Depois do fora que levei, não demorou muito pra irmos embora. Henry me relembrou do convite para casa dele depois do jogo de quinta, caso ganhássemos.
Estava ansioso para o jogo, na terça-feira que antecedeu o evento treinamos o dia inteiro e até faltei minha aula de Farmacologia de Plantas, o que era uma comprovação da importância de vencermos pois eu não faltava minhas aulas por nada.
Chegar às semifinais seria uma nova chance aos Saints. Desde 2007 não tínhamos uma campanha fora do normal, que alcançasse tão longe.
E esse jogo mexia com a nossa honra, seria contra os Eagers, nosso rival histórico. Também fazia um tempo que não nos enfrentávamos e esse peso era grande.
Ao longo dos anos, os Eagers e os Saints foram responsáveis pelos jogos de eliminatórias mais disputados do país. Era quase que predestinado que veríamos esses dois times se enfrentando pra conseguir uma vaga em uma competição. E o último confronto não terminou bem pro nosso lado, perdemos de virada, foi vexatório.
Novamente em busca de uma vaga, no meu último ano, não podia falhar. Talvez aquele fosse meu último campeonato da vida, eu queria me despedir com o troféu na minha mão.
— O que você tanto pensa, Jude? - meu pai pergunta apoiado no batente da porta.
— Em nada, pai. Vou para o aeroporto às 14h, nosso voo é das 16h. - eu disse.
— Ainda está chateado comigo?
— Não só com você, estou chateado com a comunidade por ter mantido essa tradição absurda. Você só decidiu que era uma boa ideia pra mim porque precisa continuar seus bons negócios na empresa. - eu falei. - E eu entendo, eu juro que entendo os benefícios pra família. Mas é revoltante e repugnante ver que isso é mais importante que minha felicidade.
— Sua felicidade é minha prioridade, Jude. Não fale besteira. Acontece que preciso continuar nos dando um bom futuro. Já estamos de acordo. - ele argumenta.
— Dinheiro não é tudo, pai. Lianna deveria ser a maior prova disso. - eu disse passando pela porta com minha mala já fechada. - Até sexta.
Fui andando até a primeira casa do condomínio onde encontraria Henry. Ele já me esperava com o motorista que falou que conseguiria para nos levar até o aeroporto.
— Porra cara, achei que não iria mais. - Henry disse
— Você me disse pra te encontrar às 14h aqui. - eu disse olhando o relógio que marcava exatamente o horário combinado.
— Achei que você chegaria uns minutos antes. Vamos logo, o motorista já está pronto. - ele diz entrando no carro.
— Pelo o que parece, alguém está ansioso. - eu disse quando entrei. - Sentindo a pressão, Gilbert?
— Que pressão, o que. Sai pra lá. - ele joga as mãos como se estivesse afastando algo. - Seremos campeões.
— Precisamos ser, nosso último ano. - eu passo as mãos no rosto ao lembrar disso. - Afinal, você vai realmente finalizar agora? Já ficou um período inteiro enrolando.
— Não tem mais como enrolar, vou me formar. E você? O que vai fazer com seus insetos e plantinhas?
— Pós. Até conseguir um emprego.
— Sabe que meu pai conhece milhares de empresas que fabricam remédios naturais, não sabe?
— Sei. E até fiz uma sugestão pra sua irmã de beneficiarmos com essa história de casamento, mas ela deixou bem claro que não íamos casar.
— E você quer casar?
— Não, mas eu sei que não vou escapar do meu pai nesse sentido. Se fosse com ela, pelo menos conseguiria um emprego na área que eu gosto e ela uma vaga na empresa do meu pai. - eu falo. - Mas já foi. Inclusive, como ela está?
— Cada dia mais rebelde. Está indo amanhã pra nos ver jogar e meu pai foi bem claro que ela ficaria encrencada se fosse.
— E o que isso quer dizer? Qual o castigo?
— Diversos. Mas Ava nem liga mais, ela odeia nosso pai. - ele responde. - Ela faz o que tem vontade desde que teve acesso a conta bancária que meu pai fez pra ela quando era pequena.
— Então acredito que posso desistir de conseguir uma aliada nessa história, né?
— Acho que sim. Mas seria melhor você do que o Perseu. Neto da Margareth.
— Ele também foi apresentado? - pergunto curioso.
— Foi e ficou apaixonado. Mas ele é estranho, muito estranho.
Eu ri e mudei de assunto até chegar no aeroporto.
Quando os avistei, percebi que a tradição iria começar. Estávamos a menos de uma hora do embarque e eles já pintavam suas caras.
Eu e Henry nos apressamos em meio a multidão de pessoas pra poder iniciar o momento.
Parece bobo, eu sei. Mas quando nossos antigos jogadores pintavam a cara pra jogar contra o Eagers, o resultado era positivo. Da última vez, além de não termos a cara pintada, ainda chegamos atrasados por conta do voo. Dessa vez não iríamos brincar com as superstições e fazer exatamente como nos velhos tempos.
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"Maldita chuva", foi a primeira coisa que ouvi quando abri os olhos para descer do ônibus que tínhamos pegado do aeroporto até o hotel. Realmente, chovia parte sul da cidade de Londres.
Havia algum tempo que eu não visitava a capital do país. Era a primeira vez que pisava ali pra competir algo.
— Vamos, Hamilton. Descendo. - o treinador disse. - Todos pro check in para pegar a chave dos quartos.
— Individuais ou conjuntos? - um cara do time perguntou.
— Individual. - ele responde. - Proibido namoradas até o pós jogo. Depois da vitória, façam o que quiser. Estarei monitorando.
Nós rimos e fomos formar a fila pra fazer o que ele mandou.
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uma chance | jude bellingham
Teen FictionAva Gilbert é uma mulher de personalidade e até certo ponto, isso pode ser bom. Depois de tanto enfrentar seus pais querendo comandar sua vida e evitar ser um molde da comunidade rica e tradicional a qual ela tinha crescido, Ava não consegue escapa...