Três

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    Eu entrei dentro da tenda principal armada ao pé de uma das montanhas que cercavam o palácio de Amatriz e que tinha uma visão bem privilegiada diga se de passagem e fui engalfinhada pelos braços de Lorde Niel e foi só aí que ele sentiu o volume no meu ventre.

— Morena...?

— É, pois é.

Respondi um pouco divertida enquanto ele me soltava e Sua Alteza vinha para mim me olhando de forma séria, analítica e tensa:

— Achamos que podia ter acontecido o pior ainda que Lay tenha dito que você estava viva e bem.

— Inteira, tudo certinho - Eu respondi e logo ia até ele e dava um soquinho no braço dele – De verdade.

— Bom – Nos encaramos por longos segundos e só então ele me abraçou com cuidado – Me explique tudo o que houve, desde o começo.

E eu contei tudo, absolutamente tudo, com os detalhes e com as minhas próprias preocupações também exceto os últimos momentos entre Will, eu e o rei.

Eu estava feliz que eles estavam juntos ali, o que meio que fazia o mais sentido e tudo isso, afinal o rei não deixaria seus maridos para trás naquela empreitada. Eu podia dizer agora que o conhecia razoavelmente bem.

Então eles me explicaram sobre o plano de conquista mundial que vinham realizando desde que eu fui raptada. Havia duas frentes, a deles, e a de Mujin com os Jiar trabalhando no plano e me procurando paralelamente. Eles tinham varrido o Continente de muitas formas, mas não deu em nada porque óbvio, eu estava em mar a maioria desse tempo e no mar as coisas complicavam. Para o mundo, a rainha estava no palácio coberta pelo Apsara.

Para o mundo meu sumiço não foi revelado.

— Foi a melhor decisão.

Concordei e foi então que Lay interveio pela primeira vez naquela conversa já que desde que cheguei ele ficou de canto, em silêncio, assistindo nossa interação.

— Precisamos falar agora sobre a pirata que trouxe nossa esposa de volta.

Eu olhei para ele e suspirei relembrando a conversa que tivemos na caverna a sete horas dali:

"Uma esposa, eu quero sua esposa, majestade, pelas leis dos ancestrais aos quais se casou diante de todo o seu povo, um salvador de um herdeiro tem direito a um dos consortes do rei, a sua preferência, desde que não seja a preferida e nós dois sabemos que da fruta que eu gosto, você só belisca, não é mesmo, majestade? Então eu quero sua esposa, me dê essa mulher e considero a dívida paga"

E o rei indo até ela e colocando a espada pessoal no pescoço da Will de madeira tão rápida e ágil que eu não consegui fazer nada a não ser correr para ele e tentar puxá-lo para longe.

Ambos me ignoraram, claro.

"Morena é minha mulher, estamos atados pelos laços tríplices, não há retorno, não há desconexão. Não vou deixar que ela viva com você desse modo perigoso, errante e irresponsável!"

Will sorriu de canto pouco afetada por ter uma espada rente ao pescoço. Aquela mulher... Era incrível! E louca também!

"Morena é minha mulher também, ela me ama, me quer, confia em mim e você sabe muito bem que o coração de uma bruxa não pode ser forçado então imposição é apenas tolice"

"Sua...!"

Eu apenas agi, quando senti que ele iria forçar a espada na pele dela em pura fúria, eu agi. Na realidade eu reagi porque não fazia ideia do que eu faria em seguir, foi tudo impulsivo, instantâneo, emocional.

A bruxa dos reisOnde histórias criam vida. Descubra agora