O rei de todo o mundo

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Quando chegamos de novo ao salão central do palácio eu olhei ao redor repensando em como aquele lugar era imenso e ostensivo. Lorde Niel estaria muito incomodado? Ele era líder de um grupo de guerreiros, ele vivia livre na cidade de Ninguém... Aquilo aos meus olhos parecia muito com uma gaiola de ouro... E sua alteza? Ok que ali tinha mais sol e não era gelado, a saúde dele devia mesmo estar ótima, mas e o humor?

Simplesmente eu sentia que tinha que ajudá-los, que aquilo tudo estava muito errado!

— Jiar, onde está o rei?

Perguntei para ele pensando ao mesmo tempo que ali também seria a minha prisão, já que tinha acabado de dispensar minha rota de fuga para casa.

— Após o almoço ele sempre está no salão oval atendendo os Khihatêses.

Jiar tinha muitos defeitos, mas rodear não era um deles e parecia mesmo que ele estava cumprindo a coisa que Apsara falou de "Tudo que a princesa quiser". Ele de fato me respondia as coisas agora.

— Me leve até ele, pode ser?

Ele e Mujin me encararam ao mesmo tempo como se eu tivesse dito a coisa mais estranha do mundo e eu suspirei. Mas que coisa? Qual era o problema agora?

— Algum problema?

Perguntei aos dois e foi Mujin quem me respondeu dessa vez:

— Amanhã de manhã será o casamento, não é de boa sorte os noivos se encontrarem antes da hora.

Arquei as sobrancelhas e de repente me dei conta de que realmente... Só Mujin e Jiar estiveram comigo, nem mesmo sua alteza ou Lorde Niel eu vi desde que acordei. Se eu não fosse beber será que teria os visto mesmo assim?

— Espera, Lorde Niel e sua Alteza também estão isolados?

— Isolados não é a palavra correta e sim passando à véspera cuidando de si mesmos... Como pode não saber disso, Morena? É uma das únicas tradições que todos os reinos seguem de forma igual.

Mujin parecia realmente espantado.

— Sua majestade não pode dedicar tal tempo total a tradição devida as demandas do reino, mas ele pretende dispensar essa noite até a hora do casamento para si mesmo. Por isso estamos adiantando todas as atividades dos próximos três dias para que possam ter uma Balayi correta. Lá no salão central ao público tudo está sendo organizado como manda a tradição.

Jiar disse de forma séria.

Então... Eu entendi.

Balayi era como uma lua de mel tradicional naquele mundo, minha avó me fez estudar aquilo também, claro. Estava lá no meio de todos os infinitos ensinamentos: Os três dias seguintes ao casamento devia pertencer apenas aos noivos, nada nem ninguém deveria interromper, atrapalhar, incomodar. Para isso era selecionado sempre uma parte da residência para a Balayi e se não fosse possível, os noivos deveriam se retirar para um local isolado. A coisa toda girava em três dias apenas os dois, ou no caso os quatro.

Bati na testa e suspirei. Que ótimo, ainda tinha mais essa...

Porém...

Eu tinha que falar com o rei e não era assunto para depois do casamento, se aquilo poderia mesmo ser considerado um.

Não! Eu tinha que falar com ele hoje!

Me voltei para Jiar e disse com o tom mais decidido que eu tinha:

— Infelizmente vou ter que ir de contra as tradições porque eu realmente preciso mesmo falar com rei e não pode esperar até amanhã, então dê um jeito, Jiar!

A bruxa dos reisOnde histórias criam vida. Descubra agora