— Por Deus, será que tenha UM dia que você consiga me obedecer? - meu pai gritava enquanto tentava segurar minha mala.
— Eu te obedeço quando vejo que tem sentido. - eu digo. - Solta minha mala, eu preciso pegar o voo.
— Você... - ele procura palavras. - Não sei o que você quer que eu faça com você.
— Tente o que quiser, não me surpreendo com nada que você faça e com nenhuma palavra que fale pra mim.
— Pai, deixe ela ir. Ela gastou o dinheiro dela pra isso, quando estiver de volta, podemos conversar. - Phil tenta mediar a situação.
— Phillip, sua irmã não tem jeito. - ele diz.
— Papai, por favor, vamos nos atrasar para o compromisso da empresa. - ele diz. - Deixe Ava em paz, ela sabe se cuidar.
Meu pai me dá um olhar mortal. Eu sabia que ele desistiria, nunca perderia algo da empresa por conta da família. O jeito que ele solta a mala deixa isso bem evidente. Quando da as costas, começa a subir as escadas, provavelmente indo pegar suas coisas.
— Ava, você vai acabar sendo expulsa de casa. Eu não estou brincando. - Phil diz.
— Se é isso que ele quer, eu vou de cabeça erguida. Cansei de abaixar a cabeça. - eu digo me ajeitando. - Eles acham que isso é birra minha? Ótimo! Mas vocês, Henry e você, vocês dois, sabem como é difícil crescer com ele. E eu dei o azar de ser a mais nova e a mulher.
— Eu não consigo proteger vocês a vida toda, vocês sabem disso. Eu tenho passado toda a minha vida tentando fazer meu pai mudar, pelo menos tentando afastar as brigas. Eu também estou cansado, vai ter hora que não vou poder interferir mais. - ele diz.
— Phil, você não precisa fazer isso por mim. Você sabe disso, você sabe que eu te amo e que devo uma vida a você. - eu digo. - Você tá acorrentado nele e não precisa disso, eu não quero que você se perca dentro da confusão e do ódio dele.
— E se eu sair da frente, o que acontece com vocês? - ele pergunta. - Eu nunca me perdoaria se ele fizesse algo com vocês.
— A gente continua essa conversa depois. - eu disse quando ouvi os passos deles. - Eu te amo, irmão.
— Eu te amo mais. - ele diz. - Vai logo.
Sair pela porta dos fundos desesperada era mais comum do que deveria. Correr com minha malinha preta pra encontrar Susan do lado de fora da comunidade também era uma cena comum.
Minha melhor amiga acenava sorridente ao lado do carro do pai, Jeffrey. E com as malas abertas indicando a pressa que tínhamos pra partir.
— Desculpa a demora, eu briguei com... - Susan me interrompe.
— Com seu pai. Ok, já sabemos dessa história, entra no carro. Londres está esperando a gente e os meninos jogam em 5 horas. - ela diz.
— Bom dia, senhor Jeffrey! - eu digo e inicio uma conversa com o pai da minha amiga.
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uma chance | jude bellingham
Teen FictionAva Gilbert é uma mulher de personalidade e até certo ponto, isso pode ser bom. Depois de tanto enfrentar seus pais querendo comandar sua vida e evitar ser um molde da comunidade rica e tradicional a qual ela tinha crescido, Ava não consegue escapa...