer com os rapazes na fogueira da noite.

E foi assim, que em poucos dias, a gente já tinha uma rotina de casados ali, naquelas colinas meio isoladas vivendo em uma comunidade onde todos se davam bem. O rei passou mesmo a trabalhar dali – O que como Sua Alteza tinha dito antes, ele já fazia corriqueiramente – E embora viesse gente de fora frequentemente não só do palácio – Não parecia alterar muito a rotina geral.

Eu também comecei a treinar com Sua Alteza e Lorde Niel todo fim de tarde a minha 'magia' emperrada, como eles diziam. Era uma sucessão de visualizações e foco para quebrar um galho com o vento, ou fazer redemoinho na água ou o mais difícil de todos, acender uma faísca para fazer fogo.

— Você é uma bruxa de cura, Morena, quem cura domina todos os elementos, está nos ensinamentos ancestrais.

— Mas eu uso ervas e afins, gente, não é magia, é ciência aplicada, e fazer fogo do nada? Qual é! Isso é bem diferente de desenvolver aptidões naturais de cura, sabe? Potencializar o poder de uma erva com orações, essas coisas...

Eu dizia frequentemente, mas de nada adiantava, Sua Alteza tinha convicção e nada abalava aquele homem, pelos cinco elementos!

Então nossa rotina se tornou aquela: Acordávamos, comíamos juntos e então o rei ficava na tenda fazendo coisas de rei, eu ia para o lago ou ajudava alguém com meus remédios – Não havia curandeiro ou médico ali fixo, ele vinha do palácio se solicitado porque segundo a galera do acampamento, nenhum boticário ou curandeiro permanecia muito tempo alegando que ali era pacato demais. Havia apenas uma parteira que conhecia de ervas básicas e era ela quem ajudava o pessoal, agora eu a ajudava e ensinava o que eu sabia para que ela pudesse colaborar mais, o que me fez sem querer ser ainda mais aceita entre eles, o que me fazia realmente feliz porque vamos lá! Pacato? E quem queria agitação o tempo todo?

Lorde Niel passou a treinar os cavalos durante as manhãs e Sua Alteza a treinar arquearia e espada junto dos guerreiros deixando a todos surpresos porque verdade fosse dita, ele lutava bem mesmo, era incrível...

A tarde treinávamos juntos e a noite estávamos de volta a tenda conversando e na maioria das noites... Cedendo a tentação nos braços do rei. O que eu tinha dito ao Mujin na primeira noite se tornou real e até mesmo certa vez eu, Lorde Niel e Sua Alteza conversamos sobre isso em uma das tardes: Que no fim éramos todos o mini harém do rei o servindo na cama porque acabamos sem interesse físico uns nos outros, nos gostávamos, claro, era óbvio a cada dia que passava, mas nos gostávamos como amigos, não amantes.

A bruxa dos reisOnde histórias criam vida. Descubra agora