Ava Gilbert é uma mulher de personalidade e até certo ponto, isso pode ser bom. Depois de tanto enfrentar seus pais querendo comandar sua vida e evitar ser um molde da comunidade rica e tradicional a qual ela tinha crescido, Ava não consegue escapa...
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— Esse vestido está muito apertado, Susan. - eu digo. - Sério, parece que seu peito vai vazar a qualquer momento.
— E parece que ele vai engolir minhas tripas! Vou trocar.
— Você precisa se planejar antes de sair, sempre que vamos fazer algo do gênero você atrasa.
— Não é minha culpa, só consigo pensar sobre pressão! E você é sempre tão rápida que parece que eu sou muito lenta. - minha melhor amiga da mais uma desculpa ao seu atraso. - Afinal, é só o aniversário da Tiffany, eu poderia ir com qualquer roupa, mas vou cantar.
Canso de falar quando ela vai pra dentro do closet escolher outra roupa. Tiffany era uma amiga do ensino médio, sempre faz ótimas festas. Eu estava vestida como a maioria dos dias de inverno: calça larga e um blusão não tão exagerado. E estava linda.
Susan voltou com uma calça cargo e uma blusa colada manga longa. Agora sim estava perfeito.
— O que achou? Esqueceu que não consigo decifrar teu rosto? - ela diz rindo.
— Você como minha amiga já deveria ter entendido minhas micro expressões. - eu falo. - Mas sim, a melhor até agora. Vamos! A cantora da festa não pode se atrasar assim.
Descemos a escada e saímos pela porta da frente. Meu pai evitava brigar comigo quando Susan estava aqui, por isso sempre a trazia antes de sair. Mas eu sabia como ele estava se matando por dentro pra mandar eu ficar em casa, como ele fazia com minha mãe.
Ele talvez seja a pessoa que mais me deixou traumas. Sempre querendo manter uma tradição que não faz sentido, não pra mim e nem pra minha familia.
A empresa da familia é da área farmacêutica, não exatamente produzindo os remédios, mas sim as embalagens. É um processo complicado, já estava no meu último período de administração, pensando em ocupar alguma área da empresa enquanto não consigo me livrar desse peso.
Enfim, chegamos na festa.
Meus amigos do ensino médio estavam todos lá. Os aniversários de Tiffany sempre eram bons por isso, a única época do ano que todos conseguiam se reunir.
Susan cantou algumas músicas, com a voz linda e com a energia de gostosa que ela tem. Ela amava cantar e fazia isso de vez em quando. (1)
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Já era domingo. Pela manhã já havia discutido com meu pai. Ele exigiu minha chegada às 17h, para que as 18h eu estivesse pronta pro jantar com os Hamilton.
Mas não estava com pressa. O treino de handball acabava às 17h20, e eu não sairia mais cedo no meu último ano como capitã do time pra agradar a família, havia cansado disso.
Susan também estava aqui, como sempre, e quando deu 17h, implorou pra que eu fosse embora logo. Ela conhecia meu pai pelas minhas histórias e pelas micro agressões que ele fazia com a minha mãe em público. Estava com medo por mim. Acontece que eu já não tinha mais medo.
