O Vingança

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  Existia algo no meu antigo mundo que se chamava lei de Murphy que consiste em dizer que quando algo tem que dar errado, vai dar. É uma probabilidade, basicamente, então, eu não devia me surpreender que eu realmente pudesse ser devorada por um crocodilo marinho e minha história terminar ali, daquele jeito ridículo.

Mas no fim eu abri os olhos e me vi em um chão seco, embora ele se movesse e eu ainda ouvisse o mar agitado.

Abri um dos olhos e me vi em um convés de navio, bem daqueles clássicos dos filmes de piratas mesmo. Algo a se dizer sobre o mar é que desde que vim parar neste mundo eu não sai da floresta e da Cidade de Ninguém então eu sabia que existia oceano, um que rodeava todo o continente, mas nunca tinha visto com meus próprios olhos até ser sequestrada. Me parecia comum, bem normal mesmo e se eu não estivesse em uma situação tensa eu poderia ter até aproveitado, mas agora eu aparentemente continuava em uma situação tensa então okie. Ia deixar para curtir depois, quando eu soubesse do que se tratava aquilo.

Me levantei um pouco cambaleante olhando primeiro meu corpo para ver se não faltava pedaço e depois que constatei que tudo estava inteiro, olhei ao redor e vi um pequeno grupo de pessoas se movimentado aqui e ali e fazendo coisas que eu julgava serem atividades de um navio ou algo do tipo. Eu não tinha conhecimento nenhum sobre nada daquilo, meu arcabouço de conhecimento se restringia a filmes de piratas assistidos na infância, ponto.

Olhei para fora do navio e vi mar para todo lado e percebi também que o navio/barco/embarcação navegava rápido pelas águas agitadas, mas não turbulentas.

— Ai está você! Como se sente?

Uma voz simpática soou atrás de mim e logo me virei para ver um homem que aparentava ter uns cinquenta anos vir em minha direção com um sorriso de bem-vindo bem estranho diante das circunstâncias. Ele tinha cabelos curtos, loiros, cacheados e um rosto queimado pelo sol, contudo ainda bem claro e limpo. Vestia uma camisa, calça justas e botas bemmmm estilo pirata mesmo, mas todo o resto não combinava muito com o que eu tinha visto em filmes, mas do que eu sabia? Aquele era o mundo real, não minha imaginação...

— Péssima, mas viva.

Respondi tentando soar leve igual, ele assentiu como se respondesse uma questão interna e por fim veio até mim, dando um tapinha no meu ombro:

— Foi por pouco, mocinha, bem por pouco. Te encontramos naufragada em um resto de tábuas flutuando ao norte daqui, cercada por crocodilos.

Congelei, não! Então era verdade... Senhor!

Minha memória saltou para meus últimos segundos lúcida onde eu vi algo vir em minha direção e logo eu era puxada para baixo e perdia a consciência... Como fui parar naquele cenário que o homem dizia?

— Eu não me lembro bem do que houve...

Suspirei e ele assentiu:

— Tudo bem, tudo bem, o importante é que está viva, não é mesmo!?

Sorri sem graça embora eu concordasse com ele, de fato, se eu estava viva, para o resto eu dava jeito.

— Stede! Você não vem para... Ah, a sereia afogada acordou. - Um homem surgiu em meu campo de visão vindo do que parecia ser uma cabine e que me fez quase arquear as sobrancelhas: ele era mais alto, tinha cabelo longo e barba média, grisalha, até que charmosa. Vestia uma derivação da roupa do tal Stede, porém tinha mais couro. Ele me olhou e depois para o outro antes de vir até nós dois, quase ao lado da balaustrada lateral do navio e por fim me encarar de modo mais afiado – Esse brasão na sua camisa é Khihat, quem é você e porque foi deixada para morrer no Mar dos Crocs? Porque ninguém navega ali, ou seja, se estava lá, era para ser morta.

A bruxa dos reisOnde histórias criam vida. Descubra agora